Capítulo 2

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Logo o vi se aproximar.

-Oi Mel, vim lhe desejar felicidades -disse ele com um meio sorriso.

-João! Senti tanto a sua falta! -disse o abraçando.

-Mel, vai amassar seu vestido! -Ana me repreendeu. Mas eu a ignorei.

-Eu também senti a sua, mas não podia me aproximar... -ele me soltou e deu de ombros, com uma feição triste.

-Eu sei -abaixei a cabeça, me sentindo mal com a culpa.

-Só quero que saiba que sempre estarei aqui para o que precisar!

-Obrigada! -o abracei novamente.

-Também quero que saiba que, apesar de ter que te ver com outro, eu sempre te amei e sempre vou te amar! Por isso quero que seja feliz, ainda que para isso, custe a minha felicidade -João sussurrou em meu ouvido, e perdi o chão, o mundo pareceu desabar sobre mim.

-Me desculpe! -foi tudo o que consegui dizer, e logo senti uma lágrima escorrer por meu rosto.

-Mel, já está na hora de você entrar! -Liz me chamou.

-Vá! Entre! -João me soltou e deu um sorriso triste, e colocou as mãos nos bolsos.

Me virei e encarei a porta da igreja.

Subi os degraus e logo a porta se abriu, a música começou a tocar e todos convidados se levantaram e me observaram sorrindo. Olhei para trás, João acenou e continuou me observando.

Entrei na igreja ainda com as palavras de João em minha mente. Comecei a caminhar lentamente em direção ao altar, olhei para Ricardo e ele sorria, forcei um sorriso, mas me vi perdida em pensamentos.

As memórias do tempo em que passei com João invadiram minha mente. Imediatamente me lembrei das palavras em que ele me escreveu um dia...

"Todo o tempo que passei com ela foi tão bom, cada dia, cada hora, cada segundo era único"

"Eu fazia todo o possível por ela, sem me importar com as consequências"...

Senti vontade de chorar enquanto mal ouvia o que o padre dizia.

-Está tudo bem? -Ricardo perguntou baixo, ao meu lado.

-Sim -respondi engolindo em seco.

E então olhei para trás devagar, e vi que João continuava lá parado, do lado de fora da igreja.

Me lembrei do tempo em que ainda éramos amigos e ele vivia me abraçando, agarrado à mim. Me lembrei do frio na barriga que senti quando ele falou comigo pela primeira vez, do primeiro selinho, do primeiro beijo... e do quanto fiquei pensando em como nossas bocas se encaixavam perfeitamente.

As lágrimas escorreram e eu limpei. Voltei a realidade e logo ouvi o padre me perguntar se eu aceitava Ricardo como meu marido.

Olhei para o padre, depois para João e para Ricardo. E então respondi.

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