A Confissão de Kaelly

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- Ivan, tu achas mesmo que estudar fará bem a ela? Enlouquecestes, homem. Mulher não foi feita para isso, eu nunca li ou escrevi e tenho uma boa família, um sítio d’onde tirar o nosso sustento, filhos para me ajudar e uma filha para casar com um bom fazendeiro e dar-lhe uma penca de filhos homens. Eu preferia que ela tivesse nascido homem, assim ela iria ser útil e não esse fardo que é. Você sabe muito bem que eu nunca quis ter essa menina, você é quem a quis desde o início, tu ainda vais se arrepender por isso, ela não vai dar nada de bom. – Valentine ouviu a mãe gritar com o pai, um dia. Lágrimas silenciosas escaparam-lhe e ela jurou, aos 14 anos, que jamais seria como sua mãe. Odiava-a. Seu pai sempre foi doce e amável com ela e ela esforçava-se para ajudá-lo, ele tinha a saúde muito frágil, portador de alguma doença desconhecida que o enfraquecia a cada dia mais.
- Kaelly, ela é tua filha tanto quanto é minha, não devias falar dela dessa forma. Eu não me arrependo de tê-la como filha, ela me dá orgulho de não ser igual a você. – saiu do quarto e viu Valentine chorando perto da porta. Abraçou-lhe e sussurrou uma canção de infância, depois disse:
- Não deixes que tua mãe mate o teu espírito, minha pequena. Você pode casar por amor, é por isso que eu tenho lutado e trabalhado a vida toda, para que não tenhas que se casar por conveniência ou dinheiro. Eu quero que sejas feliz, pequenina. – ele amava a filha com todo seu ser. Ela sentia-se protegida e amada em seu abraço de urso.
- Ainda vou lhe deixar orgulhoso, papai.
- Eu já tenho orgulho de você, minha princesa, você é forte e guerreira. – ele beijava o topo de sua cabeça e ela sentia que tudo ficaria bem.

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