ONE

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Equanto Sherlock Holmes adentrava cada vez mais em seu palácio mental ao tocar violino, John Watson o observava. Não podia deixar de pensar no que se passava dentro da cabeça dele. Como se parecia esse palácio. O que estava escrito no arquivo com seu nome. Por mais que tentasse, não era tão bom quanto Holmes em analisar as pessoas, mesmo que aprendesse com ele todos os dias.
John se afundou ainda mais em pensamentos aleatórios. Uma hora pensando num caso em que estava escrevendo para o blog, outra pensando nos movimentos insistentes do braço de Sherlock, depois em como a Sra. Hudson tinha acabado de dizer que não era sua empregada, mas mesmo assim trouxera chá e biscoitos. Depois pensou em como a luz do sol que saia pela fresta da cortina fazia os cachos de Sherlock parecerem salpicados de ouro. Seu semblante parecia ainda mais imponente. Tudo ali parecia certo. O sol brilha. As notas se recombinam e formam uma melodia. E o homem que o toca.... Às vezes muitos pensamentos vinham à tona. Era melhor pará-los antes que pudessem se completar e se tornar reais.
Mas sua mente não poderia simplesmente descansar.
Começou a pensar em como poderia já estar morto se não tivesse estudado Medicina e não pudesse identificar a diferença entre o sangue de um homem hemofílico e molho de pimenta.
Será que Sherlock se interessaria nele se fosse apenas um ex-soldado comum? Ou apenas um civil?
Mas o pior de tudo era: por que diabos estava pensando nele? E talvez ainda pior: ele pensava em John Watson com a mesma frequência?
Watson terminou seu chá em apenas um gole. Respirou fundo. E apagou sua mente. Depois disso andou apressadamente em direção a porta.
-Do que está fugindo, Watson? - a música de repente parou. O olhar de Sherlock recaia em seus ombros.
-Eu só preciso respirar. Volto mais tarde. - disse sem se virar.

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