Capítulo II

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Batidas fortes na porta acordaram Andresa aos pulos. Em seguida, sentiu dores musculares fortíssimas. O dia anterior a havia desgastado por conta dos preparativos para a chegada do noivo da princesa Coretta. Havia pedido para Inês a deixar descansar um pouco mais e ela cedeu. Pensou se Inês mudara de ideia, ou se houvera tido imprevistos para precisar de mais servos no salão. Levantou-se desengonçada por conta da coluna e tentou se espreguiçar, porém soltou um gemido. Tudo doía. Ela então abriu a porta o mais breve possível, ficando paralisada em seguida.

Não conseguia assimilar que o príncipe Lorenzo estava diante da porta do seu quarto. Estava envergonhada por conta do trapo que ousava chamar de pijama, era um tecido fino e curto. Seu cabelo estava levemente bagunçado e olheiras profundas estavam sob seus olhos. O príncipe estampava indiferença, abriu a boca e fechou tentando dizer algo mas falhou. Então Andresa adquirindo coragem tomou a frente com a palavra.

- Perdão alteza, o que o trás aqui? - acabou saindo em um tom um pouco irônico.

- Se arrume. - disse simplesmente.

- Como? - ele deu de ombros e entrou no quarto sem mais delongas. - Alteza? - ela se sentiu desconfortável com a entrada do príncipe, mas o que faria?

- Minha irmã fugiu. - a garota arregalou os olhos um pouco assustada e confusa.

- Ora, os guardas já foram atrás dela? Precisam correr contra o tempo, o príncipe Enrico pode chegar a qualquer instante. - ela disse afobada e se perdendo nas palavras.

- Por isso, se arrume.

- Como? - ela parou por um instante e arqueou as sobrancelhas.

- Você irá procurá-la.

- Mas o que? - sua voz saiu um pouco fina e alta, dava a impressão de que tinha chegado a um grito. - e os guardas?

- Você irá. - ele já estava desdenhando e caminhando em círculos pelo pequeno quarto. - Você acha que aqueles guardas brutos irão trata-la como? Irão conversar e acalma-la? Irão força-la a vir. - pausou - se encontrarem ela...

- Mas por que eu?

- Você é uma mulher, você irá compreender o porque Coretta resolveu fugir, e quando te vi cavalgando pela primeira vez, parecia que vivia para aquilo.

Ela não sabia se sentia orgulho de si mesma com o elogio ou um desconforto por ter sido observada quando havia realizado o seu sonho. Não queria demonstrar espanto, então o encarou com indiferença.

- Isso já faz quase dois meses.

- Qual o problema?

"O problema é que eu não vivo a toa e posso sair aceitando qualquer pedido, estou com meu corpo tão dolorido que não sei como ainda estou de pé. O problema é que eu só montei uma vez em um cavalo. O problema é que não há certeza de que a princesa voltará comigo. E se eu não a encontrar? O que acontecerá comigo? Mas e se eu não aceitar? Sofrerei alguma punição por desobedecer seu príncipe? " pensou ela, mas não tinha tanta audácia para dizer algo do tipo ao Príncipe.

- Nenhum...

- Tome, trouxe um traje para isso. Rápido. - ele a entregou as roupas dobradas a Andresa e saiu do quarto.

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