CAPÍTULO XI - Prefiro Escutar

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Daqui para o fim do capítulo decidirei seu nome, pois agora falarei daquela que sempre está conosco, daquela que durante um grande e único momento de minha vida fez-me bem e mostrou-me o caminho para a serenidade - apesar de viver comigo até hoje, somente que em algum tempo ela me ensinou mais do que imaginaria -, quando nos momentos mais complicados e severos que tive com o mundo esteve comigo, ou quando quase caí para não levantar mais: a divina e magnífica MÚSICA.
    Meu pai é um homem clássico, lê livros clássicos, veste roupas clássicas, fala de um jeito clássico (continuo achando essa descrição clichê, parece que todo pai que está descrito em um livro faz as mesmas coisas, mas não vou mentir, ele é assim) e, acima de tudo, é grande apreciador da inigualável Música Popular. Só, e somente só, um doido, quer dizer um gênio, conseguiria por na letra de uma Música a palavra "escafandrista", quem sabe o que é escafandrista? (Eu sei, só para constar). Quem conhece a canção sabe de quem estou falando, mas quem não conhece, não se preocupe, pergunte a alguém que saiba, tenho certeza de que quem sabe sabe. Chico Buarque de Holanda é um grande letrista, tem significativa importância na Música de protesto e na própria MPB. Leitor, hei de apresentar-vos nomes de grandes artistas, anotem. Meu pai foi meu primeiro contato com a Música Popular. O que é extremamente interessante nas obras populares são as decorrentes variações musicais que elas se sujeitam, como por exemplo pegar um Bolero e transformar em Samba. Há um grande grupo brasileiro se Samba que tenho muito apreço, Demônios da Garôa, transformam toda Música em Samba, é genuíno.
    Por conseguinte, seria uma heresia contra ela se não falasse que seu gosto musical não me influenciou. Estou falando de quem um dia já disse que me odiava, que já disse que me amava, hoje estou eu aqui, falando dela, minha amiga C... H..., não hei de revelar seu nome agora, espere, leitor, a paciência é uma virtude, e cuidado com a expectativa, ela é como a esperança, existe somente quando há falta. Não se pode falar de Música sem que se cite quem as faz, ela me citava tudo que sabia e conhecia. Ainda bem que éramos sozinhos, não queria compartilhar a sua genialidade com ninguém, e garanto que ela achava o mesmo. Conheci muito de Música Clássica, Alternativa, Romântica, Country, dentre diversas. Eu amo isso, tudo isso.
    Todos nós tivemos aquela fase musical, não é? Não. Todo mundo gosta de música, como isso pode ser uma fase? Fase passa; nunca vi até hoje alguém que não goste de música. Se alguém que lê não gosta, me perdoe, mas você é do mal, você com certeza acorda feliz pela manhã, gosta de cebola e renega um suco de laranja.
    Não posso custar em dizer, que já me aventurei nesse mundo musical. Um apresentador e diretor de televisão formado em Filosofia, Antônio Abujamra, dizia que a Música é uma arte duvidosa; somente quem já se aventurou ou quem ainda se aventura no universo musical entenderá essa frase. Músico que é Músico é aquele que não está nunca satisfeito, sempre pode melhorar aqui, ali, acolá, "ah, bota um mi sustenido de minuto com baixo em lá bemol com nona e décima primeira aí que fica legal", são todos loucos, apesar da loucura ser um conceito histórico e tudo que eu disse são palavras e tudo que se emite pela voz são sons e tudo acontece porque está acontecendo e nada existe. Oxalá!
    Ainda estou a decidir o título. Ainda não me veio nenhuma epifania significativa para que emergisse de minha cabeça um título para este capítulo, obviamente, leitor, terás o livro com o título, mas como disse escrevo à maneira que me vem os pensamentos. Não sei se ponho uma frase da letra de uma música, talvez queira fazê-lo, não obstante ainda não me apareceu a epígrafe perfeita. O título "MÚSICA" é deveras clichê para mim. Há de ser uma frase que revele em entrelinhas o que o capítulo dirá como "Isso é Música para os meus ouvidos". ... ... ... ... ... ? .... !!!!! .... ?!? .. !.
Veja só! Eureka! Está aí o título perfeito!
    O título não merece explicação. Eu o escolhi justamente pela minha maneira apurada de ouvir e falar de Música; por conta disso, prefiro ouvi-la a escreve-la. Eis aí a explicação desnecessária.
    Lembrei-me de o livro "O Triste Fim de Policarpo Quaresma", Lima Barreto, onde o autor em enfadonhos parágrafos citava escritores e uma série de intelectuais que te faziam ir olhar paras as paredes, pois estas tinham cores. Farei algo parecido, conquanto não para que fujas do livro, leitor, somente no objetivo de levar-te para conhecer alguns Músicos que admiro nesse mundo de harmonias, garanto-te que se pulares este parágrafo não fará diferença nenhuma na história, dou-te esta liberdade. Tom Zé, Milton Nascimento, Cartola, Falcão, Emílio Santiago, Nelson Ned, Nelson Gonçalves, Jair Rodrigues, Nenhum de Nós, Elza Soares, Stravinsky, Wagner, Ravel, Glória Gaynor, Louis Armstrong e já chega.
    Meu envolvimento emocional com a Música é tão surpreendente que chego a pensar que amo-lhe mais do que quem eu realmente amo. Já compus; infelizmente, hoje peso, tenho perdido essa sensibilidade artística tão singular... me vejo hoje com sensibilidade de Poeta, não inferior àquela, estão em um mesmo patamar, um alto patamar, de responsabilidade e lindeza infinda.
    Mas veja só, já estamos nas beiradas de acabar o capítulo e não falo do bom e velho Rock N Roll, ou da importantíssima Bossa Nova, do inigualável Brega. Peno a limitação em que as palavras se impõem, este capítulo seria melhor se no lugar de palavras estivessem acessos à links musicais, a Música é superior a qualquer arte... A Música é a melhor forma de expressar qualquer coisa que o ser humano não consiga ver a olho nu.
    Somente para terminar com mil palavras: sempre que vejo a expressão "veja só" ligo automaticamente à "Veja só que tolice nós dois, brigarmos tanto assim por coisas tão banais", Altemar Dutra.

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