Os olhos de Asher dizia tudo o que ele queria dizer a Lisa. Ela, no seu canto, tentava esconder a sua admiração por ele, mas era invadida pelo seu espírito de vaidade. Seus cabelos vagavam de um lado para o outro e suas pupilas dilatavam descompassadas.
Um silêncio permaneceu.
O bom garçom havia recolhido a gorjeta, após uma hora de ter passado o cartão de crédito de Asher, tentando por duas vezes consecutivas, até encontrar área para o novo aparelho. Depois disso os dois seguiram para a casa dela.
No caminho Lisa ficou imaginando o nome do perfume dele, uma fragrância de madeira exalando o ambiente. Se fosse uma noite limpa e quente, poderia ficar um pouco mais no restaurante, talvez ouviriam uma boa música e beberiam mais vinho. Ela levantou os olhos para ele. A luz do farol do outro carro que cruzara com eles, refletia a serenidade dele, e ele viu os olhos dela brilhando de alegria. O prazer que havia neles o contagiou. Eles compartilharam de um mesmo silêncio, suas mentes abraçando a solidão. Lentamente, sorriram num entendimento mútuo. Asher dirigiu até a casa dela com uma velocidade amena, apoiando uma das mãos nos ombros dela, a outra presa no volante e virando-se para passar a marcha.
Ela nunca havia levado um estranho para o seu reduto, mas o vinho causou-lhe uma inquietação fora do comum. Asher bateu a porta do carro e olhou para Brant, o cão peludo de Lisa. Ela abriu a porta e acendeu a luz e ele viu que estava num espaço feminino, totalmente organizado, bem diferente do apartamento que morava em Mahattan. Havia uma descrição da personalidade da proprietária ali; havia plantas penduradas do teto e em cachepots de pedra, diante das janelas, que iam do teto ao chão. Uma escultura de mármore abstrata, lembrando um pássaro voando, enchia um canto. Asher estava fascinado pelos detalhes. Ajudou Lisa tirar o casaco, depois pendurou os casacos deles em um cabide perto da porta, e reparando nas paredes cobertas de obras de arte, aproximou-se para observar uma gravura sem descrição do pintor. O artista queria ficar no anonimato ou seria a própria Lisa Peterson, pensou Asher. Talvez ela escondesse algum vestígio a mais de uma artista, fora que era muito boa nas palavras, dominando-as ao ponto de prender os que lessem, partilhando assim de suas experiências como autora e vivente de vários episódios. Ela era meiga e tinha o potencial de irar-se rapidamente. Era assim com seu gênio e com seus livros. Tanto que em pouco tempo havia virado uma best-seller e tomado conta do comércio de livros de todo o país. Foi o suficiente para Lisa ganhar sua independência financeira e ser alvo dos comentários dos tablóides, que insistiam em notificar além de sua vida profissional.
Asher parou em frente a um espelho perto da escada; parecia mais relaxado, menos enrugado do que estava na festa dos Morrison. Esfregou a mão na barba que começava a despontar. Sentiu que Lisa olhava novamente para ele, mas dessa vez ele não percebeu uma malícia em seu olhar. Ela havia saído do seu momento de êxtase. Enquanto Asher tentava absorver a essência do seu lar. Não era o apartamento confortável que ele esperava. Afinal, ela era sofisticada demais para viver do básico e sobreviver ao que aquilo lhe proporcionava. Com certeza ele esperava um apartamento mais decorado, com móveis planejados e uma linda moldura na sala, cobrindo toda a parede central, alguns vinhos e wiskers pendurados em um bar estacionado ao canto. Talvez aquele fosse um sonho de consumo dele e não o dela.
Lisa foi ríspida ao concentrar a sua atenção a Asher.
__Bem, eu vou ficar mais protegida agora. Está ficando tarde.
__Pensei que fôssemos beber mais um vinho, ouvir uma música?
__Não, Asher. Tenho que acordar mais cedo amanhã, como eu havia dito.
__Não acredito que esteja me dispensando, Lisa?
__Estou apenas separando as coisas entre nós dois--ela suspirou--Sei que você vai entender o meu lado, Asher.
Ele fitou-a nos olhos.
__Não quero entende-la.
Ela pegou o casaco dele no cabide e jogou nos braços dele.
__Amanhã nos veremos. Prometo ligar pela manhã e convidá-lo para um jantar especial. O que gosta de comer, Asher?
__Pensei que íriamos sair para jantar no próximo encontro?
__Prefiro que seja aqui. Você irá amar o meu tempero.
__Eu espero que sim--ele falou deixando o apartamento.
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Um Vinho Tinto, por favor!
RomanceElisa Peterson esbanjava riqueza e independência e vivia uma carreira fabulosa como uma escritora de sucesso. Mas com o fim do seu romance mais recente tinha fechado o seu coração para o amor...até conhecer Asher Coller. Em uma festa na casa dos Mor...