Sem Sentimentos?

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Estela arrumou o vestido bege no corpo e olhou-se no espelho quase se sentindo uma mulher linda, não tinha o hábito de se vestir assim, mas iria visitar uma Rainha, uma Rainha da Espanha. Precisava estar mais que só bem, já que Adella não sabia o quão infeliz ela estava em ir por obrigação, ao menos que estivesse adequadamente arrumada e maquiada. Ir e mentir para Adella mais uma vez ainda era uma coisa ruim, mas certamente seria melhor do que se culpar também porque a mãe de Antônio estava passando por aquele momento difícil e não ter ido até lá.

Imaginava o quanto estava sendo difícil todo processo para a senhora, não era uma doença fácil de lidar em nenhum sentido, em alguns casos para recuperação total do paciente era necessário todo o apoio possível de todos da família.

E tecnicamente ela pertenceu a família por alguns dias.

Calçou os sapatos altos caros, não gostava de sapatos, tão pouco de vestidos, preferia seu par de tênis e um jeans largo para o dia a dia, contudo, como naquela manhã durante o café, Vossa Alteza Real o Príncipe Antônio exigiu que ela fosse a caráter, tinha que calçar saltos.

Arrumou os cabelos bem penteados de lado, as ondas acobreadas caiam-lhe na altura dos ombros e estavam comportadas, seus olhos eram de um verde claro muito bonito e estavam cobertos por camadas de máscara para cílios e nas pálpebras, a maquiagem leve em tons de cor pastel, para finalizar passou um gloss de pêssego nos lábios.

Suspirou olhando-se mais uma vez no espelho e não gostou muito de saber que as visitas oficiais acompanhada de Antônio começariam a acontecer mais uma vez, não se sentia bem quando Antônio estava por perto, se sentia incomodada com a presença do Príncipe. Na noite anterior durante o jantar sequer havia conseguido comer a salada, olhava para comida e não sentia fome, tinha pedido para uma das meninas arrumarem um dos quartos de hóspedes para o recém chegado e ignorado os olhares curiosos das duas funcionárias, havia se recolhido após o jantar, depois daquela conversa na sacada só jantou na companhia de Antônio porque sabia que ele era implicante, após o jantar pegou o filho e subiu para o seu quarto, só conseguiu dormir porque a viagem foi de alguma forma meio cansativa.

Estela não desejava relacionamentos depois que teve o filho, ela já havia tido decepções demais, primeiro com uma sequência de três namorados na faculdade que sequer haviam sido no mínimo decentes com ela, tão pouco a levaram para cama, logo terminavam com Estela, depois com Ted, que mentiu e se aproveitou dela para ter moradia por dois meses.

Ted foi um pouco pior, a abandonou grávida, então enfim, a mais traumática experiência de todas, o próprio Antônio com quem se envolveu através de um contrato e que por motivos que ela ainda achava bem complexos, a tratou como um troféu e sumiu.

Recordou-se do momento em que o desfecho havia começado, onde tudo teve início naquela noite, mais uma vez.

Haviam saído da boate por volta das 22:50 da noite, Estela lembrava porque tinha enviado mensagens para Luah falando a respeito dos ensaios do dia seguinte, Antônio não disse para onde iriam, mas havia aquele pedaço de papel chamado contrato que até a 00:00 de todas as noites, Estela era de uso exclusivo dele, portanto, ela foi sem questionar.

Se sentia cansada e meio enjoada quando entraram na Ferrari, aquela indisposição já era sinal bem claro de que o bebê estava dando as caras de forma evidente na vida dela, mas conforme o carro de luxo foi andando pelas ruas movimentadas de Nova York ela foi se sentindo melhor.

Momentos depois chegaram a um hotel, ela engoliu o espanto, era um dos hotéis mais caros da cidade, nem bem chegaram funcionários do lugar vieram correndo atendê-los, ficou surpresa em saber que Antônio havia reservado a suíte mais da cobertura.

Para quê? Ela não sabia, logo de cara, mas chegou à conclusão de que como os dias do contrato estavam se esvaindo e Sofia a ex dele não estava convencida, se Antônio passasse uma noite de amor "supostamente com a nova noiva" num hotel e fossem vistos juntos ali, Sofia acreditaria e o deixaria em paz.

— Já esteve num lugar assim? — Antônio tinha perguntado quando entraram na suíte enorme do lugar.

Estela nunca esteve num lugar tão grande ou requintado, móveis caros, tudo muito moderno, havia um bar, uma sala ampla e toda aberta, do lado de fora um enorme terraço com uma piscina gigantesca, era engraçado lembrar que tudo que rodeava Antônio sempre era exuberante e grande.

Inclusive aquela vista que se formava diante de seus olhos, toda a cidade de Nova York, todas as luzes, dava pra ver o Empire States, a Estátua da liberdade, aqueles pontos turísticos que eram o cartão postal da cidade bem ali diante dos olhos de Estela. A bem da verdade reconhecia que a noite estava linda, e o lugar era perfeito.

— Não — respondeu ela tentando não parecer impressionada.

Porque esteve me lugares até mais bonitos, todavia, era a primeira vez em anos que estava num lugar com uma vista de tirar o fôlego.

— Aceita uma bebida? — Ele estava andando em direção ao bar.

— Não — Estela repetiu enquanto caminhava até o terraço lindo, pouco iluminado, mas coberto pelas luzes da enorme cidade.

Ela ficou diante da piscina e observou todo aquele espaço esplêndido de perto.

— Tem medo de que eu me aproveite de você, é isso?

Estela tinha rido, ela estava grávida, como poderia ingerir bebida alcóolica estando grávida de um mês e meio?

Só que também ainda tinha medo de admitir para si mesma que era algo que no fundo tinha medo de Antônio trapacear, já que o seu futuro estava em jogo, o dinheiro que ela usaria para criar o filho estava há dois dias de distância dela. Só mais dois dias suportando-o e teria dois milhões de dólares para poder criar o seu bebê sem nenhuma dificuldade, sem ter que voltar para casa se humilhando para os seus pais, sem ter que tentar arrumar emprego grávida, por que ninguém em sã consciência empregaria uma mulher grávida e principalmente os gastos com o hospital.

— Faço loucuras quando bebo Antônio, não se engane. — Ela não soube ao certo por que havia dito aquilo, mas estava cansada de ser subestimada e insultada pelo príncipe.

— Eu poderia jurar que você era virgem, mas isso quer dizer que você não é, que decepção! — ele zombeteou enquanto se servia de uma dose de uísque.



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