Depois do intervalo Luisa não viu mais Bruno, ela seguiu para sua sala com Nicole e depois foi embora. Claro que queria vê-lo, mas não enquanto ainda não controlasse essa coisa maluca que acontece com seus batimentos cada vez que o vê.
O celular de Luisa toca em seu bolso. Ela o tira do mesmo e atende a ligação de sua mãe, coloca o telefone próximo ao ouvido e fala com a voz despreocupada:
- Oi, mãe.
- Oi, Luisa, já estás chegando? - pergunta.
- Sim, devo chegar em menos de cinco minutos. - Observa onde está tentando saber se está certa. - É, cinco minutos.
- Ótimo, tenho algo para ti. Não atrase-se. - Desliga antes mesmo de Luisa se despedir.
A garota suspira jogando o celular novamente no bolso. Volta a andar se volta para casa, sem nem perceber que estava parada no meio da rua como uma maluca. Quando estava prestes à atravessar a rua, viu uma forma grande atrás de uma caçamba de lixo.
O primeiro instinto de Luisa era correr, pensando que talvez fosse um mendigo ou até mesmo um ladrão, mas quando a "forma" soltou um pequeno gemido de dor, ela teve que se aproximar. Diferente do que pensava, não eras um ladrão ou um mendigo, não eras nem mesmo humano.
Luisa se abaixo do lado do cachorro, o pequeno animal estava encolhido sob o lixo, seu pelo dourado estava manchado e sua pata parecia ferida. Ela esticou a mão para olhar melhor, mas ele rosnou em sua direção, antes de soltar mais um gemido.
Sem pensar duas vezes, Luisa colocou o animal de porte médio e mais pesado do que esperava nos braços. Quase pendeu para a frente, e com certeza a voracidade do cachorro não ajudava em sua missão de paz.
- Ai, pares um pouco, se não seremos tu e eu esborrachados no meio do asfalto - diz. Como se entendesse o que ela falava, ele se limitou a uivar baixinho enquanto descansava a cabeça no braço dela.
Não demorou para que Luisa avistasse sua casa, uma construção mediana ao lado de uma certa casa azul. Ela quase correu de encontro ao lar, por mais difícil que fosse admitir, sua ideia não foi assim tão brilhante. Carregar um cachorro que tinhas quase o tamanho e peso de uma máquina de costura por uns cinco quilômetros? É, idiotice.
O animal soltou mais um gemido olhando suplicante para Luisa. Se cachorros podiam fazer cara de dor, certamente era aquela.
- Acalme-se, já chegamos - diz tentando bater à porta sem soltar o cachorro. - Mãe! - grita, sentindo seus braços fraquejarem.
- Oi, Luisa, até qu... O que és isso? - Aponta para o cachorro, no entanto, Luisa apenas passa por ela indo diretamente até a sala onde deposita o animal no sofá. - Luisa! Meu sofá novo - lamenta Marie.
- Sinto muito, és importante - se desculpa, correndo até a cozinha. Ela pega um pano velho e o molha voltando até a sala. - Sabes onde tem um veterinário? - pergunta.
Marie se mantém calada por algum tempo, apenas observando enquanto a filha limpa a ferida do animal ofegante em seu sofá novo. Ela apenas cai em si quando Luisa a lança um olhar questionador.
- Nosso vizinho, Antônio, ele é veterinário - balbucia.
- Ótimo, vás o chamar - diz contente.
- Por que eu? - pergunta, apontando para si mesma.
- Preferes ficar de olho no animal? - pergunta.
- Não, claro que não. - Sai em disparada pela porta.
Luisa sabe o medo que a mãe sente de cachorros, mas simplesmente não pôde deixar aquele frágil animal abandonado machucado atrás de uma caçamba de lixo. A garota observa o animal com atenção, seus olhos estão quase fechados, sua respiração está falha, mesmo seu peito estando subindo e descendo em uma velocidade surpreendente.
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Sobre amar - 2017
Teen FictionLuisa descobriu da pior forma o que é amar. Não eram seus planos, não eram os planos dele também, mas aconteceu, eles não podem mudar isso. Com a ajuda de um antigo diário e uma carta deixada por alguém muito importante para ela, Luisa irá embarcar...