Capítulo 3

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     Acendi as luses e fui direto para o banheiro, me despi e entrei no box, deixei que aquela água quentinha percorresse todo o meu corpo me deixando relaxada. Vesti o primeiro pijama que vi e fui para a cozinha. Fiz um misto e peguei um refrigerante (já deu pra perceber que minha alimentação não é muito saudável né?), me desloquei para a sala e liguei a TV. O jornal regional ja está passando, quando por fim resolvo mudar de canal,uma reportagem me chamou atenção :

-Hoje, faleceu aos seus cinquenta e seis anos, um dos maiores empresários de São Paulo, Silvio Ramos Medeiros, ele que já vinha lutando contra um severo câncer a oito meses, infelizmente não resistiu e veio a óbito nessa madrugada de segunda-feira - disse a repórter.

     Ao fundo, vi uma senhora de aproximadamente quarenta e três anos abraçada a uma moça de uns vinte e dois anos de idade aparentemente, passando praticamente correndo em direção a um carro preto para se livrar dos repórteres.

-O enterro será amanhã pela tarde, reservado totalmente para os amigos e famíliares. Ele deixou sua esposa e sua filha, as duas muito abaladas, não quiseram gravar entrevista.- concluiu a repórter.

     Fiquei parada por uns alguns minutos digerindo tudo aquilo, agora tudo se encaixa, era ela, a moça em que eu esbarrei pela manhã. Agora sei o motivo pelo qual ela se encontrava tão abalada. Só não entendo o porque de está trabalhando naquela cafeteria, não que lá seja um local ruim, pelo contrário, é uma das melhores cafeterias dessa localizadade, mas é que de familia rica, não é muito comum e ainda mas o porque de justo hoje, já que seu pai havia falecido.
     Depois de debater tudo isso em minha mente, desliguei a TV, já estava sentindo as pálpebras pesadas por conta do cansaço. Lavei o que havia sujado e por fim, bebi um pouco de água.
     Eu odeio acreditar em destino ou coisas do tipo, mais parece que a cada segundo que se passa, nossas vidas ficam mais entrelaçadas informalmente e eu confesso ter medo disso. Talvez eu esteja louca por ver conexão nisso, mas tudo parece querer que eu a veja.
     Faltavam cinco minutos para as oito horas da noite. Desliguei as luzes e fui para o meu quarto, me deitei e me permitir dormir.

***

     É incrível como tem dias em que consigo me sentir muito bem acordando tão cedo e acho incrível também como ja estou começando a ficar puta porque não consigo parar de pensar nela um minuto si quer. Não sei se isso tudo pode ser apenas passageiro, talvez seja o universo querendo me pregar uma peça muito da sem graça, como essas nuvens carregadas que se formam e que nos fazem acreditar que uma forte chuva irá cair, mas que logo o sol reaparece. Ou totalmente duradouro como o céu que nos cerca todos os dias.
     Eu estou em plena seis horas da manhã caminhando, como dormi bem e acordei com disposição, resolvi da uma volta, aproveitar a brisa gostosa que tem  logo quando o sol começa a aparecer, antes de todo aquele excesso de barulhos e buzinas ensurdecentes.
     Já tomando o caminho de volta para o apartamento, avisto uma moça sentada ao chão, em frente a um bar, com rímel manchado e que parecia estar muito bêbada.

"Santo Deus, quem bebe em plena seis horas da manhã  ? E quem fica com um bar aberto até uma horas dessas?"

     Me abaixei em frente da moça para oferecer ajuda, já que estava jogada e sozinha e para o meu espanto, era ela de novo.

"Só pode ser brincadeira."

-Ei, o que aconteceu ?- perguntei preocupada, já que ela tinha ferimentos em algumas partes do corpo, como de alguém que caiu.

-Me tire daqui, por favor - ela diz com voz chorosa e enrolada por conta do álcool.

-Onde você mora ?

-Não, eu não quero ir para casa, me leve pra qualquer lugar, menos para casa.

-Calma, tudo bem.

     Dizendo isso, a levantei e apoiei seu braço em um dos meus ombros, a segurei pela cintura e a levei para meu apartamento.

***

-Consegue se despir e tomar banho sozinha ?

-Acho que sim- diz ela com a voz ainda um pouco enrolada.

-Ótimo então -digo isso e vou no banheiro, ligo o chuveiro e volto - pronto, pode tomar um banho, quando você voltar, vai ter uma roupa separada para você em cima da cama.

     Ela se levantou e foi para o banheiro, enquanto isso, separei uma de minhas calças moletom e uma camiseta, deixei tudo em cima da cama e vou para cozinha preparar um café. Depois de alguns longos minutos, Clarice aparece na cozinha, ela estava com uma cara péssima mas já aparentava estar um pouquinho mais sóbria, mas só um pouquinho mesmo.

-Quer café ?- pergunto colocando um pouco em uma xícara.

-Não, obrigada -ela diz arrumando uma mecha de seu cabelo atrás da orelha- já te dei trabalho demais, pra uma total desconhecida.

-Você não está me incomodando, se é o que está pensando- digo lhe dando um sorriso e ela cora na hora- pode dormi no meu quarto se quiser.

-Minha aparência ta tão ruim assim ?

-Acho que sim - digo sorrindo.

-Bom, obrigada, novamente.

     Deito em meu sofá e coloco um filme aleatório pra passar o tempo, já que não tenho muito o que fazer.

Pra sempre com você - Romance Lésbico (Volume I e II)Onde histórias criam vida. Descubra agora