Capítulo 2

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Na manhã seguinte, despertou muito cedo. Não tinha um motivo, contudo, seu sono o deixara e por mais que tentasse parecia não querer voltar. Desistiu de tentar adormecer novamente e levantou. Tomou um banho, e resolveu descer logo. Seus amigos não pareciam que iriam acordar cedo numa manhã de sábado. Desceu para a sala comunal, e um sorriso esboçou-se em seus lábios ao encontrar Hermione ali. Pelo visto, ele não fora o único que "caíra" da cama.

- Bom dia, Mione! – disse aproximando-se. Notou que ela corou violentamente.

- Ah, Harry... Bom dia – por alguma razão que desconhecia, a amiga não o encarava.

- Caiu da cama, foi? – perguntou sentando-se ao lado dela.

- Não. Na verdade, eu não consegui dormir muito bem essa noite – confessou, ainda ruborizada.

- Aconteceu alguma coisa? – Hermione pareceu reunir toda sua coragem e o encarar.

- Não... Eu só... – ela tirou algo do bolso, e ele reconheceu na mesma hora.

- Mione... Eu posso explicar...

- Está tudo bem, Harry – ela deu um sorriso, deixando-o mais tranquilo.

- Que bom que não está brava...

- Não poderia ficar brava com você – Hermione disse – Afinal ninguém manda no coração...

- Realme... O quê? – perguntou confuso.

- Eu... Eu... Eu fico muito feliz que tenha me convidado para o baile – os olhos dele arregalaram-se. Hermione havia entendido tudo errado – Eu... Não posso dizer que gosto de você como disse que gosta de mim, mas... Talvez, um dia...

- Mione... – Harry então a olhou bem nos olhos. Só agora notou duas olheiras nos olhos da amiga. Será que ela não havia dormido por causa da carta? Será que estava pensando que ele gostava dela? Não poderia desfazer o mal-entendido, não poderia confessar que não queria convidá-la para o baile. Não poderia machucá-la daquele jeito.

- O que foi? – perguntou com um sorriso tímido.

- Nada – ele tocou o rosto dela – Eu só queria dizer que fiquei feliz por sua reação ter sido tão tranquila.

- Odiaria te magoar, Harry – confessou, fazendo-o sentir-se ainda pior – Você é um garoto maravilhoso... Não seria difícil gostar de você... Você me permite tentar?

- Claro, Mione – ele disse, sentindo-se o pior dos homens. Contudo, não poderia contar a verdade, não naquele momento... – Você... Você gostaria de dar uma volta pelos jardins?

- Sim, adoraria – ela respondeu com um sorriso envergonhado. Levantaram do sofá, e sem saber exatamente como deveria agir, Harry resolveu entrelaçar sua mão à dela.

Percebeu que Hermione corou, mas aceitou aquele novo contato. Deixaram a sala comunal da Grifinória e seguiram para a entrada do castelo. Harry a olhava pelo canto do olho; a coisa mais certa seria contar a verdade a ela. Todavia, não tinha coragem suficiente para tal. "Como eu vou sair dessa?", perguntou-se mentalmente. "Ah... Eu vou matar o Rony! É tudo culpa dele!".

Ainda era cedo, e a intensidade da luz solar não era muita. Além disso, algumas nuvens escuras começavam a se formar, indicando que mais tarde choveria. Caminharam em silêncio, até a beira do lago. Na cabeça de Harry os pensamentos estavam a pleno vapores. Estava numa fria, pensava. E precisava arranjar um jeito de resolver aquele mal entendido sem magoar Hermione.

- O que foi? – a voz dela o tirou de seus devaneios.

- Nada – ela parou de andar, e ele acabou parando também.

- Você está escondendo algo de mim? – Hermione perguntou, e nesse momento Harry desviou o olhar – Agora eu tenho certeza.

