QUEBRANDO CORRENTES

Capítulo um

  

Encontrava-se agachado de cócoras no meio do canavial, sentia um nó no estômago, mal conseguia respirar, não movia um músculo sequer, ao longe dava para ouvir os passos dele se aproximando mesmo estando escondido sentia como se estivesse completamente exposto, ele se aproximava cada vez mais, começou falar algo mas não dava para entender, porém conforme aproximou-se mais conseguiu distinguir as palavras ditas.
- Moleque não adianta se esconder, eu vou te achar de qualquer maneira, ninguém consegue escapar de mim. Não é a toa que me chamam de carniceiro.
Elói conseguiu ouvir ele gargalhando ironicamente. Sua respiração dificultou ainda mais, sua mente estava a milhão projetando diversas formas de sobreviver.
- Eu ando por este canavial a décadas, conheço tudo por aqui, mesmo estando no escuro eu vou te encontrar. Vai ser um prazer atirar nas suas pernas primeiro, só por você fazer eu andar tanto.
O carniceiro estava muito perto em alguns passos ele estaria bem ao lado dele.
A primeira coisa que Elói viu foi o cano da espingarda, seu corpo estremeceu todo, estava perdido o carniceiro
havia-o encontrado, levantou a cabeça pois se ia morrer seria com dignidade, o carniceiro se virou e ficaram frente a frente a uma distância de uns 4 metros levantou a espingarda e apontou na direção de Elói.
- Eu lhe disse moleque, ninguém escapa do carniceiro.
Elói se preparou para a morte certa, o carniceiro estampava um olhar sádico, curtindo cada segundo daquilo, Elói estava olhando atentamente e sua visão periférica detectou um movimento rápido indo em direção ao homem, um animal enorme deu um salto derrubando-o e se engalfinharam no chão rolando ora o homem por cima ora o animal, Elói estava aturdido, e quando percebeu o que atacou o homem seu sangue congelou, aquilo não era um animal e sim um monstro, uma besta, tinha uns dois metros e meio de altura, porém, a curvatura na coluna cervical o deixava um pouco mais baixo, seu tronco era robusto e de puro músculo, suas pernas eram curtas em relação ao corpo, seus braços longos chegavam quase a altura do joelho, haviam garras nas patas traseiras e dianteiras, seu corpo era inteiro coberto de pelo e por último uma cabeça canina enorme com maxilares poderosos e em sua boca podia-se ver os dentes enormes e afiados principalmente as presas, sem dúvida aquilo era um lobisomem, que naquele momento havia dominado o carniceiro e o mordia ferozmente, o homem urrava de dor. Elói despertou do seu devaneio e começou a correr, correu como nunca havia feito em sua vida.
Achava que sua noite havia sido um pesadelo tentando escapar da senzala, descobriu que agora seria muito pior e aterrorizante fugir daquela criatura, continuou correndo como louco, saiu do canavial e avistou a floresta, entrou floresta adentro, desviava de troncos e raízes de árvores, ele já não sabia por quanto tempo havia corrida e qual foi a distância que percorreu, deu de cara em um rochedo na encosta de uma montanha, era íngreme e completamente vertical, a rocha era lisa, não teria como escapar. Foi tateando pela extensão da rocha, estava perdendo a esperança quando viu uma fissura na rocha, era bem estreita, mas com seu corpo esguio ele entrou na fenda, era razoavelmente funda, foi até o final e se encolheu ao máximo, mal ele acomodou-se ouviu as passadas pesadas da fera, em menos de trinta segundo a criatura chegou na fenda, porém o monstro não conseguia entrar na fenda, seu corpo era robusto demais tentava desesperadamente esticar o braço em direção do Elói, mas não o alcançava, ele não soube ao certo quanto tempo o monstro ficou tentando, depois de muito tempo, pelo menos foi o que pareceu, a criatura se afastou, mas continuou por perto. Elói estava aterrorizado e exausto, depois de algum tempo começou os primeiros sinais da aurora, a criatura percebendo correu para dentro da floresta, Elói ficou ali sozinho por aproximadamente uma hora, até que teve coragem para sair, se esticou todo e ficou um tempo ali parado olhando a sua volta e imginando o que iria fazer.