Capítulo 3

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- Omma, eu não vou me encontrar com ele! - Eu dizia pela quinta vez assim que minha mãe teve a brilhante ideia de dar uma de cupido.

- Por favor, Sun Hee, vocês precisam conversar!

- Não temos nada para conversar, eu não tenho nada para conversar! - Eu quase gritava diante do telefone, passando as mãos pelo cabelo.

- Filha, eu estou fazendo isso por vocês dois! Eu sei que não se resolveram corretamente no passado. Vocês precisam se entender. - Ela quase suplicava. Eu suspirei, já cansada desse assunto.

- Omma...

- Não me faça ter que ir até Seoul para abrir essa sua cabeça, Sun Hee. - Ela já estava ficando nervosa. - Os pais de Jimin que me pediram esse favor, eu não poderia recusá-lo.

- Você já fez o que deveria, mas não quer dizer que preciso aceitá-lo.

- É um favor! Pare de se fechar, filha. Jimin já aceitou essa proposta.

- E qual seria essa proposta? Me encontrar com o filho deles por obrigação? - Eu suspirei, não poderia a desrespeitar. - Tudo bem, Omma. Só faço isso por você.

- Certo, Sun Hee. Vou passar o endereço por mensagem. - Ela encerrou a ligação, sem me deixar respondê-la.

Eu também te amo, Omma.

Suspirei. Às vezes eu achava que minha mãe só conversava comigo por favores das pessoas, e não que necessariamente queria ouvir a voz de sua filha. Já fazia tanto tempo que não nos víamos e isso parecia ser indiferente e normal para ela.

Assim que sua mensagem chegou, dando a localização do local onde eu deveria ir, finalmente caiu a ficha. Eu iria me encontrar pela primeira vez com ele depois de dois anos.

Eu já havia visto Jimin andando pela faculdade algumas vezes, eu sempre me escondia quando ele estava prestes a cruzar o olhar sobre o meu. Medo. Talvez fosse medo que eu sentia por ele, raiva, angústia e nojo também poderiam ser adicionados.

Eu estava prestes a encontrar a pessoa que fez da minha vida um poço escuro e sem vida. Eu não era a mesma Sun Hee de anos atrás, tenho que admitir. 

Cheguei no local escolhido. Era um tipo de parque aberto, o céu estava nublado, então não destacava tanta beleza assim dele. Estava combinando com o meu humor.

Me sentei em um banquinho de madeira, observei alguns casais que passeavam por ali, outras pessoas sozinhas, assim como eu, também estavam ao redor do parque.

Peguei meu celular, com as mãos um pouco trêmulas e chequei as horas. Senti um pingo de água cair sobre a minha cabeça.

- Aish... - Murmurei assim que percebi que estava chuviscando. O sol já havia desaparecido por completo, só restando uma fresta de luz entre as nuvens, que logo foram ocupadas por outras bem mais escuras e carregadas.

O primeiro raio cortou o céu, logo chegando o barulho mais forte e alto do trovão. Observei as pessoas começando a sair do parque, só restando uma única pessoa sozinha e solitária em um dos bancos, eu.

Eu comecei a ouvir o barulho das gotas de chuva em contato com as folhas das árvores. Suspirei, encolhendo os ombros.
Talvez ele não quisesse vir, pensei.

Levantei-me, pronta para fazer meu trajeto de volta para casa antes que pegasse um resfriado, até que senti uma mão tocar e apertar levemente meu ombro direito. Olhei para o dono da mão, logo arregalando levemente os olhos com a surpresa.

Ele estava ali. Com seu rosto delicado, seu cabelo vermelho um pouco levantado e seu sorriso que me trouxe tanta felicidade no passado.

- Park Jimin... - Sussurrei ainda para mim, não acreditando que depois de tanto tempo eu poderia ouvir sua voz.

Faça alguma coisa, Sun Hee!

Meu consciente gritava.

Ele acabou com a sua vida!

- Minha mãe também te mandou vir aqui? - Perguntei. Jimin negou.

- Na verdade foram os meus pais. - Minha mãe e os pais de Jimin estavam dando de cupido para nós dois, que ótimo. Eu bufei.

- Como já tivemos uma conversa boa o suficiente, eu já vou indo. - Disse com um pouco de sarcasmo na voz, peguei minha bolsa e dei um passo para trás. Jimin segurou meus braços.

- Espere, Sun Hee. Eu ainda tenho que me desculpar. - Ele me olhou, suplicante e abaixou o olhar. Talvez ele estivesse... arrependido?

Eu tirei meus braços de suas mãos e dei uma risada sarcástica.

- Se desculpar? Não há desculpas que me fazem aceitar o que aconteceu naquele dia. - Passei as mãos no cabelo. - Eu nunca vou ter perdoar, Jimin.

Percebi minha visão embaçada. Estava prestes a chorar.

- Sun Hee, eu... eu posso explicar. - Sua voz saiu trêmula.

Lembro como se fosse ontem o que aconteceu naquele dia.

FLASHBACK - ON

Eu andava por aquele beco, minhas mãos trêmulas e minha respiração ofegante. Se aquele foto de Jimin com uma garota fosse realmente verdadeira, minha vida acabaria.
Só de realmente pensar que isso poderia estar acontecendo, minhas bochechas já ficavam completamente molhadas por conta da lágrimas.

- Você não seria capaz disso, Jimin. - Eu murmurava para mim mesma, como se assim as palavras fossem se tornar verdadeiras. - Eu confio em você.

Atravessei aquela rua escura, por volta das duas horas da manhã e cheguei finalmente a casa noturna que havia ali.

Eu não sabia quem havia me mandado a foto, havia sido de um número desconhecido, por isso até aquele momento não achava que fosse totalmente verdadeira. Poderia ser só uma brincadeira.
Mas de fato não foi.

Assim que finalmente consegui entrar, tive que passar por várias pessoas até poder achar o meu namorado. Bem, nem sei se o poderia mais chamar assim.

Jimin estava agarrado a uma garota perto do banheiro, foi a maior decepção e constrangimento que eu já havia passado.

Empurrei os dois assim que uma ânsia consumiu o meu estômago e olhei diretamente nos olhos de Jimin. Fazendo com que ele enxergasse todo o meu ódio, vergonha e tristeza que eu estava sentindo.

- Nunca mais fale comigo. Eu te odeio, Park Jimin. - Uma lágrima escorreu por minhas bochechas, e eu fiz questão de limpá-las rapidamente.

Foi quando eu saí daquele lugar e de Busan para nunca mais voltar.

FLASHBACK - OFF

- Eu te odeio, Park Jimin. - Repeti as mesmas palavras que eu havia dito naquele dia. Os meus sentimentos de quando eu a falei eram os mesmos de agora.

Ele me observou por um tempo, talvez se perguntando se o que eu havia falado fosse realmente verdade.

E a chuva veio com força.




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