Companheiros de Estrada

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Andei até chegar em um ponto de ônibus,  em algum lugar da capital. Peguei o primeiro que passou, sem me importar com o destino. Encostei no vidro e comecei à chorar, como nunca chorei, não entendia o significado de tudo aquilo que estava acontecendo, mas sabia que a culpa não era minha, só fui fruto da irresponsabilidade de meus pais, e não ficaria naquele quarto de hotel, para ser encontrado e levado à algum orfanato qualquer...
Percebi logo atrás de mim, um menino que devia ter mais ou menos minha idade, todos o olhavam com cara de desprezo, e presumi que devia morar na rua à muito tempo, estava sozinho, e eu também, então decidi me sentar ao seu lado e conversar com ele, pois aparentava estar com fome. Tirei um salgadinho que havia colocado em minha mochila e dei à ele, no início pareceu desconfiado, mas depois começamos a conversar e consegui conhecê-lo um pouco:
- Cara, você quer? Disse à ele, oferecendo meu salgadinho.
- Não tenho dinheiro para comprar...
- Não estou vendendo, estou te dando.
Seus olhos encheram d'água e ele me disse com um tom de agradecimento:
- Muito obrigado!
- Você não come à muito tempo? Perguntei a ele.
- Há alguns meses fugi do orfanato, meus pais me abandonaram muito pequeno, e nunca fui adotado, então decidi fugir, e tentar a sorte aqui fora... Disse ele mastigando o salgadinho.    
Olhava pra ele e me identificava cada vez mais, desprezado e buscando uma vida melhor e sem sofrimento. Ele fechou o salgadinho e no momento não entendi o porque.
Me perguntei então se seria melhor seguir com um amigo, um companheiro. Logo conclui que ele estava sozinho e precisava de ajuda, e não tinha muito, mas decidi dividir com ele e talvez conseguíssemos mudar de vida juntos.
- Então mano, como é seu nome?
- Meu nome é Gabriel!
- Que nome massa! Eu sou Henrique, prazer!
- Prazer! Pra onde está indo?
- Na verdade não tenho um destino, estou fugindo de casa também, assim como você, estou sozinho no mundo.
- Nossa Velho, oque houve?
- É uma longa história...
Contei a ele, e ele ouviu cada detalhe.
Então me disse:
- Bom, passei esses 3 dias fora de casa procurando comida, e você me ajudou, agora posso levar para a Ana que está faminta.
- Como assim? Você não fugiu?
- Sim, fugi com minha amiga, que preferiu me acompanhar à ficar no orfanato.
- Mas ela acabou ficando doente, pois estamos dormindo debaixo de uma ponte e ela não está acostumada à dormir ao ar livre. Não temos muita coisa, mas se quiser pode morar com a gente, podemos nos ajudar como uma família.
Não pensei duas vezes e respondi:
-Vamos nessa!

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⏰ Última atualização: Mar 01, 2017 ⏰

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