"Tori!" aquela voz é me familiar, é a minha mãe.
"Sim mãe! Já vou" levanto-me da cama a muito custo, tomo um banho, faço a minha higiene pessoal, visto-me, ponho um pouco de eyeliner e blush e desço.
"Já estás pronta?" pergunta a minha mãe com os olhos em lágrimas
"Não precisas de chorar mãe, eu não me vou embora para sempre, eu vou só para a faculdade, podes me visitar sempre que quiseres" digo abraçando-a
"Eu sei, mas custa ver a minha única filha sair de casa e ficar fora durante tanto tempo" diz com uma voz triste.
"Eu venho-te cá visitar muitas vezes, não penses que te vês livre de mim tão cedo" digo e rio.
"Não sejas tonta, eu não te quero longe de mim" abraça-me, o abraço é reconfortante e eu sei que vou ter saudades, mas eu tenho que ir, tenho que tirar o curso e começar a trabalhar. A minha mãe abraça-me ainda com mais força e eu quase que nao consigo respirar.
"Mae..estás a esmagar-me" digo com voz de quem está quase a sufocar.
"Desculpa filha, é que eu vou ter muitas saudades" diz, ela larga-me e vejo que ela está a chorar.
"Eu tambem vou ter muitas saudades mãe, mas eu venho-te visitar e tu a mim, vai custar menos vais ver." digo confiante de que isso seja verdade.
"Eu sei, mas vá chega de lamechices, vamos é despacharmo-nos para que não chegues atrasada." diz, largando-me e limpando as minhas lágrimas e as dela.
"Sim vamos" pego nas minhas malas e despeço-me do meu pai que está na sala sentado na sua cadeira preferida a ler. Que boas memórias que tenho daquela cadeira, de quando o meu pai se sentava na mesma e me ponha ao seu colo a ler-me histórias quando eu era mais pequena. Tori, não penses nessas coisas porque se não ainda começas a chorar e borras a maquilhagem toda. Fui para o carro onde já se encontrava a minha mãe, pus as malas na bagageira e sentei-me ao lado dela, a viagem foi silenciosa até que chegamos ao campus, o sítio onde eu a partir deste dia ia passar a maior do meu tempo. Entrámos num edifício, na entrada tem uma secretária com uma senhora por detrás da mesma, a minha mãe dirige-se a ela, conversa com a senhora e passados uns minutos entrega-me a chave do quarto número 18.
"Espero que não tenhas uma colega de quarto cheia de tatuagens e tudo mais, não quero que te influencie a coisas más." diz a minha mãe enquanto eu abro a porta.
"Não sejas tão má mãe." digo e reviro os olhos.
"Eu não estou a ser má, estou a ser realista." diz, olho para trás e ela manda-me um sorriso falso.
Entro no quarto e vejo duas camas, uma em cada ponta, as paredes são pintadas de um branco calmo e a mobília é antiga, mas eu até gosto, como vejo que um lado do quarto tem fotografias na parede e malas no chão suponho que seja da minha colega de quarto, ela não parece ser muito desarrumada pois tem a cama feita e tudo no sítio. Eu odeio, mas odeio mesmo ver coisas desarrumadas e fora do sítio, nao sei porquê, simplesmente incomoda-me.
"Bem, parece que agora estas por tua conta" diz a minha mãe quase a chorar outra vez
"Não precisas de chorar, eu vou ficar bem e sabes que sempre que eu precisar de alguma coisa ligo." digo de forma a tentar consolá-la.
"Eu sei filha, mas pronto eu vou -me embora para que possas arranjar as tuas coisas e conheceres o campus" diz e abraça-me.
"Está bem mãe, boa viagem." digo mesmo sabendo que a viagem é de apenas 30 minutos visto que o campus nao é muito longe de minha casa.
"Adeus filha, porta-te bem." dá-me um beijo na testa e sai.
"Adeus mãe." digo antes de ela fechar a porta.