Parte 01

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Capitulo 01
Era noite de sexta feira, quando acordei sendo sacudido por alguém cujo rosto não reconheci de imediato. Eu não estava em um desmaio, muito menos em um acidente, estava apenas dormindo em minha cama. Sonhava que era um pássaro que voava em um distante e imenso céu, batendo as asas bravamente que fumegavam como brasas em manhã de chuva, o céu escuro, ar de tristeza e solidão, porém, um bater de asas mantinha o contraste, era a liberdade em mim, a alegria e o amor que nunca tive, sendo desejado em um sonho, de uma noite qualquer. Quando desci para a superfície, lembro-me de pousar sobre a cerca de madeira branca, de uma casa onde a neblina matinal escondia sua verdadeira forma. Uma mulher estendia lençóis molhados de cores cinza e azul escuro, em um varal suspendido por pregos nas quinas da cerca, tão próximo de mim quanto minha felicidade que se desfazia ao sentir que era um sonho, e que estava sendo acordado por alguém. Um rosto que não conheci se afastava de mim ao perceber que meu corpo por impulso se jogara para frente, fazendo-me ficar sentado na cama, vi o vulto correr desesperadamente e sair pela porta do quarto que ainda estava escuro. Quando percebi que estava acordado e que tinha alguém em meu apartamento, fiquei congelado, o suor seco escorreu da minha testa, e meus olhos que sempre foram fundos das poucas horas de sono, se arregalaram e procuraram algo de anormal no quarto. Nada parecia anormal, a bagunça de sempre pairava aí, muitas roupas no chão, e um armário que um dia fora novo, agora caía as portas de madeira degastada. Levantei de um pulo silencioso. Quem seria? Não tenho nenhum conhecido que possa me visitar, e muito menos que tenha as chaves daqui. Quem quer que esteja em meu apartamento não tivera tempo de sair ainda. Não liguei a luz, isso poderia provocar medo tanto em mim quanto na pessoa, de fininho coloquei o olho entre a porta semi aberta, quase fechada, dando a vista para o corredor que seguia para vários quartos e cozinha. Na parede distante, apreciei ao quadro que tinha comprado e emoldurado, de um pássaro chamado Pintassilgo, pequeno e amarelado, por mais que a imagem agrade, me fazia sentir a mais pura tristeza. Minha atenção só voltou para o ocorrido quando algo na cozinha caíra ao chão. O barulho foi forte e assustador, um som de pressa explodiu, e eu o vi. Era magro, e pálido, usava roupas brancas e sujas. Seus cabelos batiam nos olhos e seu desespero era grande. Não fiz nada, fiquei chocado com aquilo, apenas deixei, aquela pessoa sair da casa, senti pena, medo, e sabia além de tudo que ele não era o único que precisava de ajuda. Sábado 07:00 AM Não consegui dormir, fumei duas carteiras de "derb" em meu quarto, fiquei pensando na criatura que invadira meu quarto, o que queria? Não tenho paz, felicidade, só tenho dinheiro, muito dinheiro, mas isso não me importa mais, não posso comprar o que preciso pra seguir vivendo. Levantei da cama ainda de pijama. Fui ao banheiro, escovei os dentes e tomei um banho. Meu rosto desgastado tentava sorrir no espelho do box, porém era inútil. Depois de colocar meu terno azul escuro, gravata e tênis social, fui a cozinha procurar algo para comer, antes de sair para trabalhar. O liquidificador, estava no chão, quebrado. Não consegui procurar algo para comer. Ao mesmo tempo que estava com medo, estava tranquilo. Saí e tranquei a porta, mesmo que alguém tentasse entrar de novo, e mesmo que não me importasse, este é meu lar onde vivo a alguns anos. Desci as escadas do apartamento, e dei de cara com o segurança que me encarou com um rosto desconfiado como sempre, dizendo: - Senhor Gronm, está saindo novamente? - Sim, estou indo trabalhar. - Você está bem Sr. Gronm? O barulho de ontem me assustou, você saiu para beber e fez alguma festa ? - Sim, estou bem. Não se preocupe com isso. Estou indo trabalhar, até mais tarde. Falei sem querer alguma resposta, abri as portas de vidro do Prédio, desci para o estacionamento, entrei na BMW, e fui para minha empresa.

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