-Não pode ser! Se fosse uma pessoa, não conseguiria fugir assim.
Gabriel olha para o milharal tentando achar algum corpo ou qualquer coisa que poderia ser atropelada. Mas o que ele acha é algo preto e quadrado jogado de qualquer jeito entre os primeiros pés de milhos a sua direita. -O que é aquilo? -Ele se levanta e vai até o objeto. É uma câmera fotográfica, ele pega a câmera e a examina, ela está quebrada, sua lenta está rachada, deve ser por isso que está jogada por aqui.
Ele gira a câmera e percebe algo Gosmento em seus dedos quando o faz. É sangue. Ele solta a caixa no chão com nojo e solta um gemido de repulsa.
-É uma caixa? -Kami pergunta indo até ele.
-Não, é apenas uma câmera quebrada, mas seja o que for o que atropelamos, pertencia a ele, está cheia de sangue fresco.
-Que horror. -Ela olha com desdenho para o objeto no chão. - O que vamos fazer agora? -Desespero não chegava perto do que ela estava sentindo, se eles tivessem atropelado alguém teriam que chamar a polícia e relatar.
-Nada, vamos embora... Que ótimo, agora a chuva para. -Ele resmunga observando os pingos que agora eram finos caírem sobre as folhas ressecadas dos pés de milho.
-Mas tem sangue no carro, Gabriel!
-Ninguém vai ver isso, vamos lavar assim que chegarmos.
-Era uma criança! Eu vi ela! -Kami choraminga olhando para todos os lados possíveis.
-Vamos embora. -Ele simplesmente fala e entra dentro do carro. Agora ele não liga mais para o banco molhado, ele só quer sair dali. Ele não ia assumir isso para Kami, mas ele estava com medo, e essa não era uma sensação que ele costumava lidar.
A viagem pela estrada fechada pelos milhos continuou em silêncio, nenhum dos dois queria abrir a boca. Ainda estavam com medo de ter acontecido algo realmente grave. Foi só quando o ponteiro da gasolina desceu que Gabriel praguejou alto e parou o carro.
-A gasolina está na reserva! Eu enchi o tanque antes de vir para cá! -Ele desceu do carro e deu um chute com força no pneu do carro, foi quando percebeu o que havia acontecido, o carro estava vazando gasolina.
Ele olhou para trás e viu o rastro preto que os perseguia. Ele se abaixou e verificou a presença de um furo na lateral do tanque. -Era só o que faltava!
-Deve ter alguma coisa por aqui. Um posto de estrada. -Kami fala de dentro do carro.
-O milharal deve estar acabando, no final tem uma pequena cidade. -Ele se lembrou do mapa que estudara mais cedo.
-Tudo bem. Quer que eu dirija? -Ela perguntou pois sabia que ele estava tenso.
-Não, eu vou terminar essa viagem. -Ele entra no carro novamente e dá a partida.
Quando o milharal acaba, eles chegam até uma cidade pequena, e estacionam o carro que já está completamente vazio de combustível.
Ambos descem do carro e andam até um primeiro lugar avistado, um bar pequeno. A cidade não estava movimentada, não tinha ninguém nas ruas, mas havia alguns lugares abertos.
-Gabriel? Você já viu aquela história das crianças do milharal?
-Para de ser boba, Kami, É uma das histórias inventadas daquele escritor psicopata.
-Stephen king é um bom escritor. -Kami o repreende, ela defenderia qualquer escritor que ele citasse. Ela era uma espécie de 'defensora das palavras'.
-Você já leu algo dele? -Ele sabia que não, Kami morria de medo de contos de terror.
-Não, mas ele deve ser bom, já que é tão famoso.
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Sacrificadas
Short StoryA estrada que corta o milharal não é muito agradável quando se está sozinho e com chuva. Kami e Gabriel são provas disso. Quando Gabriel atropela algo na estrada, os dois primos começam a cogitar a existência de uma das mais famosas histórias do es...