Prólogo - O Grande Dia

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Mãe de Margaret narrando 

Amanhã será um grande dia, e minha filha sabe disso tanto quanto eu, seus olhos brilham de felicidade e suas madeixas loiras refletem ainda mais pela luz que entra no ateliê, o vestido tendo o encaixe perfeito em seu corpo, pérolas cor beje e um belo decote. Ainda estou de frente para ela observando tamanho brilho em seu ser.

Escolher o vestido é algo demorado para algumas noivas, e em meio a semanas folheando revistas inicia-se uma busca incessante por algo encantador. Ela organizou tudo, de uma maneira tranquila e suave, regada de amor e gratidão.

A pequena Igreja da cidade havia sido a primeira construída e ali, há alguns anos atrás, uma pequena bebê chamada Margaret Cliford havia sido batizada e agora, seria o mesmo local que escolhera para casar-se com Bill Walter.

(...)

— O que acha mãe?

— É simplesmente lindo! — eu pareço encantada e por sinal, todas ali também.

— Quer que eu aperte mais a cintura Srta. Cliford? — a dona do ateliê diz. 

— Bom, acho que podemos tentar — minha filha solta uma pequena risada e deixa que a mulher arrume os detalhes com o seu alfinete.

E aos poucos se aperta o fino tecido cintilante, Margaret é linda, o formato da boca e a forma de seu rosto, parece tudo calculado da forma certa, dona de inúmeras qualidades e Bill ocupa um espaço em seu coração.

— Perfeito! — ela solta no ar.

— É lindo isso minha filha. — eu faço uma pausa e continuo —    Viver algo grandiosamente especial e saber que essa felicidade não irá durar somente no altar.

— Imagina mãe, seus netinhos brincando pelo jardim da casa — elas riem e eu também, imaginando a cena.

— Serão iguais a você, brincalhões e sonhadores.

— Sonhadora? Tem razão! Me sinto feliz em ter conseguido fazer minha amada faculdade.

— Nisso também, minha filha, mas outro sonho.

— Qual?

— Desde pequena você vivia me dizendo que era uma princesa e que queria o seu príncipe encantado.

— Então quer dizer que a senhora lembra?

— Claro!

(...)

O dia chegou, o relógio do centro da cidade martela seis da tarde, e hoje a minha eterna bebê irá casar. Os bancos da Igreja estão todos ocupados e vejo o rosto de cada um. Minhas irmãs, primas e primos e a bisa Marie Cliford, com os seus 97 anos e uma cara de 80.

Em outros bancos estão os amigos e amigas de Margaret, todos acompanhados, com uma alegria imensa expressada na face, meu marido Jorge entrará com a nossa filha, e ela já chegou, esperando apenas o momento certo para entrar.

A igreja está mais magnífica ainda, vasos de rosas e margaridas colocados ao redor e do lado de fora também. O estranho é que o noivo ainda não está aqui e agora meu relógio no pulso indica seis e cinco, geralmente o Bill costuma ser pontual e hoje eu não sei o que está acontecendo.

Eu o espero ansiosamente e agora são dez e dez. Melanie, a amiga de minha filha, estava com ela no andar de baixo, passa pelo altar e chega até mim.

— Onde ele está?

— Eu não sei, às vezes, ele já está chegando.

— Tudo bem, vou falar isso para ela. — a amiga de Margaret sai.

Os convidados estão cansados de esperar, e aos poucos, percebo que o número deles já está diminuindo. Seis e meia e cadê o noivo?

Uma hora se completa e Bill não aparece, todos foram embora.

Eu sou a única que resta no altar, e o padre acabara de sair. E ali, na porta da entrada, vejo minha frágil Margaret aos prantos.

Ela senta no chão e seu pai ao seu lado tenta a consolar, eu corro até ela e vejo seu rímel borrado, olhos vermelhos e o coração partido.

Abandonada no altar ( Primeira Versão )Onde histórias criam vida. Descubra agora