Ele abriu o armário, pegou sua seringa de testosterona e injetou no seu braço. Depois, com todo cuidado, guardou-o de volta. Era aquilo que o fazia se sentir gente.
Ele foi praticamente ignorado quando se assumiu trans. Sua família continuou chamando-o de Ana Carolina. Continuaram usando pronome feminino. Até o censuravam por usar roupas masculinas.
Ele buscou o tratamento sozinho. Tirou tudo do bolso dele. E ele não ganhava muito.
Quando conseguiu um emprego melhor, foi ótimo. Finalmente pode sair de casa pra um conjugadinho. Não era o melhor lugar do mundo, mas o aluguel era pago por ele. Ali ninguém poderia negar sua identidade...
Porém, transicionar no trabalho era arriscado. Muitos o apoiaram mas ele reparava em olhares descomfiados e algumas vezes trocavam "sem querer" seu nome social pelo antigo. Ele estava com medo de uma demissão, então já arrumava uns bicos até encontrar outro lugar.
Só não imaginava que seria hoje.
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Rise - Amizades Lgbt
RandomLorena, Janaína, Gustavo e Mel tinham muito em comum: lutavam todos os dias contra o desejo de morrer...