Usando meu roupão mais velho que minha real dignidade, percebo que meu pai já tinha chegado e ele estava sendo ele, como sempre, mormurando.
Cumprimentei ele e peguntei se ele estava bem, ele me respondeu com muita educação;
- Tô ótimo, tô bonito, tô cansado, sem dinheiro e o mais engraçado; atrasado! - Respondeu ele com o tom de voz já alterado.- Uai, acalme-se, ok? Pois nenhum ser humano fica sabendo de uma entrevista duas horas antes do horário marcado! - Afirmei com se soubesse se isso já tinha acontecido com alguém ou não.
- Não importa, tá marcado, tá marcado! Agora vai se vesti, esse roupão tá horrível! - Meu pai exclamou com ar de nojo.
- Iiiiihhh, seu cabelo, digo, sua careca tá um caco e eu não falo dela! Esquece meu roupão por favor?! - Eu disse num tom de indignação.
Enquanto eu me vestia, Natália estava saindo do banheiro e sua roupa já estava toda separada e arrumada, pronta pro uso enquanto as minhas roupas, "minhas roupas", eu nem sabia que roupa usaria pra ir à entrevista na A##L.- Meu Deus! - Gritei escandalosamente desesperado.
- Matheus, menos. O que aconteceu? - Disse Natália calma já acostumada com meus gritos.
- Minhas roupas, no caso minhas não roupas. Não tem nenhuma roupa e/ou conjunto com cara de entrevista de emprego! - Falei calmente pra ela olhando aquela calça jeans que eu tinha mais ou menos oito meses e uma linda blusa da Calvin Klein estampada, linda viu, mas não tinha cara de que iria cair bem numa entrevista de emprego.
Natália deu uma olhada, me olhou com rabo de olho e disse o seguinte;
- Pô, usa esse jeans e essa blusa da C. Klein Matheus!
- Uai, esse roupa não tem cara de entrevista de emprego, pelo menos não a blusa. - Eu disse meio mimado, algo que não sou.
- Então não vá vestido, vá pelado, melhor, vai com esse horroroso roupão! - Ela disse meio nervosa, mas como Matheus é Matheus, eu retribui;
- É pra zoar as coisas velhas e horrorosas? Ok, vamos começar pelo seu mega hair, pera, mal hair iria combinar mais pra esse trem mal colocado. - Eu disse num tom alto e sério, causando intimidamento da parte dela.
[...]
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Ontem de Werneck
Teen FictionMomentos vividos por mim, minhas escolhas, minhas atitudes, meus medos, meus portos seguros. Não, nunca, jamais isso será um auto-ajuda. Eu sou doido, isso foi comprovado.