Marcas Permanentes

Rejeitado

Olá! Eu sou Henrique! Não estou acostumado com essa ideia de escrever, mas enfim, decidi contar pra vocês como eu nasci, mesmo indesejado. Meus pais se conheceram em um baile, e na primeira vez, se envolveram demais...
Minha mãe ficou grávida, mas sabia que seus pais não aceitariam a ideia, e tentou me abortar muitas vezes secretamente, mas graças à Deus, não conseguiu.
O tempo foi passando e nasci com 8 meses, fui criado com muito desgosto pelos meus pais, que logo depois que casaram tiveram uma filha, roubando toda a pouca atenção que me restava. Meus pais brigavam muito, e sempre descontavam em mim, sempre que chegava em casa apanhava e muitas vezes, apanhava tanto que não ia na escola.
Tinha tudo oque precisava, mas oque mais queria de meus pais era um pouco de carinho, coisa que nunca consegui. Levava isso de boa, pra mim isso era normal, ser odiado e mesmo aquilo fazendo de mim um menino carente, era compreensível. Isso fazia de mim um menino arteiro, que nunca pensava duas vezes para fazer algo que chamasse a atenção para mim, e isso me metia em muitas encrencas, e acabava apanhando, mas não fazia isso por mal, só queria um abraço, um amigo...

Minha primeira peripécia foi aos 6 anos de idade... Meu pai foi viajar a trabalho para São Paulo, e me lembro como se fosse hoje, ele decidiu nos levar juntos para curtir as praias com Mamãe e Ludmila (ignorem o fato de chama-la assim é meio que uma obrigação lá em casa). Ficamos em um hotel lindo, as coisas ali valiam mais do que minha pessoa, e eu muito esperto, inventei de jogar balões de cima da janela, até hoje não consigo explicar como isso aconteceu, mas o terceiro balão que joguei, acertou o vidro de um carro importado que estava estacionado na entrada. E foi aquele fuzuê, todos olhavam as câmeras para ver o que havia acontecido e, misteriosamente, um balão de água caía do céu estourando o vidro fumê. Naquela direção só existiam 2 apartamentos com crianças e adivinha? A culpa veio pra mim. Ligaram para meus pais e eles vieram sem demora...
- Só pode ter sido aquele menino, espoleta igual àquele, ainda está para nascer. Diziam os vizinhos, apontando para mim.
- Eu nada! Estava jogando videogame e nem sei o que está acontecendo. Retruquei.
Meus pais chegaram, me deram uma surra e me deixaram de castigo por toda a viagem, não poderia mais sair do apartamento, enquanto eles sairiam para a praia.
- Henrique, já esperávamos isso de você, você é um irresponsável, não pensou nas consequências do que ia fazer, como sempre, você nos enche de vergonha!
E foi nesse dia que tive a certeza de que realmente, era indesejado por meus pais, e decidi que deveria sumir da vida deles, aliás era só mais uma boca, não faria nenhuma diferença....