PRÓLOGO

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Ao pôr do sol, Sofie Becker estava deitada em sua cama, debruçada sobre um livro do autor que mais gostava. Ela lia "A dama do cachorrinho" de Anton Tchékhov. Estava com os olhos pesados, quase adormecidos, quando no andar de baixo de sua casa, ouviu o som de vozes masculinas. Eram vozes fortes, que transpareciam ódio e agressividade. De repente, ouviu-se um barulho estrondoso de vidraças quebradas. Sofie rapidamente percebeu que alguma coisa grave estava acontecendo. Ela se levantou prontamente, lançando o livro que estava em suas mãos ao chão. Vestiu o seu suéter marrom e desceu às escadarias em direção aos seus familiares que estavam reunidos na sala.

Em fração de segundos, enquanto Sofie descia às escadas, pensamentos diversos rondavam a sua mente. "O que seria aquilo?", "Seria uma simples confusão arrumada por seu tio Salómom, que frequentemente bebia a ponto de se embriagar?", "Ou eram os soldados alemães?".

Sofie, desceu às escadas e se deparou com uma cena, com a qual se acostumaria a partir daquele momento e da qual jamais se esqueceria. Ela viu cerca de sete homens fardados, altos e de boa aparência. Em seus braços carregavam o símbolo da suástica nazista. Eram os temidos soldados alemães do exército de Hitler. Já naquela época, Sofie e seus familiares, assim como amigos mais próximos da sinagoga que frequentavam, haviam tido uma ou outra experiência negativa com os soldados da SS. O rumor daqueles dias, era de que os judeus alemães seriam deportados para a Sibéria ou para a Palestina.

Sofie ficou paralisada ao ver os soldados apontando armas em direção aos seus pais. Naquele momento ela teve uma espécie de presságio. Alguma coisa muito forte lhe dizia que sua vida nunca mais seria a mesma.

A menina de AuschwitzWhere stories live. Discover now