Never The Same

01 - Super-herói

- LEE - ouço John gritar do andar de baixo. Olho para o lado procurando o relógio, 09:00 AM. Merda. John sempre me deixa dormir até mais tarde porque chego cansada, já que pego o turno da noite no bar.

- ESPERO QUE TENHA UM BOM MOTIVO PRA ME ACORDAR A ESSA HORA! - grito de volta já levantando da minha cama.

- DESCE AQUI! - ele grita.
Ótimo, sem chance de voltar a dormir. Pego uma das camisas de John, já que todas as suas roupas ficam jogadas pela casa e isso inclui o meu quarto, e calço meus chinelos ao mesmo tempo que amarro meu cabelo, não preciso de espelho pra saber que meus fios estão embolados como um ninho.

Desço as escadas devagar, ainda sonolenta e me deparo com uma faixa de FELIZ ANIVERSÁRIO enorme bem no meio da sala. John e Chris, meu melhor amigo, estão com um chapeuzinho de festas e assopram uma língua de sogra me fazendo rir.

- O que é tudo isso? - Pergunto ainda rindo.

- O que? Tá me dizendo que você esqueceu o próprio aniversário? - Chris me olha com uma falsa cara de indignação e um sorriso de lado. O sorriso que faz todos os seres do sexo feminino (e masculino) se derreterem. Exceto eu, é claro.

- Não me surpreende em nada, essa garota vive com a cabeça na lua. - John diz e me dá um abraço - Feliz aniversário, pequena. Nem acredito que você já está fazendo 19 anos, Lucian estaria orgulhoso.

No instante em que ele diz o nome do meu pai meu sorriso murcha, lembrar do meu pai ainda me dói, apesar de já fazer 13 anos desde sua morte, éramos inseparáveis e perde-lo foi como me perder. Ele levou consigo grande parde de mim.

Desde então John tem feito o papel de pai em minha vida, desde ir a apresentações na escola até ficar horas acordado de madrugada se certificando de que realmente não tinha nenhum monstro no meu quarto.

Uma sensação de nostalgia e tristeza toma conta de mim, mas esse sentimento logo passa quando Chris vem me abraçar.

- Feliz aniversário, baby. - Chris sussurra em meu ouvido e beija minha bochecha.

- Obrigada, gente. Eu amo vocês. - Digo beijando a bochecha dos dois e dou um abraço apertado em cada um. Chris e John são minha única família e eu faria tudo por eles.

- Já está toda derretida e ainda nem viu a melhor parte. - Chris fala olhando pra John que dá um largo sorriso.

- Melhor parte? - Pergunto confusa. Esses dois estão sempre aprontando pelas minhas costas.

- Vem, vamos até o seu presente. - John coloca as mãos em meu rosto cobrindo os meus olhos enquando Chris me guia até o quintal. - Vê se não surta. - John diz quando finalmente chegamos e tira as mãos do meu rosto.

- É uma moto!! - digo quase gritando. - Porra, é uma moto!

- Bom, já estava na hora de você ter a sua própria e parar de roubar a minha de madrugada, sabe.. - John diz e eu sorrio. Ter uma moto é meu sonho desde os 12 anos, quando John me ensinou a dirigir na sua.

- Obrigada, pai. - digo pulando em seus braços. Sei que John adora quando o chamo de pai, e eu realmente o considero como um.

- Ei, eu também ajudei com o presente, viu. - Chris diz cruzando os braços.

- Obrigada, baby. - digo indo em sua direção e dando diversos beijos em seu rosto o fazendo rir.

- Tá bom, tá bom.. chega de melação e vamos lá pra dentro porque eu não fiz aquele bolo à toa. - John diz nos empurrando pra dentro e todos rimos.

- Você fez bolo? Puta merda, lá vem. - Digo provocando John, ele nunca foi bom de cozinha e por isso sou eu quem cozinho quase sempre, apesar de não ser lá essas coisas na cozinha, não tem como ser pior que John.