Cap. Único

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          Foi numa noite de sábado que seus olhares se cruzaram pela primeira vez.

       Benjamin acabara de sair de um bar — onde se encontrava com alguns amigos — quando, por descuido ou falta de atenção, esbarrou-se numa pequenina moça de olhos negros.

Que olhos mas belos!  — foi o que ele pensou inicialmente.

      Já passava das nove horas da noite. Uma rua um pouco escura; pouco iluminada por falta de postes elétricos. Naquela viela, a única fonte de luz decente, vinha do céu azul marinho. A Lua, essa contribui bastante para tornar aquele momento mágico — pelo menos para o pobre Benjamin.

— Puta que pariu! Você por acaso está louco? — atacou a moça baixinha — Ou melhor, por algum acaso é cego?

      Ainda meio aéreo, respondeu Benjamin:

— Não... Ahn... Me desculpe, realmente não lhe vi! — exclamou vagamente enquanto, contemplava, vamos assim dizer, a moça de cabelos volumosos.

— Que seja! — disse enquanto rolava os olhos de modo impaciente — Agora saia da minha frente.

       Assim ela deixou Benjamin, que por sua vez, ficou parado vendo a moça sumir de seu campo de visão, ficando apenas com seus traços, e principalmente seus olhos, gravado na memória.



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     Lisandra caminhava apressadamente pelo condomínio onde morava. Eram 8h30 da manhã e ela estava consideravelmente atrasada, pois seu horário de entrada no trabalho era 7h30.

     Rumava distraidamente em direção à saída quando fora abordada pelo seu nada agradável vizinho.

— Bom dia, Lis! — saudou sorridente, chamando-a pelo apelido que lhe dara.

— Bom dia só se for pra você! — retrucou lançando-lhe um olhar nada amigo — E meu nome é LI-SAN-DRA... E sai da minha frente.

     E assim, retomou seu percurso, deixando um homem frustrado a lhe observar até que saísse de seu campo de visão.

      Sentindo-se incomodado pela grande decepção que sentira com a forma como foi tratado por Lisandra, ele segue para o seu apartamento, encontrando no caminho seu irmão mais velho, também condômino.

— Bom dia, maninho! — o saudou sorridente. Talvez fosse de família esse bom humor matinal.

— Bom dia! — lhe respondeu cabisbaixo.

— Ei, o que houve? — questionou preocupado.

— Nada demais... Bom, apenas o mau humor matinal da Lis. Mas já estou acostumado.

— Benjamin, meu irmão, quantas vezes terei que lhe mandar esquecer aquela garota rabugenta? Você não se cansa de ser rejeitado, não? — perguntou exasperado — Ela não lhe quer, Ben!

— Diga isso ao meu coração! — respondeu simplesmente, voltando a seguir seu caminho.

        Não só Miguel — irmão de Benjamin —, mas também todos os seus outros parentes — com exceção de sua mãe — e amigos, o aconselhavam a parar com as investidas em Lisandra ao vê-lo triste após levar cada “coice” da moça.

       A verdade é que o Benjamin era completamente apaixonado pela jovem baixinha de cachos rebeldes. Desde a noite em que ele esbarrou-se nela, jamais lhe esquecera. Após a jovem lhe deixar sozinho naquela viela, ele por sua vez, não conseguia ao menos mexer as pernas para poder sair do local. No momento ele não soube ao certo o que sucedera. Como explicar as batidas frenéticas de seu coração; as penas bambas; o arrepio que se propagou pelo seu corpo quando a pequena mão da garota lhe tocou o braço para que ele abrisse caminho?

Me conquisteOnde histórias criam vida. Descubra agora