Compulsivo Sem Lei

Capítulo I.II - Tigre Noturno

Uma semana depois...

Passo boa parte do meu tempo afiando meu companheiro, o canivete. Acabei um dia por nomeá-lo de Tigre Noturno, todavia ele fez por merecer. Certa vez ele me disse que sem sangue morreria, logo fiz bem em alimentá-lo sempre que sentisse fome.

Fizemos morada na Rua Osório e junto escolhemos o 312. Ali pudemos montar nosso ninho, por vez estudar o nosso redor. O terceiro andar proporciona uma boa e privilegiada vista da Osório, claramente posso ver a rotina entediante de meus supostos vizinhos. Tenho que admitir, eles são bem corajosos de suportarem toda aquela chatisse.

Em meu armário encontram-se as minhas carteiras e as do Tigre Noturno. Ele normalmente traga uma ou uma e meia comigo nos dias em que se sente com fome, é aí que sei quando devo alimentá-lo.

-Ora, ora meu companheiro, você é insaciável mesmo. Camila foi um belo achado, seu vício por loiras me fascina.

-Ooooh Derik, sim, que belo sangue ela tinha. Que tal Blue West?

-Boa escolha, faz tempo que não tragamos este.

•12 de Agosto - Rua Osório

Dia 12 é o aniversário do Tigre, é quando presenteio ele com uma refeição extra e a sobremesa. Hoje deixei que ele fizesse minha barba, claramente nada muito caprichoso mas ele merecia.

Coloco meu sobretudo, um modesto chapéu e em meu bolso especial guardo o Tigre. São 20:10 e o céu está escuro, não faz muito tempo que estava claro. Logo apareceu um táxi, acenei e dei ao taxista minha rota segundo os desejos de meu amigo. Ele costuma ser bem claro no que quer e hoje por ser o dia dele não me incomodei em fazer o quê pede.

No caminho ele pediu um cigarro, o taxista impediu meu amigo de acendê-lo. Pobre coitado, errou com o Tigre. Meu companheiro não costuma perdoar quem atrapalha seus hábitos e este fora mais um pra sua extensa lista. Tenho pena do meu nobre amigo, ele detesta ter que derramar sangue impuro por causas fúteis, porém quando sua sede é demais ele acaba por fazer. O lado positivo disso tudo é que ficamos com o carro, ele pediu para que eu fosse seu motorista.

-Hey Derik, o quê pensa de uma ruiva?

-Eu adoraria, mas são raras.

-É uma data importante, não me faça pouco caso.

-É amigo. Você está certo.

•~♠~•

Rosa Ruiva

Venha...
Sorriso doce, doce jovem
Não se contenha

Eis que lhe digo, só vem...
Fogo no olhar
Ruivo quente que veio para incendiar

Sorriso doce, eis que me convém

Praça Trindade. Local adorável à noite. Minha sede hoje está mais insaciável; ele me prometeu uma refeição extra e a sobremesa, espero que cumpra.

Deixo o sobretudo abotoado, uso minha melhor e mais carismática máscara no sorriso e no olhar. Algumas buscas são cansativas, espero encontrar. Agosto é um mês relativamente frio, não o suficiente para tirar o movimento do centro.