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Lost Stars

Sinto meus ombros fazendo movimentos de vai e vem e percebo estar me remexendo. Abro os olhos lentamente os espreitando para conseguir ver uma sombra de uma pessoa agachada na minha frente.

-Levanta! Vamos sair - disse baixinho se levantando e saindo da minha frente para que eu pudesse perceber ser Hoseok.

-O que você está fazendo aqui? - perguntei olhando para Hope e depois para a janela do meu quarto, onde se podia ver o céu azulado da noite iluminado apenas por estrelas e luzes fracas que saiam dos postes da rua.

- Vim te buscar? - falou em tom de sarcasmo.

De todas as coisas erradas da minha vida, Hobi era a mais errada e certa ao mesmo tempo. Não sei o por que de estar aqui, ou onde pretendia me levar. Mas agradeci a todos e por tudo por estar acontecendo.

Levantei meio cambaleante da cama e fui para o banheiro acendendo a luz e me fitando no espelho. Meu rosto chegava a parecer uma bola de basquete por causa do inchaço, meus olhos ainda mostrando tons avermelhados me entregando que havia chorado. Lavei o rosto em uma tentativa falha de tirar aqueles traços de lágrimas, mas não adianta, não há como esconder. No fundo não importava tanto pelo fato de a pessoa que viera me buscar era Hoseok, isso amenizava um pouco meu constrangimento. Tirei minha roupa e vesti uma qualquer que tinha pendurada atrás da porta.

- Onde hoje? - questionou com a boca cheia de barrinha de cereal e se levantando da cama.

- Ainda pergunta? Você é que sempre escolhe.

- Eu sei, só estou tentando parecer educado - falou posicionando os pés para fora da janela e eu ri - E pegue as chaves, vamos precisar da Petúnia.

- Não! Se minha mãe descobrir ela vai me matar! - eu mal pude terminar de falar e ele já tinha desaparecido do quarto. Resmunguei alguma coisa e desci as escadas lentamente.

Dei uma espiada na sala e apesar de ser de madrugada mamãe descansava no sofá com a TV ligada. Fui sorrateiro até a bancada da cozinha pegando as chaves do carro. E meu plano estava prestes a falhar no momento que voltaria ao quarto, quando eu virei e o gato estava na minha frente. Xinguei algo mentalmente e torci para que ele não começasse a miar. E assim ficamos, enquanto eu o encarava e ele me lançava um quase que olhar maléfico, como se fosse me denunciar a qualquer momento.

Até que se levantou e deu meia volta, subindo no sofá caramelo junto a mamãe em um pulo. Senti o alívio percorrer por meu corpo e soltei um suspiro. Voltei para o quarto em passos leves na escada de madeira, e com cuidado pulei a janela.

Hoseok me esperava sentado na calçada vestindo roupas completamente pretas, com um capuz no moletom. O capuz cobria um pouco do rosto e fazia uma certa sombra, mas ainda assim, não era assustador. Ele conseguia permanecer bonito daquele jeito misterioso.

Cheguei perto do alvo e ele me encarou por alguns segundos, provavelmente reparando nos traços agora mais visíveis por causa da luz de que eu havia chorado novamente. Porém não disse nada, apenas sorriu abertamente de modo acolhedor.

- Conseguiu? - perguntou animado.

- O gerente quase me denúncia - respondi entregando as chaves em suas mãos. Apesar de já ter 16, ainda não sei dirigir, então normalmente quem dirigi é Hoseok. Minha mãe presente me dar Petúnia - o carro escandalosamente barulhento e velho - quando eu tirar a carta com 17. O que me dá uma ponta de felicidade por não ter que sair por aí com ele.

- O velho Douglas é maléfico, já te disse isso. Até parece que aquele gato malvado te engana com o pelo branquinho e macio. - Falou se dirigindo ao carro, ri nasalado pela forma como Hobi chamou o gato.