São Paulo, 9 de Maio de 2016. Segunda - Feira 22h30.

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Eu dirigia o caminho de volta pra casa, São Paulo não importava qual fosse o horário era uma cidade com um trânsito caótico. Sentia saudade de Londrina, lá era uma cidade grande, mas, muito mais tranquila que São Paulo.

Eu fechava os meus olhos e o meu cansaço físico e emocional começava a me pegar. Depois de uma tarde inteira junto ao Dudu compondo, eu sentia meu coração muito mais leve. Era como se a música fosse o combustível da minha vida.

Contei ao Dudu o que havia acontecido e ele como bom amigo soube me escutar e me ajudar através da música, eu tinha certeza que no meu próximo projeto meus fãs seriam capazes de entender o que eu estava passando.

Enquanto eu estava parado em um farol vermelho me distrai olhando para o ônibus ao meu lado e uma moça sentada a janela me chamou atenção.

A moça estava com fones de ouvido e seu rosto banhado em lágrimas. Sua expressão triste me chamou a atenção, além da sua beleza, é claro. 

Ela era branca com os cabelos castanhos e lindos olhos verdes, que mesmo estando vermelhos pelas lágrimas que insistiam em molhar seu rosto, não diminuíam em nada a sua beleza.

Fiquei parado no farol observando a garota chorar e só despertei dos meu devaneio quando ouvi o carro parado atrás buzinar sinalizando que o farol estava aberto. Ao acelerar percebi que ônibus da garota seguia pelo mesmo caminho que eu estava seguindo, sentia um aperto no peito ao olhar para o lado e ver a garota chorar. Eu queria perseguir aquele ônibus e questiona-la. Saber o que havia acontecido a ela, porque uma garota tão linda quanto ela estaria chorando.

Comecei a rir dos a meus pensamentos, provavelmente tudo que estava acontecendo na minha vida estava começando a afetar a minha mente.

Como eu poderia abordar uma garota completamente estranha na rua? Eu estava louco!

Quando parei novamente no farol, olhei pelo retrovisor e percebi que o ônibus ao qual a garota estava iria novamente parar ao meu lado, meu coração disparou e senti vontade de abaixar os vidros do carro, nem que fosse apenas para lhe dar um tchau.

Mas, para a minha surpresa quando olhei para a mesma janela, a garota não estava mais lá. No lugar em que a garota estava sentada, agora estava um homem.

Quando o farol abriu acelerei, em minha mente milhares de questões rodavam, será que eu estava ficando louco? Será que eu imaginei aquela garota?

Ela não poderia ter descido do ônibus sem que eu a visse pelo retrovisor, pois, observei cada parada do ônibus durante o pequeno percurso entre um farol e outro.

Cheguei em casa e vi minha família reunida na sala. Quando entrei jogando as chaves na mesinha todos me olharam.

- Boa noite família!

Eu disse já indo em direção ao espaço vago no sofá entre minha mãe e minha irmã e deitando minha cabeça no ombro de minha mãe, enquanto meu pai estava sentado na poltrona ao lado lendo algo em seu celular.

- Tudo bem meu filho? - Minha mãe fazia um cafuné tão gostoso que eu mal conseguia abrir a boca para responde-la.

- Tudo sim xumba. Só estou quebrado. Cê sabe que o Dudu quando tá inspirado é broca. Ele não dá folga.

Minha mãe riu e minha irmã também.

- Pi, o que aconteceu entre você e a Jade? Mamãe falou que vocês terminaram.

Respirei fundo. Sabia que em algum momento eu teria que responder aquela pergunta, não apenas para minha família, mas para os amigos, a imprensa e para os meus fãs.

- Não dava mais piroca, ela não guentou o tranco que é a minha vida. Como ela mesma disse, ela num dá conta da "bagagem" – fiz aspas com o meus dedos sinalizando a ironia da palavra – que vem comigo. Eu tentei conversar com ela, mas, ela estava irredutível.

Ouvi a respiração funda da mamusca e sentia os olhos do meu pai sobre mim.

- E como você está se sentindo Pi?

- Eu estou bem, usei a tristeza pra compor umas moda muito boa. Certeza que o próximo cd vai ser sucesso atrás do outro, já estou pensando no que fazer com as modas de hoje.

Senti minha mãe de remexer ao meu lado. Sinal claro que ela estava desconfortável com o meu jeito de fingir que tudo estava sempre bem. E antes que ela pudesse falar algo, ouvi a voz do meu pai.

- Filho, tudo bem se você não estiver bem. Pra nós você é apenas o Luan, nosso filho e irmão da Bruna. Se você quiser conversar, estamos sempre aqui pra você. Sei que você acha que precisa sempre guardar tudo e fazer o papel de forte, mas, com a gente não precisa. Ok?

Senti meus olhos marejarem, minha família com certeza era a mais incrível de todas. Apesar da loucura que era o meu sonho, eles nunca me deixaram desistir. Meu pai era o meu herói e eu sabia que precisava ficar em pé por eles. Eu precisava superar tudo isso por eles e pelos meus fãs.

- Está tudo bem pai! Eu sei que se eu precisar posso contar com vocês. Acho que só não caiu a ficha ainda. Mas, se eu precisar sei que posso contar com vocês e com meus fãs. Vocês são as pessoas que mais me amam no mundo. Mas, fica tranquilo que eu to bem. E como eu mesmo canto ninguém nunca morreu de amor e o primeiro eu sei que não vou ser.

Estampei um sorriso fraco, minha família me conhecia o suficiente para saber que o assunto havia morrido ali.

Peguei meu celular no bolso e entrei em minhas redes sociais. Observei as mensagens que meus fãs me mandavam. Era tanto amor que eu mal conseguia compreender como aquilo poderia ser real.

Poderia parecer clichê, mas, meus fãs – depois da minha família – eram as pessoas mais importantes da minha vida, eu sentia no fundo do meu peito que eu devia demais a eles. Então constantemente eu tentava retribuir de alguma maneira o carinho que eles direcionavam a mim

Entrei no twitter e postei "Oi minhas negas cheirosas, como vocês estão?" e três segundos depois eu já via minhas mentions explodindo de mensagens de amor.

No meio daquelas centenas de mensagens eu via uma mensagem escrita "Meu nego, porque a Jade deixou de te seguir? Vocês estão bem?", eu via claramente que era um fã clube dedicado a mim e a Jade como um casal.

Pedi licença aos meus pais e a minha irmã e subi para o meu quarto. Eu precisava ficar sozinho.

Eu sabia que mais cedo ou mais tarde eu teria que falar algo, porque meus fãs não mereciam saber algo assim de outras pessoas.

Decidi que falaria no dia seguinte com Arleyde, eu devia uma explicação aos meus fãs e não queria muito alarde quanto a isso na imprensa.

Respondi algumas fãs e todo o alvoroço que elas faziam quando eu estava online em algumas das minhas redes sociais chegava a ser engraçado.

Peguei-me olhando as fotos em que fui marcado, havia centenas de fotos editadas por fãs com legendas lindas, todas aquelas palavras acalmavam meu coração.

Enquanto eu tivesse o amor dos meus fãs e toda a dedicação deles eu ficaria bem, tudo que eu fazia era por eles e para eles, então, em troca eles enchiam meu coração e as minha vida de amor. E de um amor tão puro que somente Deus era capaz de explicar.

Enquanto curtia algumas fotos me peguei pensando na garota do ônibus. O que será que havia ocorrido para que uma garota tão linda como ela, estivesse em um pranto tão sofrido dentro de um ônibus? E como será que ela sumiu das minhas vistas tão rápido? Será que ela ouvia alguma música minha naquele fone?

Liguei meu notebook e decidi assistir alguma série, pois, sabia que o sono só viria junto com o raiar do sol. Então era melhor ocupar a mente do que continuar pensando em tanta coisa. 

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⏰ Última atualização: Oct 30, 2016 ⏰

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