NÃO FOI CULPA MINHA

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Chamo-me Carla, tenho agora 18 anos. O que vou aqui relatar aconteceu quando eu estava com 16 anos de idade. Era nova, mas sempre tive um corpo bem desenvolvido para a minha idade, apesar disso e ao contrário do que as pessoas dizem ou diziam eu nunca me interessei muito rapazes, claro que namorava, sim, mas eu preferia passar a maior parte do tempo em casa, a ler, eu gosto muito ler, ou a ver algum tipo de filmes, e outras vezes em casa de amigas, saia para festas uma vez a outra, nada muito frequente.
Não sou tímida, nunca fui tímida e sempre me dei bem com quase todo mundo mas sempre tive poucas amigas. Acho que esse pormenor deu as pessoas uma ideia errada sobre mim, chamavam-me nomes feios e algumas chegaram a dizer mesmo que eu namorava com senhores mais velhos e etc. Nunca liguei para esse tipo de coisas, sempre procurei ignorar e não levar a peito pois, a minha realidade, eu é que vivia e por mais que tentasse explicar as pessoas levam por verdade aquilo que lhes convém .

Bom, uma das minhas amigas, convidou-me para uma festa, que aconteceria no projecto nova vida, em casa de um amigo dela, hesitei um pouco, pois eu não conhecia muita gente por lá, e eu sabia que mais cedo ou mais tarde acabaria por ficar isolada, mas ela insistiu, prometeu não abandonar-me e que nos iríamos divertir bastante. Cedi ao pedido dela, resolvi ir, afinal a pior coisa que podia acontecer é ter de controlar a minha amiga por ter bebido demais haha.
A festa estava marcada para sexta feira, ela foi até a minha casa e preparamo-nos lá mesmo, coloquei um vestido preto, acima do joelho e justo, um sapato meio alto e prendi o cabelo num rabo de cavalo arranjado.

Chegamos a festa e gostei do clima, não estava tão cheio quanto eu imaginei, e haviam pessoas muito simpáticas, a única coisa que me incomodou foi a presença de um rapaz, Hugo, que já a algum assediava-me, as minhas amigas diziam sempre para ignorar pois ele era somente infantil, e jamais faria nada do que prometia, ainda assim estar no mesmo recinto que ele causou-me calafrios. Ele tinha um olhar muito obscuro e um sorriso quase maléfico, não entendia como é que as raparigas gostavam tanto dele.

Já era quase hora de voltar para casa, e realmente nos tínhamos divertido bastante, antes de sair eu precisava de ir ao wc . A saída de lá cruzo-me com ele, aquele que era o causador do meus calafrios, parei de andar, pois por alguma razão as minhas pernas pararam de obedecer. Respirei fundo, e coloquei-me em movimento.
Ele colocou-se à minha frente, pedi que ele saísse e sem dizer nada apenas abanou a cabeça.
Tentei esquivar e ele colocou-se mais uma vez no caminho.
Agarrou-me pelos braços, e empurrou-me contra a parede. E tentou beijar-me
Pedi que ele parasse, que me soltasse e me deixasse ir, mas recusou-se, e disse olhando para os meus seios que sabia que eu também queria.
Eu não podia acreditar que aquilo estava a acontecer, nós nunca pensamos que uma coisa dessas poderá acontecer a um de nós até que aconteça.
Empurrou-me para a casa de banho, fechou a porta a chave e olhou para mim. Comecei a tremer, pois sabia quais eram as intenções de Hugo, o meu primeiro instinto foi gritar, gritei muito e alto, ele veio até mim e tapou a minha boca.
Enquanto ele tentava calar-me distraiu-me e aproveitei para lança-lo um golpe com o joelho, na virilha, e enquanto ele reclamavada dor, fui até a porta e sai.
Nem notei que estava a chorar quando até que vi a minha amiga. Expliquei a ela o que aconteceu, e pedi que saíssemos imediatamente dai.

Hugo não ficou feliz, e espalhou para todo mundo que eu e ele nos tínhamos envolvido sexualmente, quando na verdade ele tentou estuprar-me. Alguns acreditaram nele, e outros não. Mas como sempre, os meus amigos não precisam de justificações e o resto por mais que eu me explique não irão acreditar. Chegaram a dizer até, que a culpa é minha por ter colocado aquele tipo de roupas tendo o corpo que tenho, como sempre a culpa é da vítima e não do sádico e criminoso que tentou acabar com a minha vida.
NÃO, A CULPA NÃO É, NÃO FOI MINHA.

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