Seja Minha Rainha [DEGUSTAÇÃO]

III. A Apresentação

Não tinha certeza de como a Casa Rabo de Dragão não se perdia dentro do castelo, como eles próprios não precisavam de uma mapa para chegar aos seus aposentos. Será que eu mesma precisaria daquele mapa para me guiar ali dentro quando fosse uma Rainha? Com o tempo me acostumaria, tinha boa memória e aquilo seria o menor dos meus problemas.

Quando terminamos de subir as escadas, evitando o elevador disponível por ainda não termos tanta intimidade com a Casa, chegamos ao quinto andar do castelo, um abaixo de onde ficavam os aposentos reais. Ainda podíamos ver a grande entrada lá embaixo em qualquer nível que estivéssemos e então começavam dois corredores um de cada lado de uma estrutura cinzenta que deveriam ser nossos quartos nos próximos dias.

- Quem ficou com o lado B? - Perguntou a morena de lábios pintados de um vermelho vivo e curvas acentuadas. Belnna.

- Acho que eu. - Murmurei, franzindo o cenho para a garota da Casa Terrível.

Pouco a pouco as garotas se aproximavam e o lado B encarou o lado A, sem saber muito bem como agir. Do lado A encontrávamos Atrana, uma Cinzenta, como a mãe de Tyleus foi um dia, e prima do príncipe, trazendo o poder de se tornar uma estátua. Calinne, irmã de Neocio que era um dos conselheiros do novo Rei Supremo, era da Casa Guardiã, inofensiva com seu poder de proteção. Elaica, a mais nova de todas nós, tão frágil e com um poder Grande, como sua própria Casa era nomeada. Também era irmã de um dos conselheiros. Nimcia analisava cada uma de nós, lendo nossos pensamentos, uma Sábia. E por fim Prehie, irmã de Molcas que também um dos conselheiros de Tyleus, pertencente à Casa Poderosa, trazendo consigo dois poderes: manipular o que víamos e a eletricidade.

O lado B trazia a própria Belnna, com a sede por tortura correndo em suas veias. As gêmeas Dorlia e Dornna Ward das Terras Distantes, podiam se teletransportar. Lexine era uma Branca, transmitindo tanta paz que eu quase podia imaginar os animais se aproximando de sua pureza. Parska destacava seus dentes afiados ao lado, uma Faminta. E então eu, de Além da Muralha, podendo manejar elementos como a água, terra, ar e o próprio fogo, como meu querido Rei Supremo.

Uma a uma as garotas foram se virando para seus quartos. Me deixei levar por um momento, olhando para a vastidão que seria o meu novo lar. Não queria ter dúvidas, não queria vacilar. Nasci para ser uma Rainha e me tornarei uma pronta para fazer justiça. Sabia o ponto fraco e forte de cada concorrente e sabia como lidar com cada um. Não entregaria o jogo até que fosse a hora, deixaria que pensassem que eu era fraca. Mas eu nunca seria.

Me apoiei no muro baixo e olhei mais uma vez para a porta de entrada. O novo Rei conversava com a sua mãe que o tratava como um filho, não como o Rei que governava aquele país. Sorri para o toque carinhoso que ela tinha com aquele garoto. Era uma mãe amorosa, como eu nunca tive. Fiquei um tempo olhando Tyleus em suas roupas informais, os cabelos soltos e desgrenhados, diferente do que eu conhecia. Era um homem bonito, isso não podia negar e sabia que minhas concorrentes fariam de tudo para conquistá-lo.

Não tinha o que temer. Nunca temia nada além do que a injustiça que acontecia naquele país. Aquilo eu podia mudar.

Dei as costas antes que seu olhar encontrasse o meu, mas ainda o sentir queimar por trás. Segui até o meu quarto, o primeiro do lado B e entrei. Tudo era perfeitamente decorado para que eu me sentisse em casa, mas eu nunca me senti tão longe da onde eu deveria estar. Aquela decoração cheia do verde que eu podia manipular, com minha própria fonte escorrendo uma água límpida me revoltavam. Aquela água poderia ser utilizada para beber. A cada gota derramada, me falhava um batimento cardíaco.

Tratei de congelar a água, dali não seria desperdiçada nem mais uma gota.

A equipe de filmagem passou de quarto em quarto, sabia disso porque ouvia a agitação no meu corredor e na ala A, que não ficava longe dali. Fui a última a ser entrevistada, a equipe de filmagem entrou agitada demais enquanto eu me ocupava de arrumar cada um dos meus pertences em seus devidos lugares.