- Não, Mione... Não é nada – Harry falou tentando ser convincente. "Droga! Por que é tão difícil dizer: Hermione é tudo um mal entendido! Eu não gosto de você... Não desse jeito!", disse mentalmente. No fundo, ele sabia por que era tão complicado contar a verdade. A última coisa que desejava era machucá-la.

- Harry...

- Shh – ele a calou, encostando os dedos nos lábios dela. Sabia que estava nervosa, podia ver nos olhos de Hermione. Deu um pequeno sorriso – É que... A verdade é que... Eu queria... Eu queria...

- Você queria... Me beijar? – perguntou ficando completamente ruborizada. Harry jamais imaginou que um dia estaria numa situação daquelas com sua melhor amiga.

- S-sim – ele a olhou bem nos olhos; sentiu um frio na barriga.

Também estava nervoso. "Claro! Você acaba de dizer que quer beijar Hermione Granger! Talvez esteja esquecido, mas ELA É SUA MELHOR AMIGA!", sentiu vontade de esmurrar aquela voz irritante em sua mente. Sua mão ainda estava esquecida no rosto dela. "Já que começou... Tem que ir até o fim, não é Potter?". Sabia o que precisava fazer... Aos poucos, começou a se aproximar mais da face dela. A viu fechar os olhos, segundos antes de fechar os seus.

O primeiro contato foi estranho. Talvez porque sua mente tagarela não parava de lembrar que estava beijando Hermione Granger. Não sabia se já era suficiente, ou se deveria aprofundar o beijo. Sentiu, então, as mãos de Hermione tocarem sua nuca, e começar um tipo de carícia naquela região. Involuntariamente, suas mãos repousaram na cintura dela, e a trouxe para mais perto de si. Sua língua contornou os lábios dela, o que fez Hermione entreabrir a boca. O beijo tornou-se intenso.

Quando pararam; permaneceram na mesma posição. Contudo, pareciam não ter coragem suficiente de se encararem naquele momento. Haviam se beijado, ambos pensavam. E o que mais deixava Harry assustado era o fato de ter gostado disso. "Não... Você não gostou do beijo... Você apenas está... Psicologicamente abalado por estar mentindo pra Hermione, só isso! Nada, além disso!", tentava se convencer enquanto encarava o chão.

- Vem... Vamos sentar ali – foi surpreendido pela voz de Hermione. A mão dela entrelaçou a sua, e seguiram juntos até uma grande árvore. Estava gostando de andar de mãos dadas.

- Mione... – ela o olhou. Já estavam sentados, bem próximos embaixo da árvore.

- Hum?

- Você... Você gostou? – perguntou. Hermione sorriu.

- Jamais imaginei que beijaria você, Harry – ela confessou – Da mesma forma que jamais imaginei que seria tão bom!

- Verdade? – Harry sorriu entusiasmado. "Ela gostou do beijo! Talvez até queira mais! Está louco? Você não pode ficar por aí beijando a Hermione!", disse mentalmente. Algo definitivamente estava errado.

- Sim – Hermione tocou o rosto dele, enquanto sorria. Harry a olhou bem nos olhos, e a beijou novamente. Claro, que mais uma vez era apenas... Para complementar a situação em que se metera.

Acabou passando a manhã toda com Hermione. Todavia, era uma nova Hermione, ou pelo menos uma que ele não conhecia. Aquela não ficava o tempo todo falando de livros ou provas que estavam por vir; aquela sorria todo o momento, ruborizava-se com um simples toque de mãos. Harry estava acostumado com a Hermione mandona e estudiosa, e percebeu que nunca haviam ficado daquela maneira, tão a vontade...

Algumas vezes, pegava-se a admirando, o que a deixava vermelha. Sorria. Poderia ficar ali o tempo todo, sempre gostara da companhia de Hermione, e agora parecia sentir-se mais a vontade. Deitou sobre a perna dela, e a garota começou a passar a mão pelos cabelos dele.

- Você está diferente – ele falou.

- Diferente como?

- Eu não sei... Apenas sinto que está diferente – Hermione sorriu.

