Um Desconhecido em mim

Capítulo 3

‒ quem me dera ser dois para estar, agora, também, atrás de ti a dar-te ainda mais prazer.

‒ hmmm

A paixão continua imbatível.

O Desconhecido investe na responsabilidade profissional e agora nesta paixão romântica, sexual, química e cúmplice. Aumenta a autoestima, a vontade de lutar pelo que deseja e abre um sorriso em cada amanhecer.

"...aparentemente."

Joana afasta o Desconhecido sem entender, ou racionalizar, ao certo, o que a leva a rejeitar a relação.

Afasta por mera intuição.

Afasta por desconforto pessoal.

Ele é persistente, sem ser chato, tímido, respeitador, educado

e com pouco tempo disponível. Só intervém quando

sente convicção no resultado. Passa os dias a enviar mensagens

curtas, delicadas e doces. Responde sempre bem e ainda

com mais afeto quando ela não corresponde.

‒ gostava de conhecer uma casa de swing...

‒ hmmm...

‒ conheces?

‒ sim.

‒ que dizes irmos lá os dois?

‒ gosto de entrar neste assunto contigo. Adoro este restaurante,

o cheiro do mar faz-me bem, especialmente para descontrair.

Descontrair é fundamental para entrarmos em temas

sensíveis. Já percebeste que eu sou um pentadecágono

com múltiplas arestas?

‒ sim, gosto que te reveles aos poucos. Apaixona-me, ainda

mais.

‒ conheço o swing. Não dessa forma porque nunca frequentei

os bares.

‒ fui uma vez e estou curioso em explorar.

‒ entendo. Qual é o teu maior fetiche?

‒ envolver-me com duas mulheres.

‒ ehehehehe, claro. E não será esse o fetiche de todos os homens?

‒ e das mulheres, não?

‒ falo por mim: não. Estar com dois homens não é o meu

fetiche. Nem desejo. O meu ex-marido tinha essa vontade.

Não foi fácil deixá-lo à vontade para assumir tal desejo. Ainda

bem que o fez. Ajudou a descobrir-me também.

‒ engraçado... passamos a vida toda à procura de nós próprios.