Como já disse, meu pai era um cara jovem bonito, forte e tinha o sorriso mais lindo desse mundo. Pode ser que outros não pensem assim, mas é assim que lembro dele. Ele era um bom pai, enquanto viveu com minha mãe não nos deixou faltar nada, mas depois da separação ele se ausentou muito.
Ele demorava muito a ir nos visitar na casa dos meus avós e isso me deixava triste, mas eu não falava pra ninguém. Não queria que as pessoas ficassem julgando ele por não ir nos ver muitas vezes. Sei que ele teve alguns problemas com a bebida e com a nova namorada, encontrei ele algumas vezes bêbado e ele ficava dizendo que amava minha mãe e pedia pra eu convencer ela a voltar com ele. Porém eu tinha medo da volta deles, eu lembrava de quando ele batia nela e preferia que tudo continuasse como estava, mesmo com todo ciúme que eu sentia dos dois.
Eu sempre pedia pra ele deixar aquela mulher a qual não consigo nem pronunciar o nome até hoje. Mas ele sempre ria e desconversava, ele sabia mudar de assunto muito bem, era cheio de histórias e muito descolado e eu o amava muito.
No ano de 1998, eu recebi uma das piores notícias da minha vida. Eu estava deitada na sala assistindo TV quando minha tia chegou chorando e parou na minha frente, sem conseguir falar e eu me desesperei, eu perguntava o que tinha acontecido, eu sabia pela cara dela que não era nada de bom. Minha mãe não tinha chegado em casa ainda então eu pensei que algo tinha acontecido com ela. Daí minha tia falou a pior frase que já ouvi na vida:
- Mataram seu pai.
Sim, com essas palavras, no pior tom de voz que você possa imaginar, uma martelada no meu coração, aquela dor no estômago e as lágrimas de desespero percorrendo no rosto. Foi desta forma que eu recebi uma das notícias mais trágicas da minha vida. Eu não tinha chão, eu não tinha força, eu só tinha dor, eu era dor e nada mais.
Minha mãe chegou algumas horas depois e a reação dela foi desesperadora, hoje eu posso imaginar tudo que passou na cabeça dela naquele dia e não foi fácil pra nós. Eu não sabia se o que doía mais era a falta que meu pai ia fazer ou aquele sofrimento da minha mãe. Foram momentos de muita dor e eu me dispus a ficar do lado dela e acalentar um pouco.
A morte do pai me trouxe muita revoltada, foi uma morte boba e covarde, eu não estava preparada para aquele momento, mas na vida nunca estamos prontos pra perder. Eu questionava Deus constantemente sobre por que ele estava fazendo aquilo comigo, eu queria entender mas ele silenciou. Eu não entendia que Deus não é uma bola de cristal, você não vai ter repostas só passando a mão por cima da bola é preciso muito mais que perguntas no momento de desespero pra receber respostas.
Eu tinha 11 anos e uma dor imensa no peito, eu odiava o fato das pessoas me olharem com aquele olhar de pena, aquele olhar de "tadinha, ela perdeu o pai" isso me deixava com muita raiva. Não dava pra mudar isso e eu tinha que passar por isso, pra me tornar mais forte e estar preparada para o que ainda estava por vir.
Mesmo depois disso eu não duvidava da existência de Deus, mas eu comecei a duvidar do seu amor por mim, eu pensava que talvez Deus não me amasse, então ele estava me castigando por algo que eu tivesse feito. Eu não entendia o grande plano de Deus na minha vida, eu não imaginava quantos livramentos e provas de amor Deus me daria.
Mesmo depois disso eu continuei crendo e procurando saber mais sobre Deus, passei a procurar respostas que só encontrei anos depois.
Não deixe de ler os próximos capítulos, contarei mais sobre mim e sobre minha experiências com Deus.
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Por que eu acredito em Deus?
EspiritualEste livro é um pequeno resumo da minha história de vida, aqui compartilharei com vocês algumas fases da minha vida, contarei alguns segredos e direi como cada fase da minha vida me fez crer que Deus existe. Não tenho a intenção de iniciar nenhuma...