Sabia que não devia me apaixonar -repetia para mim mesmo. Como você pode ser tão inocente, Sophia? Rodrigo Thompson não gosta e nem gostaria nunca de você. E aí, o que vai fazer agora? Como que achou que um simples beijo poderia significar algo para ele? Idiota. Idiota. Idiota. Aos 16 tudo é muito intenso. Um ralado no joelho parece um corte de lamina dez onde suas vísceras estão preste a sair. Um tropeço é um quase-traumatismo-craniano. Quando gostamos de alguém já dizemos que o mesmo é o ser mais importante de nossas vidas, que não conseguiríamos viver sem. Paixões de primavera são ditas como alma gêmea. E um coração partido... ah, quando temos o coração partido parece ser o fim. É como se o nosso mundo desmoronasse, o chão cedesse, o oxigênio acabasse e tudo o que restasse fosse dor. É aí que nos acanhamos e choramos durante várias horas ininterruptas, choramos até as lágrimas secarem e a toda a dor ir sessando. Choramos igual criança quando quer a atenção da mãe, e é isso que realmente queremos, alguém que nos dê colo e diga que vai ficar tudo bem. Que nos dê um abraço daqueles bem apertados a ponto de tirar o ar. Às vezes só precisamos ser lembrado que essa é apenas uma fase, que o mundo não acabou, muito pelo contrario, que apenas estamos descobrindo-o.
Mesmo sabendo que era apenas mais uma na vida dele, eu o amava. Rodrigo estava mexendo comigo de uma maneira que menino nenhum jamais conseguirá. Na verdade, eu não sabia se o amava. Poderia ser muita precipitação chamar de amor, mas foi a melhor maneira que consegui denominar. Mas se tinha algo que poderia afirmar sem sombra de dúvida é que 1) Esse tal sentimento cujo eu denominava amor estava me consumindo 2)Eu precisava falar a ele tudo o que estava sentindo 3)Eu precisava de bebida, algo bem forte. Minha mãe estava dando plantão e só chegaria às oito do dia seguinte, meu irmão estudava em um colégio interno, então como tinha a casa toda para mim poderia beber. Pego minha identidade falsa - precisava dela para comprar bebidas por ainda não ter vinte e um - e dirijo até uma distribuidora que tem relativamente próximo a minha casa. Um garoto magro, com cabelos negros e lisos no estilo emo me atendera, deduzi que ele era novo ali pois nunca o vira. Peguei uma garrafa de vodka e segui até o caixa, ele me pede a identidade e a entrego. O rapaz olha bem para identidade e logo em seguida olha para mim, me sobe um certo medo de ser pega, até que ele diz:
_Dez dólares
Pago a bebida e saio em direção a casa. Assim que chego subo e coloco uma roupa mais leve, quando vou pegar a vodka para beber o telefone toca. Vou correndo para meu quarto pega-lo pensando que poderia ser Rodrigo, querendo quem sabe, se desculpar por ter sido tão babaca mais cedo. Olho o visor do celular e tenho uma leve decepção, era minha mãe.
_Oi - digo em uma voz um tanto desanimada
_Onde você está? - sua voz soava um tanto preocupada, o que me deixou aflita
_Estou em casa.
_Sophia, vem para hospital. Agora!
_Mãe, o que aconteceu?
_Vem logo! - disse e desligou. Minha cabeça estava a mil e não parava de pensar em que podia ter acontecido. Minha mãe nunca falava para eu ir ao hospital, principalmente em quanto ela dava plantão. Será se tinha acontecido algo com Max? Ou com mamãe? Samanta? Será se Samanta estava no hospital? Foi só aí que me lembrei dela, havia saído da festa e nem a avisei. Meu Deus, o que aconteceu? Pego minha bolsa e vou rapidamente para o hospital. Chegando lá dou de cara com Matt, chefe de neurocirurgia e então pergunto a ele se sabia da minha mãe. Ele me disse que ela estava com um paciente vítima de acidente. Pergunto se ele conhece a vítima e ele apenas me manda esperar na recepção que informaria ela que eu estava ali. Assim o fiz. Algo me dizia que tinha algo errado, e a demora da minha mãe tornava tudo mais angustiante, até que uns 10 minutos que mais pareceram horas depois ela vem e senta ao meu lado. Vanessa nunca parava. Ela me encarava com o semblante sério, preocupado, e então pensei "lá vem bomba".
_Fala logo o que aconteceu! mãe, você está me deixando preocupada.
_É aquele seu amigo, o Rodrigo.
_O quê?! - não conseguia acreditar, aquilo não podia ser verdade.
_Ele se envolveu em acidente. Estava dirigindo embriagado, atravessou um sinal vermelho e bateu de frente com outro carro. Ele teve várias lesões internas.
Aquilo não podia estar acontecendo, NÃO PODIA. Como aquele idiota dirige bêbado? Por quê ele não chamou um táxi? Por quê atravessou a merda do sinaleiro sabendo que estava vermelho? Por quê ele simplesmente não bebeu? Por quê? Por quê?
_Ele vai ficar bem, não vai?
Minha mãe me encarou durante longos segundos e depois falou:
_Ele vai entrar agora em cirurgia. Ele está gravemente ferido, mas nós faremos o possível. Sinto muito, filha. - logo em seguida ela me deu abraço longo e apertado e saiu.
Era tudo minha culpa. Eu o deixei falando sozinho e então ele bebeu. Poderia ter sido uma boa amiga e permanecido, foi só um beijo. Deixei minhas emoções falaram mais alto, e então o deixei. Deixei por medo. Deixei por estar frustada. Deixei por ser covarde. Deixei por ser uma péssima amiga. Eu nunca fui boa em nada, e quando se tratava de pessoas era terrivelmente pior. Nunca soube as manter por perto. Eu literalmente não gostava de pessoas, evitava ao máximo o contato com elas, aí ele chegou e mudou tudo. Ele me virou do avesso, e eu não sabia como podia amar e odiar tanto uma pessoa ao mesmo tempo. Passava horas ao lado dele e não me cansava daquela voz maravilhosa, daquela boca maravilhosa, daqueles olhos maravilhosos, daquele ser inteiramente maravilhoso. Ele e me beijou e estragou tudo. Nossos corpos se tocando, aquela língua vasculhando toda a minha boca e aqueles lábios macios tocando os meus. Em um segundo éramos um só, éramos infinitos e no outro eu estava aos prantos em um hospital enquanto ele estava nu em mesa, na sala de cirurgia, com toda sua cavidade torácica aberta e pessoas com as mãos dentre dele. Uma coisa era certa, ele não podia morrer. Não antes de eu dize-lo que o amo.
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E aí, galera, o que estão achando? Fico feliz que tenham chegado até aqui. Rodrigo sairá dessa? Como ele e Sophia ficarão depois disso tudo? Favoritem a história caso estejam gostando, deixem seus comentários e em breve terá novo capitulo.
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Com amor, R.
Teen FictionSophia é uma adolescente comum, que se dizia imune aos sentimentos de amor e paixão. Ao conhecer Rodrigo sua vida toma um rumo completamente diferente do que ela tinha planejado. Pela primeira vez no mundo do amor, Sophia tem dificuldades para lidar...