Prólogo

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A terceira torre que compunha o castelo rabisca o céu negro, com lampejos azulados, vermelhos e verdes que respingam desordenados pelas janelas quebradiças. O caos arrebata todos para a tensão. Brutas passadas ecoam pela escadaria em espiral que liga o térreo da torre ao ápice. Três homens destrancam um depósito no quarto nível. Um deles com um cetro, cravejados de símbolos e revestido por um dourado nobre, os outros dois ostentam um brasão circular com duas transversais e um "x" central, no ponto da encruzilhada um dragão interpõe o "x".

Os homens entram, na sala. O dialogo raso se restringe a posicionamentos e ofegos melancólicos. Quando pôr fim a sala se cala e o seu silêncio dá lugar a brados de ordem e desespero que parecem escalar as escadas com dificuldade e evadir os ouvidos de quem os ouve de tristeza.

Uma coluna de fogo se ergueu sob a segunda torre - atrás do depósito onde estavam -. O despedaçar do telhado da construção emitia um som arrastado de madeira sendo quebrada em toras, já o chamuscar do resto do telhado consumido era o único foco de iluminação que o depósito possuía.

A escada revelou os passos de alguém, com mais algum instante a maçaneta enferrujada girou solene e calma. A tensão duplicou o homem que havia se posto de pé, dando as costas a uma janela, ergueu seu cetro e o apontou a porta, já aberta.

Fechando a porta o homem que havia entrado, preferiu manter o capuz longo, costurado a sua capa que fronteirava no calcanhar. Vestindo um colete negro, assim como seu capuz e capa. Movimentou seu pé calçado com botas marrons no chão anunciando algo.

- Merlin, a paranoia o consumiu a ponto de esquecer-se de como negociar? – A voz aguda e irônica, cavou os ouvidos de Merlin, atiçando sua fúria.

Nenhuma reação, o cetro manteve-se apontado e os dois prováveis guardas, perduraram as palmas destras apontadas para o homem de vestes negras.

- Os Arcanos Negros podem derrubar pedra por pedra deste castelo, mas o Olho de Orion, permanecerá intacto. – Por fim se manifestou Merlin

- Nada foge de mim, Merlin, nem mesmo você.

O homem solavancou as duas mãos e a cada uma arrematou um lampejar, a palma canhota atracou fogo contra o mago a direita de Merlin, enquanto a destra acertou uma corrente elétrica contra o da direita.

- Algo a dizer, Oh Grande Mago.

- Não quero condolências.- Já exausto, largou o cetro e revelou as mãos atadas a sangue, que com certeza não era dele.

- Posso contar que você lutou até a morte, mas é mais vantajoso dizer que o Mestre da Magia, O Grande Mago se ajoelhou perante mim.

Já esboçando características mais frias do que quando entrara, ousara rabiscar um sorriso na pele pálida e desgastada. Abaixou a mão canhota e manteve a destra pendurada apontada a Merlin, forçou a pele que sobrava na testa e bradou enquanto desacorrentava um turbilhão avermelhado da face da mão.

- Sepucrum! – Gritou

Merlin fechou os olhos, e atou as duas mãos na frente do corpo, sua barba negra levitava no vento quente vindo das janelas. Conformado, jurou algo em baixa voz, e a parede atrás dele despencou, levando-o juntamente com as rochas.

O oráculo acorrentou os joelhos ao chão e o suor consumia seu pescoço e casaco, a boca desidratada exultava lábios cortados e apagados. Quando nem os joelhos puderam lhe sustentar caiu com a face contra o solo, entrando em desmaio e interceptando as visões.

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