I.

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(se flopar nois apaga e finge que nada aconteceu)

Com pressa e os cabelos alaranjados voando ao vento, Jimin tentava realizar um milagre ao trancar a porta da sua casa — que, na verdade, era a mansão dos seus pais, como sempre gostava de deixar claro — ao mesmo tempo em que procurava o celular na bolsa de ombro com a outra mão. Sabia que era idiotice, mas, droga, como ele ia adivinhar que o vento sopraria mais forte bem no dia em que seu despertador decidiu não funcionar?

Bom, não era muito difícil prever quando ele acordaria atrasado, independentemente do despertador. Ele sempre acordava.

— Ah, por que eu sou tão imbecil? — lamentou-se, finalmente terminando de checar se não havia esquecido o celular na estante da sala — novamente — e guardando a chave na bolsa também. No bolso de fora, para não perder muito tempo procurando como da última vez, e acabar se atrasando para o jantar de negócios que seus pais "faziam questão que ele fosse, porque é muito importante que ele aprenda desde já como se comportar nesse tipo de situação, já que também trabalharia com aquilo no futuro".

Que fossem para o inferno com esse tal de "futuro".

Deu bom dia para o motorista e passou reto pelo carro, como sempre. O motorista nem mais estranhava o comportamento, visto que Jimin deixava mais do que claro que não queria seguir o mesmo padrão que gente superficial como a família dele seguia.

Apertou o passo quando olhou no relógio novamente e viu que estava atrasado.

— Droga, Taehyung vai me matar...

Kim Taehyung, por sua vez, não aguentava mais os atrasos do amigo. Tudo bem, até compreendeu a primeira vez, a segunda também, até a terceira... Mas viu que as coisas estavam começando a passar dos limites quando Jimin chegava atrasado quase todos os dias, sendo salvo apenas nas sextas-feiras, quando acordava anormalmente animado — coisa que o Kim imaginava ser efeito colateral do fim de semana.

Jimin caminhou aos tropeços até chegar no restaurante, onde teve sua vaga arranjada por Taehyung com tanto esforço. Como já eram amigos antes mesmo que o ruivo começasse a trabalhar ali, Taehyung não poupava nem um pouco os insultos sobre a sua falta de pontualidade, nem mesmo na presença do chefe deles. Jimin não o culpava, é claro, afinal quem é filho de dois linguarudos feito os pais do Kim só podia ser linguarudo também.

— Quem conhece sua família até pensa que você segue os hábitos de polidez deles... — Taehyung fechou o relógio de bolso dentro de seu punho, soltando um suspiro de falsa decepção. — Você está atrasado de novo, cabeça de porongo. Não reclama quando for demitido.

— Eu não vou ser demitido — largou sua bolsa em cima da mesa da cozinha, ignorando o fato de ela estar coberta de ingredientes. — Vocês ainda precisam de alguém pra lavar a louça.

— Como se não fosse fácil encontrar um desempregado por aí pra isso. Você não é nenhum caso especial. — revirou os olhos. — O que você tanto faz à noite que acorda tão tarde? Bate umas, é?

— É meu relógio biológico, já expliquei. Você não entende como é impossível me acordar.

— Ah é, é? — colocou as mãos na cintura, assim como uma mãe se preparando para dar uma bronca. — Quero ver não acordar quando eu chegar na sua casa jogando todas as panelas desse restaurante pela sua janela. O som de aço batendo contra o chão deve ser muito tranquilizante pra sua sonequinha pós-punheta.

— Ah, Taehyung, não enche o saco. — colocou o avental e dirigiu-se para a bancada onde começaria a preparar a comida. — O Jin nem deve reparar que eu chego atrasado, ele nunca nem está aqui quando eu chego.

human angel ; jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora