Lilás, a cor do nosso amor.

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Londres, oito de dezembro de 2016.

Querido Michael,

São exatamente 02:47 da manhã, e aqui estou eu, tentando colocar em palavras tudo que tenho dentro do peito.
Toda essa dor que há exatamente sete meses vem me corroendo.
Toda essa dor que me faz chorar todas as noites.
Toda essa dor que me faz gritar todas as noites.
Toda essa dor que me lembra do fato de não te ter mais aqui comigo.

Por quê? Por que você fez isso comigo, Mikey? Por que você me deixou? Por quê?

Você se lembra do dia que nós nos conhecemos? De quando nos vimos pela primeira vez?
Eu me lembro, como se fosse ontem.

Era uma terça-feira de verão na grande e velha Londres. Eu estava trabalhando, naquela pequena cafeteria que ficava um pouco afastada do centro. Para mim, era só mais um dia como qualquer outro, daqueles entediantes, que você chega em casa morto de fome, pega a coisa mais prática e rápida possível pra comer, e então se joga na frente do sofá para ver algum programa de TV. Até que você veio.

Você entrou na Julia's Coffe Shop com seus típicos coturnos e a jaqueta de couro. Aquela que você nunca tirava. Aquela que eu tanto gostava. Seus cabelos lilás me encantaram, já que era minha cor favorita. Você não se sentou em uma das mesas, e sim nos banquinhos que haviam no balcão, e então pediu um chocolate quente.

Foi naquele dia nós trocamos olhares pela primeira vez, trocamos sorrisos pela primeira vez – quando eu acidentalmente deixei o café transbordar na xícara já que estava te olhando, e também trocamos os números de telefone. Naquela mesma noite, você me ligou e me chamou para sair pela primeira vez. Foi naquele dia, que eu tive uma das noites mais engraçadas da minha vida.

Você me levou à um restaurante que um amigo seu, Calum, havia recomendado. O que ele não havia lhe contado, era que no restaurante era com tema de Drag Queens. Quando elas começaram a se apresentar, você ficou completamente sem reação, enquanto eu apenas ria do seu pequeno engano.

Naquela noite você se desculpou umas 150 vezes, por simplesmente ter arruinado o encontro que tinha intenção de ser romântico. Naquela noite, você me deu carona em sua moto até em casa. Também foi naquela noite que você me beijou pela primeira vez.

No segundo encontro, você me levou à um museu. No terceiro, você me levou até um parque de diversões. No quarto, eu te levei até a London Eye, pois você nunca havia ido. No quinto, fomos para sua casa e ficamos apenas trocando beijos e carícias. E assim, se passaram cinco meses.

Foram necessários cinco meses. 152 dias. 3.648 horas. 218.880 minutos para que eu me encontrasse perdidamente apaixonado por você. Pelo seu sorriso, pela sua voz, sua risada, pela cor de seus olhos verdes como esmeraldas, pela cor de sua boca vermelha como sangue, pelos seus cabelos que mudavam de cor. Mas também, perdidamente apaixonado pelo seu jeito. Apaixonado pelos seus defeitos. Apaixonado por suas ações, por sua maneira de pensar... Por cada mísero pedacinho em você Michael.

Sabe, eu também me apaixonei pelo jeito que tinha comigo. Apenas comigo. O jeito como me tocava. Como me beijava. Como me abraçava. Como me confortava. Como fazia eu sentir. Ah, sentir. Você foi o primeiro sabia? O primeiro que fez com que eu realmente sentisse. Você fez com que eu me sentisse amado. Fez com que eu me sentisse perfeito. Ao seu lado, tudo era perfeito, Michael. E agora não é mais. Você não está mais aqui.

Me perdoe se você encontrar manchas nessa folha de papel. Manchas causadas pelas lágrimas que eu estou derramando. Lágrimas como as que eu derramei todas as noites durante sete meses. Lágrimas de dor. Lágrimas de amor. Amor. Amor. Lágrimas por você, meu amor.

lilás, a cor do nosso amor // muke [oneshot]Onde histórias criam vida. Descubra agora