Freaks and Geeks

01

- Bom dia, Freaks! - Maya chegou, sentando ao lado de Zay e Lucas, no lugar de sempre. Embaixo das arquibancadas, onde ninguém se atrevia a ir, já que lá ficara conhecido como o lugar deles.

- Que bom humor é esse, Mayazinha? - Zay perguntou, sorrindo irônico. - A noite foi boa?

- Vai pro inferno, Babineaux. - a garota sorriu mais irônica ainda, mostrando o dedo. Virou - se para Lucas, que estava apenas observando - Falando em noite, o que vamos fazer hoje?

- Eu estava pensando em invadir uma das festas de Missy.

- De novo? Nós já fizemos isso semana passada. E na outra. Não nego que não canso de ver a cara de medo da patricinha mas é sempre a mesma coisa. - Maya respondeu revirando os olhos, entediada. 

- Ah, verdade. Se não aparecer nada melhor pra fazer vamos pra minha casa mesmo.

- O convite vale pra mim também ou os dois pombinhos querem ficar sozinhos? - a próxima coisa que Zay viu foi um pacote de absorventes indo em sua direção.

- QUE NOJO! - Zay gritou, um tanto quanto afinado. Lucas e Maya apenas riram.

- Desculpa, xuxu, foi a primeira coisa que eu achei na minha mala. - a menina piscou, sorrindo cruelmente, e se levantando devagar, em direção às salas de aula. 

- Você me paga, Hart. - assim que terminou de falar, o garoto pegou a mochila e saiu correndo atrás dela. 

Lucas, que fora deixado pra trás rindo, logo tratou de se levantar e ir atrás dos amigos. Não que o fato deles estarem realmente indo pra sala significasse alguma coisa. Todo mundo sabia que antes do horário do almoço eles já teriam matado pelo menos duas aulas e sido expulso de mais duas. Não que eles ligassem muito.

Enquanto isso, parada na calçada em frente ao colégio, Riley Matthews encarava os portões considerando as opções que tinha. Ela poderia: 1) sair correndo de volta até sua casa e se esconder embaixo da cama. 2) pegar carona com o primeiro que passasse e fugir da cidade, já que sabia que seria obrigada pelo seu pai a voltar no dia seguinte. 3) encarar o desafio e entrar na escola de uma vez. Antes que pudesse decidir o que fazer (ela estava bem mais inclinada a escolher a 1 ou talvez até a 2, do que a 3), seu pai chegou.

- Riley? O que está fazendo parada aí? - Cory Matthews perguntou, já sabendo a resposta que receberia.

- Ah, você sabe, eu estava admirando o dia lindo que está fazendo. Você já olhou pra cor do céu hoje?

- Riley, pra dentro da escola. Não me faça ligar pra Godzilla. Quer dizer, sua mãe. E não conte pra ela que eu falei isso.

-  Não, não precisa! Já estou entrando, viu? - ela disse, finalmente passando pelo portão da escola, em direção à algo que ela não fazia ideia onde daria. 

Assim que pôs os pés no chão do colégio, Riley se apavorou. Ela estudara sua vida inteira em um colégio pequeno e de repente se via num corredor repleto de pessoas. Para todos os lados que olhava, pareciam brotar pessoas de todos os lugares. Entrando e saindo das salas, na porta dos banheiros, encostados nos armários. Ela definitivamente não estava preparada pra lidar com tanta gente. 

"Vamos, Riley. Você consegue. É só procurar o seu armário e depois a sala de aula. Não precisa falar com nenhuma dessas pessoas que parecem ser aterrorizantes."

Tentando seguir o que estava pensando, a menina saiu a procura do armário 217. Quando finalmente achou, foi correndo aliviada até ali, querendo guardar suas coisas logo e se esconder num canto qualquer. O problema foi que, bem ao lado de seu armário, mais precisamente nos armários 218, 219 e 220, haviam três pessoas encostadas. Mas não encostadas de um jeito casual, conversando. Encostadas como se tivessem com medo do que quer que estivesse na frente deles. E assim que Riley percebeu o que estava acontecendo ali, ela não conseguiu se controlar. Antes que pudesse pensar claramente sobre o que fazer, ela já tinha se metido entre os três e o que estava ameaçando eles. Eram três meninos quase do tamanho de armários com jaquetas do time da escola e uma menina com um uniforme de líder de torcida.