- Talvez esteja sentindo falta dos grossos livros em minhas mãos ou minha preocupação excessiva com algum exame – ela brincou.

- É... Deve ser – com uma das mãos, ele acariciou a face dela. Foi então, que sentiu um pingo em sua face. Em seguida, vários pingos começaram a cair... Harry levantou rápido e ajudou Hermione que começara a sorrir. Estavam distantes do castelo e a chuva engrossou.

- Precisamos sair daqui – ela falou sentindo a água encharcar suas roupas.

- Vamos correr até o castelo – ela acenou com a cabeça. Harry segurou a mão dela e começou a correr. Já estavam completamente ensopados, quando ele parou de repente.

- O que foi? – perguntou Hermione sem entender.

- Eu... Sempre quis beijar alguém na chuva – confidenciou, fazendo-a sorrir.

- Então... Vou realizar seu desejo – Hermione aproximou os lábios dos dele e o beijou – Pronto!

- Acho que não foi o suficiente – Harry a beijou novamente. Já não se importava mais com a sua consciência que teimava em lembrar-lhe que aquela era sua melhor amiga.

- Ficaremos resfriados se continuarmos aqui – ela sussurrou.

- Eu cuido de você – a chuva estava ainda mais forte. Hermione sorriu ao ouvir aquilo, e o beijou novamente. Acabaram ficando mais alguns minutos na chuva, até finalmente voltarem para o castelo.

Caminhavam em silêncio até a torre da Grifinória. Harry olhava Hermione discretamente, e percebia um sorriso tímido nos lábios dela. Amaldiçoou-se mentalmente por ter deixado que as coisas tivessem chegado aquele ponto. "Eu beijei Hermione! Beijei Hermione!", dizia mentalmente. Contudo, por mais que parecesse errado, afinal não estava sendo sincero com a amiga, não poderia mentir para si mesmo e dizer que não gostara dos beijos.

- Harry? – ela o chamou. Estavam em frente ao retrato da mulher gorda.

- Hum?

- Eu... Ainda estou bastante confusa, mas eu gostaria de dizer que adorei passar a manhã com você – Hermione confessou, corando levemente. Harry sorriu.

- Eu também, Mione – delicadamente, levantou levemente o queixo dela, e depositou um beijo em seus lábios – Agora é melhor que troquemos de roupa, ou ficaremos resfriados.

- Tem razão – entraram na sala comunal, e pararam perto da entrada que levava os dormitórios – Almoçaremos juntos?

- Claro. Eu te convidaria para passear hoje à tarde, mas tenho uma tonelada de deveres acumulados.

- Bom... Estou com minhas lições em dias, mas posso ficar com você na biblioteca enquanto faz as tarefas. Posso ficar lendo algum livro, e assim caso tenha alguma dúvida, é só perguntar.

- Seria mais fácil se me emprestasse suas anotações e... – falou envolvendo-a pela cintura.

- Nem pensar, senhor Potter. Não é porque estamos juntos, que vou permitir que não estude – ele fez uma cara triste.

- Está bem... Mas vai ter que tirar todas as dúvidas que eu tiver! – ela apenas sorriu, antes de beijá-lo. Harry parecia surpreso pela iniciativa dela, mas preferiu não pensar muito nisso e apenas correspondeu ao beijo.

- Te vejo em alguns minutos – Hermione falou ao se separar dele.

Harry ficou parado olhando-a seguir para o dormitório feminino. Não conseguia pensar direito. Ao mesmo tempo em que desejava contar a verdade de uma vez para Hermione, outra parte de si queria o contrário. Era um lado completamente desconhecido, mas que parecia mais forte, jamais havia imaginado beijar ou tocar Hermione daquela forma, mas agora era incrivelmente estranho pensar em tê-la apenas como amiga.

- Harry? – uma voz perto dele o tirou de seus pensamentos.

- Olá, Gina – o coração de Harry bateu mais forte, mas não tão acelerado como costumava ficar quando encontrava a ruiva. Sentiu-se ainda mais confuso. Não poderia gostar de duas garotas ao mesmo tempo.

