Prólogo

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Em uma tarde qualquer todas estavam reunidas, finalmente eu iria descobrir qual era o segredo da família, a ansiedade era tamanha que eu mal podia me aguentar.

Em casa pude perceber não só a presença de rostos conhecidos como também a de outros que eu nunca sequer havia visto antes daquele dia e que eu veria regularmente depois dele.

Elas estavam todas muito bem vestidas, como se fossem ir à uma festa de gala, sei porque já havia visto em livros o quão belas ficavam as senhoras e senhoritas para os eventos mais importantes, era diferente ver de perto, as tonalidades, os tecidos. Para uma garota como eu que mesmo morando tão perto da Cidade, nunca havia pisado o pé nela, tirando a vez em que nasci, tudo aquilo era novidade, a forma como se portavam, falavam, andavam, parecia que o tempo delas era curto demais para apreciar a beleza de uma flor ou o vôo de uma borboleta com suas cores maravilhosas.

Talvez seja o fato de eu ser inocente demais, mas gosto da forma como vejo o mundo, Alana já declarou incontáveis vezes que eu sou ingênua e que vou sofrer muito ainda se não mudar o quanto antes... Mas ela não é tão diferente, por mais que não admita, talvez por este motivo nos damos tão bem.

Não sei como todas elas couberam naquela pequena casa, eu não sabia que minha família era tão grande, mas porque eu não via um homem sequer? Já estava ficando assustada com aquela cena, pareciam todas estranhas para mim, tudo o que eu queria era ver um rosto familiar, pensei em chamar Alana, o que minha mãe repreendeu de imediato. Eu entendo, uma reunião de família em que o "grande mistério seria revelado", não permitiria um forasteiro por mais que eu desejasse.

Fui até meu quarto na intenção de me afastar um pouco daquela cena, peguei em minha estante de livros uma foto, a única que eu tinha com ela, já estava surrada de tanto que eu mechia. Aquele dia foi um dos mais divertidos que eu tive, brincávamos próximas ao lago, nos sentamos na grama e questionamos como seria nosso futuro, Alana sempre brincalhona dizia que iríamos sofrer muito, mas sempre teríamos uma a outra, ela estava errada, em parte, porque nunca sofremos. Enquanto dizíamos quais eram os desenhos que as nuvens formavam, minha mãe apareceu nos pegando desprevenidas, na foto que se tornou minha favorita.

Guardei a foto de volta no lugar e voltei para aquela cena diferente, uma família grande e reunida, muitos diriam que é impossível juntar tanta gente em um lugar por tanto tempo, a menos que tenha música e bebida, o local estava em completo silêncio e somente suco natural era servido. Quando voltei todas me encaravam como se estivessem à minha espera, me aproximei e sentei ao lado de minha mãe, foi quando me lançaram a bomba.

De início pareceu um show de mágica, já tinha visto um na TV, mas pareceu tão real o que faziam e todas ao mesmo tempo inclusive, como poderiam enganar tanto a mim? Não parecíamos circenses, o que estava acontecendo, era o que eu me perguntava.

Então minha mãe se pronunciou e me esclareceu tudo, como eu poderia acreditar e depois do que vi, como não acreditar? Minha mente estava confusa, tentei sair de casa, mas minha mãe não permitiu, pois sabia exatamente onde eu iria, Alana não poderia saber, não agora, sou uma Bruxa!

    

Temidos - A RejeiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora