Capítulo 8

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Eu andava pelas ruas de Seoul ao lado de Lee Sook, com ela parando animada na frente de todas as vitrines que via. E eu, com óculos escuros enormes tampando quase o meu rosto por completo, ainda assim com uma dor de cabeça horrível.

Bufei assim que percebi Lee Sook com os olhos brilhando para uma loja de roupas, segui ela à contragosto.

- Olhe que linda! - Ela dizia praticamente para todas as roupas que olhava. Ficando animada com todas elas. Eu revirava os olhos por debaixo dos óculos, com um sorriso falso estampado.

Deixei Lee Sook experimentando algumas roupas enquanto me sentava em uma poltrona, no canto da loja. Peguei meu celular e observei a mensagem desconhecida.

Número desconhecido: Precisamos conversar.

Eu encarei a mensagem com uma certa dúvida, logo mandando uma resposta.

Você: Eu posso pelo menos saber o nome da pessoa com quem eu vou me encontrar?

Número desconhecido: Então isso é um sim?

Você: Não.

Número desconhecido: Outch. Você deveria ser mais receptiva com a pessoa que cuidou de você, Sun Hee.

Eu forcei minha mente a lembrar de alguma coisa, mas nada aparecia. A droga da ressaca ainda não me ajudava a deixar os pensamentos mais claros.

Você: Eu estou realmente perdendo a paciente e olha que eu nem sei o seu nome.

Número desconhecido: O nome Park Jimin refresca sua memória?

Eu revirei os olhos. Que ótimo.

Você: Foi ótimo falar com você, Jimin. Nos vemos por aí.

Bloqueei a tela do celular, respirando fundo. O que ele queria dessa vez? Jimin seria outro motivo para deixar minha ressaca ainda pior. Forcei outro sorriso assim que Lee Sook saiu do vestiário.

- Gostou, dongsaeng? - Eu abri um sorriso verdadeiro, assentindo. Notei ela ficar mais animada, pedindo outras peças para a vendedora. Meu celular vibrou novamente, eu o peguei, já sabendo de quem seria a mensagem.

Número desconhecido: É muito feio não agradecer e principalmente não retribuir, Sun Hee. Você era mais carinhosa antes.

Sua última frase fez com que minha cabeça esquentasse. Eu estava bem diferente de antes, devo admitir, mas isso não era da conta dele. Respirei fundo, eu deveria me encontrar com Jimin, pelo menos para poder agradecer.

Assim que saímos da loja, Lee Sook teve que ir embora, então eu fiquei mais um pouco na rua. Me sentei em uma mesa que estava em uma praça de água. Eu gostava de vir aqui às vezes. Peguei meu celular assim que tocou, olhei para o nome de minha mãe que estava escrito no visor. Respirei fundo, relutante em atendê-la.

- Yoboseyo?

- Sun Hee? Filha?  - soltei um "hm" assim que ela perguntou. - Soube que você se encontrou com Jimin. Fiquei muito feliz por isso. - Mas é claro.

Revirei os olhos com suas palavras, tentando dar uma resposta animada para ela.

- Sim. O que eu não faço por você, Omma?

- Sorte que tenho você como filha, Sun Hee. Sem você eu não seria nada. - Essas palavras não me causaram o mesmo efeito que ela queria.

- Certo, Omma. Você me ligou para falar alguma outra coisa? - Perguntei. Não era possível que ela só havia me ligado para falar isso.

- Ah, na verdade, não. Eu queria saber se você poderia... - Desliguei o celular. Não me importaria se ela ligasse novamente, o que eu achava difícil. Eu só estava cansada dos seus favores. Minha mãe já havia sido cuidadosa e presente, mas depois da morte de meu pai, ela havia se fechado. Tudo o que sabia fazer era trabalhar e se esgotar com o trabalho, sem ter tempo para nada.

Eu suspirei. Uma única vez eu poderia ter uma mãe presente e que se importasse comigo?

Assim que voltei para casa e troquei de roupa, saí novamente para me encontrar com Jimin. A localização era no lago principal de Seoul, o que eu achei bem irônico, já que em Busan havia um parecido onde nós dois costumávamos ir.

Balancei a cabeça, afastando esses pensamentos e observando as crianças brincando na grama. Os patinhos continuavam flutuando na água, as pessoas os observavam, assim como os cachorros que não paravam de latir.

Senti um par de mãos bloqueando minha visão. Coloquei minhas mãos sobre elas, já sabendo de quem era, e me virei para Jimin, revirando os olhos.

- Não sabia que tinha te dado algum tipo de intimidade comigo. - Retruquei, fazendo com que Jimin risse.

- Quando eu te contar sobre a noite passada, você vai entender. - O olhei confusa. Jimin empurrou delicadamente minhas costas, fazendo com que eu caminhasse ao seu lado.

- Eu não seria burra a ponto de fazer algo com você. - Disse, convicta de que nada ultrapassado havia acontecido. Ele colocou as mãos no coração, como se tivesse o afetado.

- Minhas costas pareciam bem confortáveis para você, pelo menos. - Eu arregalei os olhos. Sua expressão ficando mais divertida.

- C-como assim suas costas? - Gaguejei enquanto pensava em algumas situações que poderiam envolver suas costas. Meu estômago embrulhava só de pensar nas que eu conhecia. 

- Relaxa, não é nada do que a sua mente pervertida está pensando. - Eu suspirei aliviada.

- Cale a boca. Você que é um pervertido! - Dei um tapa em seu braço. O sorriso de Jimin se transformou em um nostálgico, como se estivesse lembrando de alguma coisa passada.

Engoli em seco, lembrando de minha frase à algum tempo atrás.

Assim que achamos um lugar para nos sentar, que havia sido uma mesa, nos sentamos e eu suspirei, pensando na ligação de mais cedo. Abaixei minha cabeça e encarei a grama em nossos pés, o olhar fixo nelas.

- Aconteceu algo, Sun Hee? - Jimin perguntou. Eu respirei fundo, levantando o olhar e o encarando.

- Minha mãe. - Não tive problema em confessar. Jimin sabia dos meus problemas com minha mãe.

- A senhora Oh continua do mesmo jeito?

- Pior. - Disse, me referindo ao jeito que ela estava. Ouvi seu suspiro baixo. Levantei a cabeça, tentando me recompor desse momento de fraqueza e o olhei.

- Então, o que fizemos noite passada?

Jimin me contou a história toda, o que me deixou bastante surpresa por ele ter me ajudado e eu ter subido em suas costas, mas ainda teria uma conversa com Jungkook e Lee Sook por terem me deixado esperando.

- Então, Sun Hee, - O encarei. - eu não mereço algo por ter cuidado de você? - Seu sorriso era brincalhão. Eu revirei os olhos.

- E o que seria, Park Jimin? - Seu sorriso aumentou.

- Um popo. - Ele tocou em seus lábios, como incentivo para que eu lhe desse um beijo.

- Omo! Claro que não! - Exclamei, indignada. Estávamos em público.

- Por que não, Sun Hee? Você já me deu vários.

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