Entrevistas

Gabriela Severo

Depois de circular pela vasta, intrincada e misteriosa Rússia com seu conto "Bonecas Russas" e se aventurar pelo mundo paranormal com "Um beijo e você morre", Gabriela Severo (@gabriela_severo) viaja até a França do século XV, em meio à sangrenta Guerra dos Cem Anos, para contar de forma cativante a vida de Joana d'Arc (1412-1431), guerreira que liderou os franceses no conflito contra os vizinhos ingleses e foi morta sob a acusação de feitiçaria. Joana foi canonizada pela Igreja Católica em 1920 e é a santa padroeira da França. Seu conto "A donzela de Orleans" foi o vencedor do concurso Mulheres Históricas, do perfil @FiccaoHistorica.

Apesar do tema épico e grandioso de seu conto, Gabu, como é conhecida, tem uma energia incrível tanto que, ao receber nosso contato para essa entrevista, pediu desculpas algumas vezes pela empolgação ao escrever demais [Ao que respondemos que escrever, querida Gabu, nunca é demais]. 

A autora revela que tem muitos livros preferidos, pois, segundo a própria, seu coração é grande. Todavia, ela cita um dentre esses tantos [na verdade, são doze]: a "Saga de Darren Shan", do escritor irlandês Darren O'Shaughnessy, que usa o pseudônimo de Darren Shan. Segundo Gabriela, trata-se de uma "série de livros infanto-juvenis lançada pela editora Rocco num tempo muitíssimo distante (2001)." "[...] adoraria ler outras coisas dele [Darren Shan]! Pena que essa foi sua única obra publicada aqui nas terrinhas do samba feat. futebol", disse. 

De início, ela entrou no Wattpad "apenas para ler fanfics de Breaking Bad", mas, com o transcorrer do tempo e conforme foi ficando mais íntima da plataforma, descobriu as histórias originais até que "a faísca de publicar algo próprio" começou a pipocar dentro dela e aqui está a dona Gabriela, que diz tratar os livros melhor do que trata os humanos [característica que a autora-que-vos-escreve compartilha com ela].

Quando você começou a escrever?
Comecei a escrever na época do finado Orkut. Olha, vou revelar algo vergonhoso (talvez nem tanto), mas passei grande parte da minha pré-adolescência escrevendo fanfics de Naruto e Harry Potter! Mas, bem, foi graças a isso que tomei gosto pela coisa.

Qual foi sua primeira obra publicada no Wattpad?
Minha primeira obra publicada no Wattpad foi "Bonecas Russas". A história ainda está disponível na plataforma pra quem quiser se deliciar com contos sobre um serial killer russo não tão simpático assim.

Em quais autores(as) você se inspira para escrever? Poderia indicar obras deles(as)?
Minha primeira e talvez única inspiração para começar a escrever e principalmente publicar no Wattpad foi a autora Maureen Heinrich. Ela tem livros incríveis dentro da plataforma, e grande parte do que escrevo foi inspirado nela (mas claro, tudo do meu jeitinho!). E bem, se eu pudesse indicar algo dela indicaria o livro "1995", que também ainda está na plataforma. Sério, é lindo!

"Donzela de Orleans" foi sua primeira incursão no mundo da ficção histórica? Como foi desenvolver algo do gênero?
Eu considero meu primeiro trabalho, Bonecas Russas, meio que uma ficção histórica. Nele, me utilizo de fatos históricos, nesse caso, certos detalhes da queda da dinastia Romanov [segunda e última dinastia do Império Russo - 1613-1971], e assim reescrevo de forma diferente, numa versão modernizada. Em "A Donzela de Orleans", o trabalho foi bem semelhante, muita pesquisa, e analisando um melhor jeito de criar uma história nova sem esquecer os fatos já ocorridos. E, claro, tomando o cuidado de deixar tudo mais interessante aos olhos do leitor!

Quais suas técnicas na hora de desenvolver uma narrativa com pano de fundo histórico?
Bem, vou confessar, eu não tenho lá muita técnica pra nada, haha! Mas falando sério, eu acho que o mais importante a se considerar quando se trabalha com ficção histórica é fazer com que sua narrativa não 'atropele' a história original. Durante o processo de escrita, tive muito medo de que, em algum ponto, eu começasse a inventar coisas demais e fugir da proposta original. Por isso, o que fiz, foi recontar de forma breve, e menos maçante do que nos livros de história do colégio, a vida da Joana.

Qual seu maior desafio na hora de escrever?
Escrever sobre a Joana d'Arc foi um baita desafio! Ela foi uma mulher incrível, mas tenho certeza de que muita gente só a conhece como a mulher francesa que se vestia de homem e foi queimada na fogueira pela inquisição. Então, pra resumir, acho que o meu maior desafio foi honrar o legado da Joana e mostrar pra quem ainda não conhecia, o quão forte ela era.

Por que escolheu Joana d'Arc como sua personagem no conto?
A princípio, eu havia escolhido falar sobre Anne Frank [1929-1945], que sempre foi uma jovem a qual eu admirei muito. Entretanto, durante as minhas pesquisas no pai dos desesperados, o Santo Google, acabei me deparando com Joana. Fui lá, li tudo sobre ela e o que mais me chamou atenção foi aquele lado meio "místico" que ela tinha. Ela mudou toda a história de uma país através das vozes e visões que ela tinha. Sério, como não amar essa mulher?

Na sua opinião, como o exemplo de coragem e liderança de Joana d'Arc pode inspirar a geração atual de mulheres?
Na verdade, acho que, se Joana vivesse nos dias atuais, ela estaria orgulhosa. Em cada uma de nós, mulheres, que dia-a-dia lutamos por nosso espaço dentro da sociedade, eu vejo o resquício de luta que se iniciou tempos atrás, lá com Joana e com muitas outras mulheres históricas. O legado de Joana vive até hoje.

Quais ficções históricas você recomenda para os leitores?
Que pergunta difícil! Tem muita ficção histórica boa no Wattpad (e fora dela também!). Mas acho que indicaria "A Samurai", da Cláudia Carminati (@ClaudiaCarminati). Afinal, eu sou a louca que adora uma história com briga de espadas! HAHAHA.

Para quem quer se aprofundar na história da Joana d'Arc, aqui vão duas dicas:

Filme: Joana d'Arc (1999) com Milla Jojovich no papel da heroína. Tem Dustin Hoffman, John Malkovich e Faye Dunaway no elenco.

Livro: "Joana d'Arc", do autor americano Mark Twain ou "A vida de Joana d'Arc", do gaúcho Érico Veríssimo.