《《 M A Y A 》》
Câncer...
A palavra me atingiu como um bala direta do peito e de repente tudo fez sentido. Todas as dores que tenho sentido...todo o enjoou e até mesmo as marcas de microfuros em meu braço.
Toda a dor e angústia que eu sentia não eram minha e sim do garoto de olhos amendoados.
Alguma vez imaginou a pessoa que você amava em uma situação onde só a sua presença e carinho não pudesse contornar?
Meu cérebro girava. Meu estômago se contorcia em diversas voltas ameaçando trazer de volta o meu rápido café matinal. Eu apertei mais forte o rapaz em meu braços custando a acreditar que tinha falho em protege-lo de tudo e de todos.
"Não pode ser..." - foi tudo que consegui sussurrar enquanto um lágrima solitária deslizava pelo canto de seu olho. Passei o polegar suavemente sobre ela e percebi que a origem da mesma não eram os seus, mas sim os meus olhos.
Ele se ergueu ainda fraco dos meus braços e sentou de frente pra mim, me encarando de uma forma interrogativa que a princípio não entendi. Seus olhos desceram para o meu braço provavelmente ainda com sangue.
"Aconteceu de novo? - Ele perguntou me encarando por um longo momento e quando meu silêncio assentiu ele voltou a falar- Você sabe porque isso está acontecendo, não sabe? " Ele sussurrou como se mais alguém pudesse nos ouvir. Talvez realmente pudesse...
Eu suspirei cansada de sempre voltarmos ao mesmo problema.
"Eu já te expliquei que não sou como meu pai, nós podemos ficar juntos...se você quiser."
"Você quer que eu acredite que isso que você diz acontecer sempre, não é por sua causa? "
Eu chamava esses momentos de pausas. Ele nunca lembrava do ocorrido, eram raras as vezes em que ele sentia minimamente a dor da atividade. A carga era transferida toda para mim. E as marcas que nele eram poupadas, em mim demoravam uma semana pra sumir.
"Você quer uma desculpa para me ver longe durante seu tratamento " Disse firme e vi ele desviar o olhar para o chão atrás de mim.
Temos o princípio básico desde que nos tornamos amigos que os olhos são as janelas da alma, se meus olhos não encontram os dele nada que ele me responda será válido, e vice-versa.
"Você sabe que isso tudo vai te machucar ainda mais... - ele segurou a minha mão e esticou meu braço olhando mais a fundo o ferimento. -Vamos limpar isso"
Eu sorri fraco por saber que pelo menos essa pequena batalha eu tinha ganho. Ele não traria a questão a tona por um bom tempo. Eu era sua fraqueza, mas também era sua guardiã. Talvez o preço do meu amor fosse alto, mas eu nunca saberia se não tentasse.
"Devagar -Eu grunhi quando senti o algodão com álcool no meu ferimento- Você sabe que não precisa disso, eu vou me curar logo "
"Eu sei, mas se você chegar assim em casa seu tio me mata, May- Ele sorriu acolhedor e eu contemplei a curvatura perfeita que era traçada pela sua buchecha ao sorrir.
Ele continuou o processo com o algodão de forma mais lenta e dessa vez com seus olhos castanhos presos nos meus. Eu senti meu corpo se arrepiar e tive medo que ele pudesse sentir. Minha respiração ficou pesada enquanto eu sustentava a intensidade do seu olhar.
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PIECES
RandomEu nunca acreditei nessas coisas que só acontecem quando encontramos nossa alma gêmea. Nunca achei que minha "laranja" tivesse uma metade...até que pela primeira vez eu senti. Acredite o amor pode ser um sentimento lindo,mas ele também pode te fazer...