Stephanie volta para casa depois de dois anos de fuga. Fuga do medo que sentiu quando descobriu que amava o amiguinho de infância; fuga da insegurança que sentiu quando se supôs traída; fuga dos sentimentos que eram maiores e mais fortes do que ela...
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"I walked across anemptyland
I knew the pathwaylike the back ofmyhand
I felt the earthbeneathmyfeet
Sat by the river, and it made me complete..."
Meus olhos estavam fechados e o som estava alto nos fones. Keane cantava só para mim e eu não conseguia sequer sentir a mais leve trepidação de voo; não conseguia sequer imaginar a quantos milhares de pés estávamos do chão... Eu apenas flutuava ao som se Somewhereonlyweknow...
Até que a música foi interrompida, para um comunicado que vinha da cabine de comando.
Depois de dois anos, eu já tinha quase esquecido como era bonito o céu no hemisfério Sul. Quando o comandante do voo nos cumprimentou pelo sistema de som, elogiando o belíssimo dia lá fora, eu abri os olhos e a persiana à minha esquerda. Acabei deixando escapar um "Oh, que lindo!" que acordou a passageira que estava ao meu lado.
O sol ainda vinha bem baixinho no horizonte, mas as nuvens alaranjadas que nos serviam de assoalho, enquanto cortávamos o céu, prometiam o mais lindo dia que aquela gente lá embaixo viveria naquela época tão festiva.
A semana entre o Natal e o Ano Novo sempre foi especial para mim. Eram as festas mais aguardadas do ano, e ainda tinha o aniversário dele, Dimitri, para completar as minhas comemorações. Mas dele, eu falo depois...
As festas de fim de ano acontecem no verão do hemisfério Sul. Nada de pinheiros com galhos pesados de neve; nada de lareiras acesas; nada de renas ou trenós. Santa Klaus, que aqui vira o Papai Noel, troca de roupa quando se aproxima da linha do Equador. Tira o gorro e as botas; veste um bermudão bem colorido e calça um confortável par de sandálias...
Eu já tinha me esquecido deste céu do Sul, que tem um azul mais claro do que aquele teto que se vê lá da metade Norte do mundo.
Apesar de estar chegando de Dubai, onde eu tinha concluído o meu último trabalho antes destas férias de fim de ano, eu já tinha esquecido como eram lindas as areias das praias do meu país. Já aqui de cima, quando a nossa altura de voo nos colocou abaixo das nuvens, poder rever o azul daquele mar infinito limitando a costa numa faixa de areia dourada, foi o suficiente para outra frase de espanto sair sem que eu controlasse a minha felicidade: "Que maravilha, meu Deus!".
A minha vizinha de viagem sorriu. "Que menina bobinha", deve ter pensado. "Deve ser a primeira vez que vem ao Brasil..."
Ao descer do avião, tive que guardar o casaco grosso que eu trazia nos ombros. Mesmo vindo dos Emirados, a noite num voo tão longo pode ser muito gelada.