》I N T R O D U C T I O N《

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Eu me lembro disso como se tivesse acontecido ontem.

Me lembro com bastante frequência para me deixar cada vez mais furioso e antisocial.

Eu era criança quando tudo aconteceu.

E tenho esse jeito rancoroso desde então.

Tinha apenas dez anos quando o verme a matou.

Na minha frente.

Sonho todos os dias com isso.

- Não sai desse quarto por nada, ouviu Allan?

- Por que mãe?

- Seu pai está chegando, meu bem. E você sabe como ele é.

Eu me tremi de medo e concordei que não iria sair de meu quarto. Ouvimos um estrondo e mamãe se apressou para sair dali, me dando um abraço forte, um beijo em minha bochecha rosada e sussurrando que me amava.

Era a sua despedida.

E eu não sabia.

Depois que ela me trancou, eu tentei dormir.

Juro que tentei.

Mas seus berros me acordavam a cada cinco minutos e isso estava me deixando aflito.

O que ele estava fazendo com ela?

Batia nela do mesmo jeito que me batia?

Deixava as marcas nas costas dela como deixava nas minhas?

Estava pensando nisso quando ouvi um tiro.

E veio do andar de baixo.

Mesmo sem saber, eu senti um aperto no coração e gritei.

Corri até a maçaneta, tentando abrir a porta.

Mas não consegui.

Ainda ouvia gritos de dor de mamãe e eu ficava cada vez com mais pavor.

Peguei um grampo que achei no chão e tentei abrir a porta, como acontecia em filmes.

A cada tentativa que errava, os gritos de mamãe ficavam mais fracos, me deixando com medo.

Quando eu consegui, eu corri pelo corredor.

Corri para salvá-la.

Assim que cheguei no da escada, encontrei mamãe com um buraco na perna, com sangue em sua volta. Ele estava em na frente dela.

Quando ela me viu, arregalou seus olhos cinzentos, assustada. Ele deve ter percebido a reação dela e se virou.

Me viu e sorriu.

O maldito sorriso diabólico.

- Temos plateia, querida.

- Deixe ele fora disso, Andrey. Allan, meu amor, volta pro quarto.

- Fica ai, garoto!

Eu não conseguia me mexer.

Estava paralisado com tanto sangue em volta dela.

- Bom, que o bastardo está aqui, nada mais justo do que ver a mãezinha vadia sofrer.

- Não, pai!

Ele se virou pra ela e atirou.

Na sua cabeça.

- Não! Mãe! Mãe, meu Deus!

Corri até ela sem vida e a abracei chorando.

Não consegui protegê-la.

Não fiz nada para impedir.

E isso me enfurece.

E me deixa incapaz de amar alguém, pois a única pessoa que amei, foi tirada de mim brutalmente.

E isso me tornou essa pessoa fria, solitária e raivosa.

E nunca mais amarei alguém.

As postagens começam em 2017 ❤

DEGUSTAÇÃO Missão Impossível #1Onde histórias criam vida. Descubra agora