Primeira Parte

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"Os deuses, Ares, Hermes, Apolo e Dionísio, todos cortejaram-na. Deméter rejeitou todos os seus dons e escondeu a filha longe da companhia dos deuses."

̶ Wikipédia


   Quando o primeiro choro de um deus era dado em seu nascimento, todos os demais sentiam uma nova energia a surgir. Suas essências se expandiam, formando uma aliança inquebrável, mas que ia se tornando tão comum para eles com o passar dos anos que apenas quando um novo deus surgia é que eles se viam capazes de sentir tal aliança novamente.

   Perséfone, filha de Zeus com sua irmã, Deméter, era a mais nova deusa do Olimpo. Seus cabelos eram finos e poucos ao nascer, da cor alaranjada do céu ao crepúsculo, uma parte do dia que tanto seu pai quanto sua mãe apreciavam, por ser esse o momento que ficavam juntos desde que o deus se casara com a deusa Métis. Ela possuía a mesma pela clara e brilhante que os demais deuses do Olimpo, deixando claro a sua descendência e seus olhos eram de um verde claro e brilhante, capaz de mostrar a sabedoria já contida em tal ser, apesar de tão novo.

   A jovem deusa foi criada por sua mãe no Olimpo, tendo pouco contato com o pai após este se casar novamente, desta vez com a deusa Hera. A nova esposa de Zeus era desconfiada e ciumenta, sendo a única capaz de deter o deus de arrumar mais filhos pelo Olimpo. Ainda assim, isto não o impedia completamente, principalmente quando este decidia visitar o mundo mortal. Hera era capaz de fazer qualquer um seu inimigo e o amor devoto de Zeus por sua esposa a tornava ainda mais ameaçadora quando esta desejava.

   Deméter, por outro lado, não via mais nenhuma necessidade de ter mais filhos com o irmão. Seu amor e devoção eram voltados para a pequena Perséfone, a luz de sua vida e seu motivo de sorrir. Onde se visse uma, a outra estava. Quando a pequena deusa nasceu, tamanha fora a alegria da deusa que os mortais tiveram mais colheitas e passavam por um período extremamente frutífero desde então.

   Deméter era a deusa da colheita. Quando seu humor não estava bom os mortais sofriam com terríveis problemas em suas plantações, porém quando a deusa estava feliz, eram incrivelmente abençoados e como agradecimento, queimavam uma parte do que colhiam para a deusa, como sua forma de holocausto. Isso não apenas deixava Deméter ainda mais feliz como a fortalecia.

   Desde pequena Perséfone mostrava o mesmo dom da mãe para a agricultura, porém seu dom era voltado para as flores e plantas específicas. Talvez por sempre estar junto da mãe este dom lhe foi consagrado, porém a cada ano que se passava, conforme a pequena deusa crescia, mais ela se mostrava encaixar naquele dom, naquele meio.

   Conforme crescia também, Perséfone se mostrava cada vez mais bela, chamando a atenção, já na tenra idade, de muitos deuses como Hermes, Ares, Dionísio e Apolo. Desta forma, ainda nova, recebeu a sua primeira inimiga no Olimpo. Afrodite via na pequena e jovem Perséfone uma concorrente para sua beleza e sedução ao observar como os demais deuses reagiam a sua presença. Os olhares na direção da jovem eram cobiçosos.

   Foi quando entrava na adolescência dos deuses que Hermes se tornou o primeiro a pedir-lhe sua mão para sua mãe. Deméter via em sua filha a mesma menina que carregara nos braços há tão pouco tempo, não conseguindo imaginá-la casada. Negando o pedido do deus, se viu satisfeita, mas por pouco tempo.

   Após o primeiro, muitos outros vieram com o mesmo pedido a mãe da jovem e desde já a cortejando nos jardins do Olimpo. Percebendo que a jovem se via encantada com algumas palavras proferidas por Ares, a mãe, em um ato desesperado, decidiu que era a hora de afastá-la da companhia dos demais deuses, com esperança de que assim eles a esquecessem.

Perséfone (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora