Dean PVO
Eu tinha mudado. Depois de um ano no reformatório, vi as coisas horríveis que fiz a minha irma. Eu era impulsivo e descontava minha raiva na primeira coisa que aparecia. Ou seja, minha irmã gêmea Maria Fernanda.
Eu queria saber qual seria a reação da Mafe ao me ver. Com certeza ela choraria. Foi difícil pra ela, e só agora eu vi isso.
Eu queria poder correr na sua direção e abraçá-la. Pedir perdão por tudo que eu lhe fiz e queria, a cima de tudo, recomeçar.
Mas eu não sairia correndo em sua direção, ou então ela correria de mim.
Meus pais estavam me levando para o aeroporto. Eu não via problema em deixar a Alemanha. Meus amigos estavam todos contra mim, a final eu agredia minha irmã.
"Ela ficaria mais feliz se vocês fossem junto"
"Você não sabe como deixar sua Irma felize. Bateu nela por pouco menos de dezesseis anos." Disse meu pai bravo.
"Dean, nos não podemos. Temos que trabalhar." Disse minha mãe.
Voltei a olhar pro caminho.
O aeroporto não era tão longe. Descemos do carro e fizemos todos os procedimentos necessários para embarcar em um avião. No portão de embarque despedi-me dos meus pais e assim que o voo foi chamado segui para o avião.
O voo não seria tão longo, mas também não seria tão rápido, sentei-me na poltrona do corredor e ao meu lado, na janela, estava um homem de 20 e poucos anos que usava um terno. Não troquei uma palavra com ninguém e adormeci esperando chegar logo à Inglaterra.
~~**~~
Acordei com a moça me dizendo para arrumar a cadeira, pois estávamos pousando. Eu o fiz e dei uma olhada de relance para a janela.
Estava de novo em solo inglês. Da última vez que estive em Londres foi na virada de ano de 2010. Eu e minha Irma tínhamos entre 10 e 11 anos.
Lembro-me que Mafe usou um vestido de manga comprida para esconder os hematomas.
Fiz todo o processo de desembarque e peguei minhas malas enquanto procurava meus avós.
Logo vi um senhos de calça marrom, uma blusa social e um colete, com um chapéu marrom e óculos, ao seu lado uma senhora de vestido vermelho e um chamativo colar de ouro no pescoço. Meus avós.
Segui em suas direções até ouvir meu avô.
"Dean! Quanto tempo. Veja como cresceu. Como tem passado?" Com isso minha avó deu-lhe uma cotovelada no braço.
"Olá querido. Quanto tempo. Vamos, vamos pra casa." Ela disse e saiu andando. Meu avô olhou-me com um sorriso forçado e eu segui eles até o carro.
Minhas malas foram guardadas e eu sentei-me no banco de trás. Fomos em selênio até a casa dos meus avós. Eu havia me esquecido do tamanho da mesma.
Quando meu avô estacionou e uma das empregadas veio ajudar com minhas malas meu avô avisou-me que eu iria ficar no quarto dos meus tios Joan e Nathan.
Meus avós tiveram cinco filhos. Meus dois tios, que dividiam o quarto, minha tia Mona e Jasmim, cada uma com seu quarto e minha mãe Thais que também ficava sozinha no quarto. O quarto de mamãe era onde Mafe estava. Isso sem contar o quarto dos meus avós e o de visitas.
Segui a empregada, Vera, até o quarto que era dos meus tios. Haviam duas camas arrumadas. Uma eu coloquei a mala encima e na outra eu me joguei deitado.
Eram 10:45 e meu avô iria buscar Mafe as 12:30. Havia tempo e eu estava cansado então dormi de novo.
Mafe PVO
Eu passei o dia pensando em como seria meu reencontro com Dean. Eu estava com medo e distraída. Não prestei atenção nas aulas, não lanchei, não copiei matéria. Apenas fiquei ali pensando em maneiras de como suportar olhar-lhe na cara de novo e esquecer tudo do passado.
Também pensei em como deveria contar para os meus amigos. Então gente, esse é Dean. Ele sou eu, mas não usa saia. Não seria assim. Eles iriam perguntar por onde meu irmão havia andando e por que apareceu agora, e eu não lhes contaria a verdade.
"Mafe ? Você tá bem?" Me perguntou Kadu enquanto resolvia um exercício de matemáticas.
"Claro. Eu to ótima." Essa era a penúltima aula, e meu coração acelerava a cada segundo.
"Mesmo? Você tá meio distraída."
"Mesmo. Eu só não dormi bem à noite." Menti. Mas o que eu poderia dizer ? Claro, estou ótima. Só vou rever meu irmão gêmeo que estava em um reformatório por me agredir. Não. Essa não era uma opção.
O sino para a aula de ciência tocou, isso significava que faltava uma hora, uma única hora. Desejei que fosse a hora mais lenta da minha vida, mas na verdade foi o contrário.
