Chego à porta do seu quarto e penso duas vezes antes de bater à porta. Segundos depois a porta abre-se revelando alguém. Tori.
"O que estás aqui a fazer?" ela ataca assim que os nossos olhos se encontram.
"Podemos falar?" pergunto e coço a parte de trás do meu pescoço.
"Entra." ela fala e entro no quarto olhando em redor. Não se encontra ninguém no quarto e agradeço por isso.
"O que queres falar?" Tori pega numa mala e começa a encher a mesma com algumas das suas coisas.
"Vais embora?" pergunto e Tori põe um pequeno casaco dentro da mala.
"As férias estão quase a começar e vou passá-las fora." ela diz e olha para mim.
"Ainda falta uma semana." ela fecha a mala já feita e põe-a debaixo da cama.
"Estou só a arrumar o que não me faz falta." pega nas molduras que se encontram na pequena estante e põe-as numa outra mala.
"Harry, por favor, diz o que tens a dizer. Tenho aulas sabes?" ela fala interrompendo o silêncio constrangedor que se tinha instalado entre nós.
"Eu vou ser direto. Eu não te contei o que aconteceu porque não posso. Se eu pudesse dizia-te, mas ficarias em perigo e isso é a última coisa que eu quero. Por favor esquece o assunto." falo. Ela vira-se para trás e olha para mim.
"A tua definição de 'ser direto' é muito diferente da minha, porque para mim, ser direto é dizer a verdade de uma vez e não mentir novamente." ela estala.
"Eu estou a dizer a verdade! Porra Tori, é assim tão difícil acreditar em mim?!" grito e ando de um lado para o outro. Nervosismo é a única coisa que passa pelas minhas veias neste momento.
"Queres mesmo que eu acredite?! Oh espera, então...foste raptado por um homem que te obrigou a fazer coisas muito más e como tu não as fizeste ficaste com essas marcas nas costas?!" ela grita. Completa ironia na sua voz.
"Foi mais ou menos isso." digo e ela risse.
"Por favor Harry, achas que sou assim tão estúpida para acreditar numa coisa dessas?!" ela fala entre risos. Neste momento o nervosismo tornou-se em raiva e não sei se me vou conseguir controlar se ela se continuar a rir.
Merda! É tão difícil acreditar em mim?! Já lhe contei toda a verdade que ela queria saber e ainda se ri na minha cara?! Achei mesmo que ela ia compreender e acreditar em mim mas em vez disso aqui está ela, a rir-se que nem uma doida. Tu acreditavas? O meu subconsciente lembra-me e talvez com razão. Eu ia acreditar se alguém me dissesse que tinha sido obrigada a raptar crianças e por castigo de não o fazer levou porrada? Não, não ia, tal como ela não acredita. Não a posso culpar, é uma coisa absurda.
"Eu só quero que sejas feliz." falo suavemente e deposito-lhe um beijo na testa deixando-a confusa. Saio do quarto e vou até ao meu carro entrando no mesmo.
"Merda!" grito frustrado.
Tori pov's
Ele é tão estúpido! Primeiro mente-me e depois diz que só quer que eu seja feliz. Mas o que raio tem aquele rapaz na cabeça? Ainda nem consigo acreditar que ele pensou que me podia enganar. Sou assim tão ingénua?
Se ele pensava que eu ia cair tão facilmente no seu jogo sujo está muito enganado. Odeio-o! Odeio-o por pensar que eu sou tão ingénua para cair numa mentira daquelas. Odeio-o por me mentir. Odeio-o por o amar tanto!
Pego na minha mala e ponho-a ao ombro saindo do quarto. Vou até ao bar e compro um sumo e uma sandes para comer.
"Hey." uma voz fala por detrás de mim e viro-me para trás vendo o dono daquela voz.