jackie & wilson • hozier

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“Ela sopra do nada nesta vela do selvagem, rindo do meu disfarce fraco. Nenhuma outra versão de mim eu preferiria ser esta noite.” — Hozier.

~•~

Aquilo era mesmo real? Ele esperava profundamente que sim.

Embora tenha gemido preguiçosamente incontáveis vezes como negação em sua cama e repetido vários “nãos” a Nino pelo telefone, agora arrepende-se de tais atos. Não imaginara que aquela noite se tornaria tão especialmente intrínseca diante de sua patética vida — ele tinha de admitir.

Porém sentiu seu mundo desmanchar quando viu a figura de amarelo desnecessariamente chamativo banhada em jóias e 212 chamando seu nome repetitivamente ao ponto de sentir sua mente estourar. É claro, Chloé Bourgeous faria o seu máximo para mostrar ao mundo o mais perfeito namorado que se poderia ter, enfatizando sempre o pronome “meu” em qualquer frase relacionada.

Esse era o mais principal motivo de todo o esforço para evitar ir até aquele lugar, com aquelas pessoas tão fúteis de pura infâmia o rondando. Nunca concordara com a proporção da hipocrisia cravada na língua de todos.

“Um baile beneficente? Faça-nos um favor.” Foi o que pensara na primeira vez que recebeu o convite altamente detalhado com o mais imenso cuidado beirando a perfeição nas fontes e ornamentos dourados do papel. Mas não, Chloé teve que avisar seu pai, um prefeito ignorante para reforço. E no final há um homem de 25 anos sendo controlado como uma criança contra sua própria vontade. Onde estará a liberdade que tanto afirmam?

Com esses pensamentos martelando sua cabeça, apenas sorria falsamente para os diretores do evento respondendo o mínimo possível já que gastar sua saliva com eles era inútil. No entanto o que mais gritava dentro de si era: onde está ela?

Sempre que podia, varria sua visão pelo vasto salão em busca dela que aparentava ter sumido logo quando ele mais precisava. Suspirou em frustração ao notar que inúmeras mulheres trajavam vermelho, mas nenhuma se comparava à mais perfeita de todas elas. Nenhuma era ela.

Voltou o foco para o homem de Desmond Merrion que conversava com Chloé e procurou seu melhor sorriso postiço.

— Senhores, perdoem-me, irei apenas buscar uma dose de... — analisou o copo dele. — whisky. Já volto. — sorriu amarelo e saiu dali antes de qualquer resposta.

Não era uma desculpa afinal, ele precisava mesmo de uma bebida para tentar sobreviver até o final da noite. Conhecia a incrível capacidade de sua namorada numa festa do tipo.

Andou até o pequeno, porém completo bar que havia do outro lado do cômodo. Encostou os cotovelos no balcão e sentou-se na banqueta acolchoada.

— Old Parr, si'l vous plâit. — murmurou para o rapaz com um crachá escrito Jackie do outro lado que acenou a cabeça.

Observou-o despejar o líquido bronze no copo de cristal e de alguma forma encantou-se com a perspectiva. Sentiu como se fossem seus problemas aglomerados nas gotas de álcool, e de brinde um cubo de gelo para simbolizar a frieza da monotonia na qual vivia.

Puxou os lábios num sorriso amarelo e agradeceu a ele, logo pondo-se a olhar a vista bebericando o conteúdo do copo.

Não queria, mas dentre as, aproximadamente, cem pessoas apenas na sua visão periférica dali, podia contar todos — ou a maioria — os nomes dos mesmos. E então foi mais um nocaute pelo cúmulo de sua impetuosa vida. Mas não, aquela mulher que tirara toda a sua atenção no momento em que a viu parecia ser diferente, embora ele não soubesse como chegou à essa conclusão. Bem, pode ser pelo fato dela ser o único elemento a usar tênis numa festa de gala. Simples Vans pretos quase implícitos diante da longa cachoeira de seda escarlate que os escondia. Não havia contradição melhor.

Balaclava❌MiraculousOnde histórias criam vida. Descubra agora