Chocolate.

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7 de Agosto. Um dia antes do aniversário de Lyna. Penso em fazer uma surpresa , mas o que Lyna gostaria ? Hm . Acho que sei bem !

"Eu : Ei Lyna , está aí ? (17:32)"

"Lyna : Oii :D , diga ? (17:37)"

"Eu : Tava pensando aqui , preciso ir lá no centro da cidade comprar algo pra minha mãe. Quer ir comigo ? (17:38)"

"Lyna : Ok , pode ser ! (17:39)"

Nos encontramos às 18:00 na praça aqui perto. Fomos andando até o centro da cidade. Foi bem legal conversamos bastante , e ainda evangelizamos um morador de rua ! Fizemos uma oração por ele. Isso me deixa leve , me deixa mais vivo. Não há coisa melhor do que falar de Cristo !
Andamos até uma loja de doces. Estávamos na outra calçada , nesse caso a Lyna não notou a loja. Eu estava com 15 reais no bolso , e minha intenção era gostosa !

Entramos na loja.

- O que veio comprar aqui ? - Indagou ela com um ar de curiosidade.

- Ah , minha mãe , ela...ela...ela gosta de doce , sabe , e eu...eu vim comprar doce para e-ela. - Falei. Nossa cara , nunca gaguejei tanto na vida.

- Porque tanto gaguejo numa frase ? - Disse ela rindo.

Achei um pacote de brigadeiro , pronto de 10kg ! Como estava em promoção , estava 17,50. Porém no meu bolso faltava. E eu sou péssimo em disfarçar , se eu pedisse à ela mais dois reais , acho que ela iria estranhar.

- Ei , é esse doce que minha mãe quer. Mas está faltando 1,50 , que maravilhas , tem como você ajudar ? - Falei meio tímido. Acho que ela não iria notar.

- Sim claro. Nossa , eu amo brigadeiro ! Sua mãe vai comer isso tudo sozinha ? - Indagou ela apontando para o Brigadeiro.

- Mas é claro que não ! Sempre estou com ela pra ajudar ! - Falei pegando o pacote , que era meio pesado. - E você vai me ajudar a carregar isso , para isso que amigos servem.

- Tá né. Mas eu mereço uma colher ! - Disse ela rindo.

- Nada mais justo. - Falei rindo.

Pagamos o brigadeiro , e fomos andando para casa trocando uma idéia. De fato quando se fica muito tempo segurando um peso , os braços cansam. Paramos algumas vezes no caminho , mas por fim estávamos perto. A casa dela vinha antes que a minha , então resolvi parar na casa dela. Afinal era ali que revelaria meu plano delicioso !
Entramos na casa dela , e sentei no banco com o brigadeiro no colo. Já estava de noite , e tive mais uma idéia.
Estávamos sentados lado a lado conversando , e a interrompi com minha idéia surpresa.

- Lyna , que tal pegar uma faca , duas colheres , e uma manta grande ? - Indaguei , olhando para ela com um tom de voz de quem queria inventar idéia.

- Para que Kato ? O que planeja enh ? - Disse ela rindo e cruzando os braços. Eu sei que no fundo ela queria.

- Bom , ao menos que você não queira comer brigadeiro , escutar música , e ver as estrelas comigo, não vá. - Disse eu "ameaçando-a"

- É o que ? Mas o brigadeiro não era para sua mãe ? - Disse ela surpresa , porém rindo.

- SURPRESA ! - Disse eu rindo. E ela riu juntamente. - E então ? Dá pra ser ?

- Ok , já volto. - Disse ela levantando e indo para dentro da casa.

-----°-----

O céu estava lindo e limpo como ele só. E a lua estava cheia. Fomos para o terraço dela que por sorte e obviamente não tinha telhado.
Ficamos deitados lá , escutando músicas , e comendo brigadeiro.

- Cara , que momento ótimo. - Disse ela deitada ao meu lado , olhando para o céu.

