Recordações

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02.12.18 - Sábado

  "Fazem exatamente dois anos desde que aquilo aconteceu. Fazem exatamente dois anos que aquela porta branca não reapareceu, não importa o quanto eu diga as tais palavras, a porta não irá abrir novamente."

Após escrever o meu diário que sempre que podia estava ali disposto a receber as minhas melancólicas palavras, levantei do velho sofá daquele porão empoeirado, andei em direção a escada que me levaria até a sala e por um instante hesitei em subir aqueles degraus.

Olhei novamente para o lugar em que a tal porta sempre aparecia quando eu a solicitava, toquei a parede como se a porta estivesse ali, refletindo a forte luz branca que me atraiu para um mundo o qual eu jamais imaginei que deixaria de existir, o mundo que eu admirava mas que se tornou um caos, o mundo em que morava a criatura a qual me deu alegria quando a minha única opção era chorar. Adeus, Sombra Dourada.

Neste dois anos, muitas coisas aconteceram, coisas boas, até. Sim, estou namorando com Henry, fazem alguns meses.

Meu relacionamento com meus pais melhorou e ainda continuo saindo com Erika e Tony, sinto que há algo entre os dois, mas, são apenas hipóteses. 

Meu aniversário de 16 anos será amanhã, Henry me disse que queria conversar algo de extrema importância comigo, confesso que tive uma certa insegurança sobre o assunto, tive algumas dúvidas se era realmente aquilo que ele queria me contar.

Dois anos atrás, neste mesmo dia, Henry disse que queria me contar uma coisa importante, mas eu o interrompi, e desde aquele acontecimento ele nunca mais tocara no assunto.

Ao entrar no meu quarto, o meu celular que estava em cima da minha cama começou a tocar, larguei meu diário encima de minha mesa, andei até a cama e atendi. Era Henry:

— Então, ansiosa para amanhã?

— Acho que sim, para onde vamos?

— É surpresa, já avisei a você, Lê!

— Tudo bem, mas...

— Ei! Não se assuste, só vamos passear por aí sem rumo, de mãos dadas.

— Sem rumo, Henry? — Ri levemente em relação ao comentário.

— Se você não quiser, tudo bem, ficamos em casa, e...

— Bobo, eu não disse que não queria.

— Então isso é um sim?!

— Eu te amo.

— Eu te odeio.

— Que falta de gosto. Bem, tenho que desligar, já são 8 da noite...

— Ainda é cedo...

— Henry!

— Tudo bem. Boa noite, linda moça.

— Boa noite...

Ao desligar o telefone, sentei na cama com meu coração acelerado. Linda moça. Sombra Dourada costumava chamar-me assim.

— Acalme-se, Leyla. — Pensei. — Isso lhe levará a nada.

Deitei na cama com a consciência cheia de pensamentos, todas as noites eu me perguntava insistentemente:

"Onde você está Sombra Dourada?"

Aquele Quarto Branco 2Onde histórias criam vida. Descubra agora