The beginning.

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Quando uma amizade se transforma em amor?

É verdade que sempre tivemos uma conexão quase telepática. Às vezes chegava a ser assustador a sinergia com que nossas mentes trabalhavam, como se de alguma forma se completassem. Tia Clara até dizia que éramos irmãs gêmeas em alguma encarnação passada. Não que eu acreditasse nesse tipo de coisa.

Eram poucas as vezes em que divergíamos de ideias ou estávamos em lados contrários em discussões. Ah, mas quando acontecia, como diria mamãe Herlinda, salve-se quem puder. Não éramos pessoas consideradas intensas no nosso cotidiano, mas quando precisávamos defender as ideias nas quais acreditávamos, fazíamos com unhas e dentes. E isso apenas fazia com que tivéssemos a certeza de que havíamos escolhido a pessoa certa como melhor amiga.

Eu não sei o que fez as coisas começarem a tomar outros rumos, mas eu tinha 15 anos quando de fato percebi que algo tinha mudado e comecei a me sentir um pouco estranha perto dela.

Era normal as pessoas se perderem no infinito verde de seus olhos, mas de repente eu me tornei profissional nessa arte. Eu poderia ficar admirando pelo resto dos meus dias aquelas esferas delicadamente esculpidas pela genética, deus ou seja lá quem fosse o responsável.

Meu coração faltava saltar do meu peito quando ela me abraçava, ou deitava a cabeça no meu ombro, ou em qualquer momento em que pudesse se considerar que ela estava demasiadamente próxima de mim.

Em alguns dias eu procurava qualquer piada ou história idiota para contar, só para poder ver o seu sorriso. Sua voz rouca era como música para os meus ouvidos. Tudo soava tão mais bonito quando ela falava.

Eu queria passar o dia inteiro ao lado dela. O efeito que ela tinha sobre mim era inexplicável, e ela foi a primeira que me fez questionar minha própria sexualidade.

O mais engraçado era que existia reciprocidade, em algum nível. Eu sabia, eu podia perceber os sinais que seu corpo mandava, pela maneira como ela se comportava quando estava comigo. Se tem uma pessoa que eu posso decifrar apenas pelo olhar, essa pessoa é a Lauren.

Apesar de ambas sentirem que algo mudava, nenhuma tinha coragem de trazer o assunto à tona. Foi nessa época que começamos com uma prática em que nos tornamos experts: fingir que nada tinha acontecido.

A primeira vez que fizemos isso foi em 2012. Não me lembro exatamente em qual mês, mas na época eu já tinha 16 anos.

Decidimos ir para a casa de um colega da nossa sala depois de um baile da escola com algumas outras pessoas, entre eles nossos amigos mais próximos Jake, Alexa, Keana e Vero. Eu não estava muito afim, já sabendo que essas "festinhas", se assim podemos chamar, sempre são apenas um bando de crianças jogando verdade ou desafio – e eu odiava essa brincadeira. Mas Lauren insistiu, e acabou me convencendo. Ela tinha uma motivação a mais, já que estava afim do dono da casa, James. Eu, como melhor amiga, precisava dar meu apoio.

"Lauren, vamos ficar uma meia hora e depois vamos embora, ok?" Murmurei, enquanto observava nossos outros amigos caminharem animados à nossa frente. "Minha mãe vai me matar se aparecermos em casa muito tarde. Você sabe."

"Eu sei Lucy. Não vamos nos meter em problemas, fica tranquila." Lauren respondeu, entrelaçando seu braço no meu. "Agora vê se coloca um sorrisinho nesse rosto. Parece uma velha chata que não sabe se divertir." Ela me provocou, fazendo com que eu revirasse os olhos.

"Eu gosto de me divertir, esse é o problema. Eu tenho certeza que isso vai ser tão entediante que todos vão dormir no meio da 'festa'". Lhe dei meu melhor sorriso cínico, arrancando-lhe uma risada.

"Você é tão chata às vezes. Não sei porque ainda ando com você."

"Porque você não vive sem mim, óbvio."

When Friendship Turns Into Love - LaucyOnde histórias criam vida. Descubra agora