End

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Senti mãos passearem sob minha coxa esquerda, enquanto ouvia palavras jogadas como sussurros.

- Você tem que ser forte, eu preciso que seja forte!

JongIn deslizava suavemente seus dedos por meu corpo enquanto eu apenas fingia ainda estar dormindo. Não queria acordar e ser torturada novamente, muito menos olhar em seus olhos castanhos que tanto me enviam medo.

- Tem algumas coisas que precisa saber... apenas continue a fingir e me deixe lhe explicar. - Senti o colchão ao meu lado afundar e seu corpo chegar um pouco mais perto. Continuei de olhos fechados, esperava que ele saísse em algum momento, para poder pensar em algum jeito de sair deste lugar que mal sei qual é.

- A historia que cresci ouvindo foi que o senhor Kim gostava de esbanjar sua riqueza com bebidas e mulheres mesmo estando casado com a Condesa da Romênia. Os boatos de suas bruxarias caminhavam pelas bocas dos cidadãos do vilarejo e as desonestidades do senhor Kim... também! Em 1564, uma camponesa - mais uma vitimas de seus encantos (ou não) - deu a luz a um menino, menino que foi amaldiçoado nas primeiras horas em que seu pulmão respirava o glorioso ar que nos engloba. A condesa estava extremamente fora de si quando praguejou uma das piores condenações para aquela criança, que graças as preocupações de seus pais, tiveram que fujir com o menino ainda tão pequeno. Em 1586 , o senhor Kim e seu filho, então com 22 anos, fundaram Samara e assim começou a transição. Naquele ano eu parei de envelhecer, naquele ano a maldição na qual fui praguejado se deu inicio. Por fim me tornei a criatura mais impetuosa da terra. Me tornei um híbrido!

Tenho que confessar que nesta hora já me encontrava jogada no chão com os olhos completamente arregalados. O choque foi tão grande que ao me levantar acabei indo de encontro ao chão! O que estava acontecendo? Ele estava brincando comigo, só pode. Essas coisas não acontecem, isso são só historias contadas a crianças desobedientes, sei lá. É impossível!

-Acha mesmo que sou tão tola assim? Quer justificar sua desordem mental com historinhas para dormir? Pelo amor de Deus, você é insano! Doente... monstro! - As palavras saiam com voracidade de minha boca, tremia com medo, tremia com o nervosismo sobre tudo aquilo.

-Deveria ter um pouco mais de respeito com os mais velhos, afinal eu tenho 452 anos querida! - Sorriu enquanto se levantava da cama e me estendia sua mão direita para que pudesse me levantar.

-O que você quer de mim? - Neguei sua ajuda e me arrastei a alguns passos para longe, já que o via se aproximar.

-"Tá", tudo bem, eu tenho que concordar com você. - revirou os olhos- Eu não sou muito bom da cabeça, mas ai que tá, você também não é! - franzi o senho, do que ele estava falando? - Cansei de ficar sozinho, brincar sozinho é chato demais. Daí você me aparece e me surpreende com sua destemidez e acaba me chamando atenção. - Ele então abaixou em minha frente e ficou bem próximo a mim - Estou cansado de prostitutas baratas... não posso pelo menos uma vez ter uma mais cara?

Não consegui me conter e acabei desferindo um tapa em seu rosto. Foi tudo muito rápido, quase não tive reação a sua atitude seguinte, apenas senti a pele de meu pescoço ser rasgada e uma dor pulsante atingir ao local. Realmente era impossível acreditar que o mesmo se deleitava com meu sangue.

Tentava me soltar, o empurrava de todas as maneiras, era absurda sua força. Ele me virou e eu acabei indo com o rosto de encontro ao chão. Senti o sangue escorrer por meu nariz e se alastrar no canto de minha boca. Fitei a porta, precisava sair dali.

Me arrastei em alguns passos, porém senti meus pés serem puxados de encontro a ele. Tentei me agarrar em algo mas só consegui sentir uma dor alastrante em meu dedos. Tentava me segurar quando minhas unhas acabaram se raspando no chão, situação que fez com que algumas caíssem apenas deixando- as em carne viva. Um grito ensurdecedor saiu de minha garganta, enquanto ele subia em cima de minhas nádegas, fazia um rabo de cavalo em meus cabelos e bebia meu sangue. Eu gritava, me debatia e o xingava. Isso não poderia acontecer de novo! Senti minha blusa ser rasgada na parte das costas mesmo, logo sendo virada. Pude encarar seus olhos, eles estavam com uma cor diferente, estavam avermelhados. Ele sorriu e eu fui proporcionada a ver uma das cenas mas macabras de minha vida. Ele tinha presas em sua boca e enquanto sorria pude ver um feixe de sangue escorrer, repousando em seu queixo.

Tente Viver, Corra! (Imagine Kai)Onde histórias criam vida. Descubra agora