- De verdade. Posso dizer que uns dos melhores da minha vida. - Falei pensativo.

- Mas o céu nunca sai do lugar ! Você nunca passou por momentos como esse ? Eu já passei ! É sempre bom ! - Disse ela com um tom alegre. Por algum motivo meu coração batia forte.

- Não é por isso...é porque estou com você. E isso é ótimo. - Falei olhando para o céu. Ela olhou para mim , e depois olhou para o céu novamente.
E novamente aquele silêncio. Silêncio constrangedor.
Que eu sempre quebro.

- Gosto da lua. Não canso de dizer isso.

- Eu amo ela. Linda como ela sabe ser. Olho para ela e posso admirar a beleza , diferente do Sol que queima nossos olhos. - Disse ela rindo. Amo o riso dela. Eu ri juntamente. Peguei mais uma colher de brigadeiro. O pacote ainda estava cheio , e já comemos muito. Isso vai render , e muito.
Depois de muito papo trocado senti um pingo na testa. Iria cair uma tempestade em breve , já dava para ver as nuvens se formando.

- Ok , hora de entrar não acha ? - Falei olhando para ela rindo. Ela concordou. Pegamos tudo e descemos , mas não rápido o suficiente para a chuva nos molhar , e por acaso , chuvia muito.
Entramos encharcados debaixo da cobertura da porta principal da casa dela. E ficamos um de frente para o outro encostados na parede. E conversamos.

- Já são meia noite...acho que te devo algo. - Falei olhando para o relógio , e em seguida para ela.

- Também acho. - Disse ela cruzando os braços e olhando para cima. Eu a abracei rindo e desajando-lhe os parabéns. Continuamos abraçados e beijei a testa dela. E ainda abraçados olhei para os olhos dela que por sinal , eram lindos. Não faço mínima idéia do que me levou a fazer isso , foi um impulso , e em segundos senti os lábios dela. Estava a beijando. Escutei a porta destrancando e abrindo. Abri os olhos e olhei para o lado.

- Lyna , minha mã...- Era Luna. Eu olhei para ela , ela olhou para mim e em seguida olhou para Lyna , simplesmente bateu a porta.

- Fique aqui. - Disse Lyna.

Ela entrou e fechou a porta. Eu fui até o banco e sentei. O que eu fiz ? Eu queria , mas NÃO queria. Cada segundo se repassava na minha mente. Como sou curioso , e queria saber o que elas estavam falando , e fui até a porta escutar.

- Porque você fez isso Luna ? Você sabe que eu gosto dele , eu te avisei ! Porque ? - Era Luna dizendo. Ela gostava de mim ? Que surpresa , acho que nunca saberia disso.

- Eu sei Luna , eu...eu não conseguiria me afastar dele Luna , ele é meu amigo , e não quero nada com ele. Me perdoa. - Disse Lyna. Eu também não quero nada... Na verdade não sei o que quero.

- Ok Lyna , Ok - Disse Luna , mas obviamente não estava nada ok. Escutei passos na direção da porta , e rapidamente me sentei novamente.

- Melhor você ir Kato. - Disse Lyna seca. Seca , bem seca. - Leve seu brigadeiro , ok ? Vá com Deus. - Ela fechou a porta. Fiquei perplexo , não espero isso de pessoas próximas. Principalmente ela.

Cheguei em casa , e nenhuma mensagem dela. Simplesmente dormi , amanhã seria aniversário dela , e eu não queria aquele clima para amanhã. Queria tudo perfeito para ela.

Então me veio o maior medo de todos. Que por fato não era perder Lyna para a morte , e sim perde-lá para ela mesma , o medo da decisão dela. Perder Lyna , saber que ela ainda estava ali , e nunca mais seria a mesma coisa. Esse é meu medo. E isso nunca vai acontecer. Nunca vai. Nunca. Não vou perder Lyna. Nem para a morte nem para ninguém. E adormeci...

O Que Há De Ser , Será.Onde histórias criam vida. Descubra agora