- Nossa... Você está ensopado! É melhor se trocar antes que pegue um resfriado.

- Sim... Estou indo me trocar agora mesmo – ela sorriu.

- Se ver o Dino, poderia dizer que queria falar com ele? – Gina pediu.

- Claro – Harry concordou – Até mais!

Ela apenas sorriu. O moreno subiu para seu dormitório, sem conseguir parar de pensar no que estava acontecendo e em como sairia daquela confusão. Não poderia levar aquilo adiante, precisava contar a verdade a Hermione.

- Foi apenas um mal entendido... Ela vai entender e...

- Entender o quê? – Harry quase deu um pulo ao ver Rony perto de si. Sequer reparara que o amigo estava no dormitório.

- Que susto, Rony! – o moreno reclamou enquanto caminhava emburrado para perto de sua cama.

- Precisava ver a sua cara – Rony sorriu – Hum... E então... Vai me contar o que aconteceu e por que está todo molhado?

- Não foi nada! – Harry procurou roupas secas para se trocar.

- Como nada... Eu conheço você há anos, Harry, posso te ajudar!

- Não, você não pode. Alias, tudo isso é culpa sua – ele falou voltando-se furioso para o amigo.

- Minha? – Rony arregalou os olhos – Eu não fiz nada.

- Ah, fez sim... Foi você quem me obrigou a escrever aquela carta que acabou indo parar nas mãos da Mione.

- Ainda isso, Harry? Eu já falei para esquecer essa história, afinal...

- Não dá para esquecer, Rony, e sabe por quê? – o ruivo negou com um aceno de cabeça – Por que a Mione leu a carta!

- E daí? – Harry bufou de raiva, estava controlando-se para não amaldiçoar o amigo.

- E daí que ela entendeu que a carta era para ela...

- Como assim?

- Ela está achando que eu estou apaixonado por ela! – Harry disse, após trocar a camisa.

- O QUÊ? – ele então desatou a rir.

- Por que está rindo?

- Não dá para acreditar que a Mione acreditou mesmo que você está apaixonado por ela.

- E qual o problema? – Harry questionou sem entender.

- Ah... Qual é, cara! Estamos falando da Mione. Nossa amiga desde os 11 anos! CDF de Hogwarts... – o moreno continuava com cara de que não estava entendendo – Ah, Harry... Fale sério... Será que ela não sabe que isso é impossível?

- Não. Ela acredita que é verdade, e confessou que apesar de não sentir o mesmo por mim, não queria me magoar, e como eu sou um garoto legal, desejava ao menos tentar – ele contou.

- O quê? C-como assim? Tentar o quê?

- Tentar gostar de mim também.

- Mas é claro que você contou a verdade para ela, não foi? – Rony ergueu a sobrancelha, mas o outro não respondeu – Você não contou a verdade? Harry! A Mione vai te matar quando descobrir...

- Ela foi tão gentil, eu não consegui dizer: "Olha Mione, você entendeu errado, eu não gosto de você desse jeito".

- E por que não conseguiu?

- Eu não sei! Eu não sei, está bem! – ele suspirou enquanto sentava na cama – Quando percebi já havia convidado-a para um passeio nos jardins.

- Harry, Harry...

- Nós até...

- Vocês o quê? – Rony perguntou.

- Nos beijamos! Mais de uma vez!

- Cara... Você está encrencado – o ruivo falou, ainda chocado com a revelação – Se conhecemos bem a Mione, ela vai ficar irada quando descobrir que está mentindo para ela, tanto que até a beijou!

- Eu espero que ela me perdoe – ele falou.

- E... Como foi?

- O quê?

- Os beijos?

- Ah... – Harry corou violentamente – Foram muito bons, mas não vai acontecer novamente. Agora mesmo eu vou contar toda a verdade para a Mione.

- Boa sorte! – o ruivo disse.

- Eu vou precisar...

Continua...

Grande bju!! Pink_Potter : )

Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora