Eu disse que sempre quis acordar em um lugar diferente e quando isso aconteceu eu me senti aterrorizado, senti sem um lugar pra chamar de casa, toda aquela areia vermelha sem direção, tentando procurar pelos grandes portões sem sucesso. Eu começo a pensar no pior, penso em mortes ou em abandono.
- ALGUÉM AI? - grito tentando conseguir ouvir qualquer resposta mesmo temendo o encontro com os HaMavet, mas vamos pensar que isso seria impossível de acontecer, certo?
Vagar por toda essa areia em busca de vida é tedioso e solitário, nunca imaginei os exterior da muralha assim. Chutar pedras, olhar pro horizonte, pensar na minha possível morte sendo comido pelos HaMavet ou morrer de fome, isso parece uma rotina horrível, mas também parece o presente...
- Caverna...Uma caverna! Entrar nessa caverna é como entrar em casa, eu preciso dar um jeito de continuar vivo. Sentar e pensar é isso que eu devia fazer agora. - Me sento no chão e acabo pensando em tudo que poderia ter acontecido e pra onde todos poderiam ter ido. - A TEMPESTADE! Não podia ser mais obvio, certo? A tempestade anual, não aviamos nos preparado este ano. - Depois de me dar conta de tudo isso, percebo o quão perdido eu estou, será que ainda tem vida em Marte?
Já havia passado horas olhando pro teto dessa caverna fria sem nem um sinal de vida, a coloração escura pela falta de luz me cegava, seria impossível achar algo ali dentro, mas também o que teria ali?
Passos, passos bem rápidos podiam ser ouvidos no fundo da caverna que tinha um túnel, em seguida um grito de alguém mandando correr:
- Corre, CORRE! - Consegui agora enxergar uma coisa gigantesca e fofa correndo pra cima de mim já que não tinha outra escolha, corri com ele pra fora da caverna, como ele conseguiu me passar fui seguindo ele, vai que eu conseguia alguma explicação do que aconteceu realmente com todo mundo.
- EI, o que está acontecendo?! - Consegui gritar para a coisa mais a frente de mim, mas ela parecia não me ouvir - Me responda, do que estamos correndo?!
- Dos guardas do meu pai! - A coisa finalmente me respondeu.
- Eles já devem ter nos perdido de vista! - Fui parando de correr aos poucos, como a coisa que queria saber o que era. - Então, quem é você? - Pensei um pouco - Ou melhor, o que é você?
- Ok, isso foi meio rude da sua parte Malak atrevidinho. Eu sou um Ethan oras. - Respondeu dando uma risada estupida.
- E o que é um Ethan oras? - Respondi no mesmo tom.
- Nós somos os seres mais fortes de Marte, como não sabem quem somos? - Fiz uma cara confusa e ele continuou - Nosso raciocino rápido e carinhas fofas, os seres mais inteligentes do planeta? - Continuei com a expressão confusa e ele continuou outra vez - Ok que nós moramos nos tuneis, mas você devia nos conhecer Malak.
- Mas não conheço, não tenho o dever de conhecer vocês, parecem insignificantes. - Respondi
- Ah, nós insignificantes? E quem seria você pra nos chamar de insignificantes? - Disse caminhando para perto. Esse cara tá chegando muito perto.
- Uh, eu sou o Godther, o Malak com o raciocínio mais rápido! - Ele começou a rir mesmo?
- Pois não parece, Godther. - Esse cara só pode estar me zoando!
- Eu não quero mais falar com você! - Me virei de costas sentando no chão quente.
- Ah! Isso é tipo uma brincadeira? Quem fica menos sem falar? Ok, Godther. - Ele se sentou atrás de mim de costas pras minhas costas.
Esse cara só pode ser um castigo, fazer amigos nunca foi tão difícil como está sendo nesse dia.