Eu olhava para o relógio, e a cada cinco minutos meu coração acelerava mais, mas quando o sino da saída bateu, por meio segundo meu coração parou.
Tive de criar forças e incentivar-me mentalmente a levantar. Deixei que todos saíssem da sala apressados enquanto eu guardava meu material.
"Tem certeza que está bem?" Harry perguntou atras de mim. Eu não havia notado, mas Harry e Kadu ainda estavam na sala.
"Certeza." Disse colocando a mochila nas costas. "Só não quero estudar para a prova de amanhã."
"Amanhã e a última prova. Depois estamos parcialmente livres." Disse Kadu. Eu forcei um sorriso e segui com eles para o corredor.
Ao sair dos portões vi o carro do meu avô. Engoli um seco, me despedi dos meninos e me dirigi ao mesmo entrando no banco do passageiro.
"Oi oppa." Eu disse soando frio.
"Mafe. Tente manter a calma. Vai dar tudo certo. Prometo. " meu avô era um senhor calmo. Ele estampava um sorriso no rosto.
Hoje o caminho pareceu mais rápido do que o normal. Ao parar o carro na garagem eu senti-me relutante ao descer. Abri a porta do carro, mas não conseguia sair do mesmo. Meu corpo não me obedecia.
Respirei fundo até descer. Senti minhas pernas falharem no momento que tocaram o chão, mas continuei em pé. Fechei a porta e segui meu avô até a entrada da casa. Ele abriu a porta devagar. Minha avó estava sentada em uma poltrona virada para nós, e no sofá, de costas estava meu irmão.
Senti um calafrio descer minha espinha. Soltei a bolsa no chão mesmo e senti minhas pernas fraquejarem e um nó ser dado em minha garganta. Eu queria chorar e sair correndo para meu quarto. Mas não o fiz.
Dean se virou com calma para mim, e ao me ver, sorriu. Mas não o sorriso mal que estava acostumada a ver. Um sorriso bom. Um sorriso de verdade.
Mesmo assim queria correr para longe.
Ele se levantou, e eu queria desaparecer. Estava tremendo, e vi a expressão no rosto da minha avó. Dean veio em minha direção e parou a minha frente.
Eu não conseguia encara-lo, não conseguia olhar em seu rosto. Por mais que fossemos gêmeos, ele era um pouco mais alto.
"Mafe... me desculpe. Por tudo. Eu sei que te fiz coisas horríveis, e que não foi fácil pra você. Se você tiver raiva de mim, se me odiar. Eu entendo. " ele suspirou " Me arrependo de cada vez que te machuquei. Eu quero recomeçar. Mas não posso se você não estiver disposta a isso também."
Ele olhou-me com a esperança que eu dissesse algo, mas continuei de cabeça baixa, segundo o choro.
"Só quero que saiba que me arrependo. Maria... por favor... eu mudei. Juro que mudei. " eu não sei de onde tirei força. Respondi-lhe, mas não olhei em seu rosto.
"Eu não te odeio Dean. Não tenho raiva de você. Mas fiquei decepcionada, quebrada. Eu via nas ruas e na televisão que os irmãos estavam sempre a ajudar um ao outro e proteger um ao outro independente das brigas, e eu sentia uma dor enorme por que você não me protegia. Mas eu tinha que me proteger de você. " olhei em seu rosto por meia fração de segundo e voltei a abaixar a cabeça "não vou esquecer tudo que você me fez, mas estou disposta a tentar recomeçar, pois sonhei com isso minha vida toda. Por mais medo que eu tenha Dean, você é meu irmão. Vou lhe dar uma segunda chance."
Senti uma lágrima descer pelo meu rosto. Minhas pernas fraquejaram de novo, e eu quase cai. Mas ele me segurou.
Olhei em seu rosto. Dean também chorava.
"A partir de hoje, vou te segurar pra não cair. Não vou mais te derrubar." E então ele me abraçou.
Eu havia esperando anos por esse abraço, por esse momento e por essas palavras de desculpa.
Por hora pensei que ela nunca seriam reias, mas hoje elas foram. Eu estava com medo, a pesar de feliz.
Acho que ficamos abraçados por uns 15 minutos. Quando nos soltamos olhei para os meus avós. Minha avó chorava, e meu avô sorria. Eu também sorri e depois olhei para o resto do meu irmão de novo. E pela primeira vez em muitos anos eu não tive medo.
HEYY
ESSE CAP TÁ GIGANTE PRA CONDENSAR AS MINHAS DEMORAS.
Emocionante esse reencontro, não ?
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Pelo sorriso de um fantasma --> depois que ela se foi
De Todo"Após a morte de meg, todos ficamos muito abalados, mas seguimos nossas vidas. Continuávamos nos vendo, mas nao era a mesmo coisa sem ela. A Megan trazia uma sensação de bem estar, misturado com algo que nenhum de nós sabe explicar. Nós tomamos nos...